Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

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Por Fernando Castilho
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Você colocaria dinheiro numa startups cujo negócio fosse cannabis?

O mercado de cannabidiol mundial deverá ultrapassar US$ 89 bilhões (R$ 477 bilhões) em receita até 2026.

Fernando Castilho
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Publicado em 11/10/2020 às 13:00 | Atualizado em 11/10/2020 às 13:19
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O uso recreativo da planta foi legalizado no estado norte-americano em 2012 - FOTO: Pixabay

Por Fernando Castilho da Coluna JC Negócios 

Um painel no 1º Festival Internacional Santista de Criatividade, Inovação e Sociedade, realizado online no dia 27 de setembro, chamou a atenção pelo tema: O cannabusiness – negócios associados à maconha.

Calma, não se tratou de nenhuma conversa das autoridades federais preocupadas com o narcotráfico. Nem uma avaliação de possíveis traficantes disfarçados querendo saber sobre as novas perspectivas a partir do crescimento do e-commerce pós pandemia.

Nada disso. A conversa mediado por Danilo Tavares, fundador da Zopp Criativa, com participações de Viviane Sedola, fundadora da startup Dr. Cannabis focada em terapia canabinoide ; Marcos Botelho, fundador e gestor da SuperJobs Venture Capital; e Fabrício Pamplona, neurocientista, empreendedor, e referência mundial no uso medicinal de derivados da Cannabis.

O ponto de partida dessa conversa de gente que se propõe a botar e energia criativa e dinheiro no potencial de negócio com maconha é o fato de que no mundo, 40 países autorizaram o uso medicinal, que movimenta uma indústria de US$ 62,7 bilhões; a estimativa é que ao menos milhões de brasileiros possam se beneficiar com remédios com canabinoides.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou este ano a venda, em farmácias, de remédios à base da Cannabis, entretanto, o cultivo para fins medicinais ainda permanece proibido.

Danilo Tavares abriu a conversa dizendo que a cannabis - capaz de produzir muitas disrupções sociais e econômicas no mundo moderno - embora represente uma força econômica promissora é vista como uma ameaça as estruturas dominantes conservadoras e patriarcais, gerando uma enorme campanha de ódio.

Ele lembrou que a maconha é uma planta medicinal milenar conhecida por diversos povos pelo mundo, da China aos Andes e que a proibição do cultivo e comercialização da maconha, só surgiu há menos de 100 anos.

Na verdade, a proibição da maconha foi iniciada nas décadas de 1930 e 1940 com o discurso de proteção da saúde pública quando havia fortes interesses norte-americanos com a indústria legal do tabaco.

Por uma dessas ironias, o mesmo discurso de proteção da saúde pública, é o que se vê atualmente, em muitos estudos e em muitas práticas, é que a cannabis tem resultados impactantes no tratamento de diversas doenças como câncer, dores crônicas, epilepsia, autismo, depressão, enxaqueca, transtorno de ansiedade, estresse, mal de Parkinson e Alzheimer.

O interesse medicinal da planta cannabis é o foco de uma crescente indústria de produtos derivados que a cada dia interessa a investidores de novos negócios especialmente os que podem conectar a tecnologia com a produção, distribuição e geração de valor nessa nova indústria.

O empresário Marcelo Grecco, co-fundador da The Green Hub , olha nessa direção. Ele está promovendo uma Chamada de Startups, desta vez, em parceria com a Merck, para encontrar, através da inovação e da criatividade, soluções para o mercado da cannabis na América Latina. As inscrições podem ser feitas até 13 de novembro, por meio do site: www.thegreenhub.com.br.

A TGH é uma aceleradora de startups. O inusitado é o seu interesse é em soluções criativas e inovadoras. Empreendedores e profissionais da ciência, saúde, tecnologia e outras áreas vinculadas ao negócios a base da cannabis. Ela também está promovendo o Demo Day, em dezembro, juntamente à segunda edição do Cannabis Thinking que sua companhia promove.

Segundo a THC é possível apostar em ao menos 9 startups fora do Brasil que investem no mercado de maconha e é por isso que ele deseja ter um ecossistema que possa atrair capitais especialmente agora que as taxas de remuneração financeira estão próximas de zero.

No site da THC (concidentemente as mesma letras que identificam o principio ativo da maconha Tetra Hidro Canabinol), o investidor pode achar startups curiosas como a MassRoots uma espécie de “Facebook”, para quem curte onda com mais de um milhão de usuários podem pesquisar sobre dispensários ou tipos de cannabis, publicar conteúdo relacionado e... encontrar parceiros para fumar. Detalhe. A empresa tem sede nos Estados Unidos.

A MassRoots não é a única rede social para os adeptos da erva, mas é a mais conhecida e a mais famosa. Em maio ela recebeu um Empréstimo de U$$ 50.000 no âmbito do Programa de Proteção ao Cheque de Pagamento (Ajuda e Segurança Econômica Coronavirus do Governo Trump), complementando os US$ 300.000 em financiamento ponte recentemente fechado pela MassRoots.

Aqui no Brasil, além de Marcelo Grecco, o empresário Marcos Botelho, lidera a SuperJobs um venture capital com foco em investimentos de alto impacto, cuja proposta é investir em pessoas diferenciadas e startups inovadoras que visam a transformar positivamente o mundo.

Sua empresa conta com 33 startups no portfólio, sendo 21 no Brasil e 12 no exterior via participação no fundo Babel Ventures, dos Estados Unidos entre elas a Dr. Cannabis – da empreendedora Viviane Sedola – que é uma das empresas nascidas dentro da SuperJobs Venture Capital.

Na percepção de Botelho, os investidores ainda estão receosos em investir em negócios ligados à Cannabis medicinal, pois muita gente confunde com o uso recreativo. Para ele o investidor precisa acreditar que esse panorama vai mudar à medida que sejam disseminados benefícios aos pacientes crônicos de doenças.

A Dr. Cannabis liderada pela empresária Viviane Sedola é uma distribuidora de produtos à base de cannabis e ajuda a pacientes que tenham autorização para compra e importação de produtos à base de extratos da cannabis no Brasil.

Outra startup do setor é a CannaPag, uma Fintech voltada ao mercado de Cannabis Medicinal, unindo soluções práticas e tecnologias que simplificam as operações financeiras entre os players desse mercado.

Desde a captura de recursos financeiros, ele se propõe a fazer o "empoeiramento dos clientes através das aplicações disponibilizadas", além de facilitar a gestão financeira dos nossos clientes. A CannaPag virou um banco digital que já opera no merca com contas de pessoa física e jurídica.

E tem também a TerraCannabis uma plataforma acesso ao canabidiol e outras formas de tratamentos naturais, linha de produtos ZERO THC com pelo menos 15 linhas de fabricantes certificados.

Como se pode observar, o negócio cannabis está cada vez mais ligado ao mercado internacional e cada vez mais levando investidores a se interessar por um tema que hoje está restrito às páginas policiais, mas que tem um foco medicinal ainda não dimensionado integralmente.

No ano passado, o relatório publicado pela Global Market Insights, Inc. mostrou que o tamanho do mercado de cannabidiol mundial deverá ultrapassar US$ 89 bilhões (R$ 477 bilhões) em receita até 2026.

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