A edição 2020 da revista Forbes trouxe uma lista de bilionários que, com exceção dos empresários Antônio Queiroz Galvão, falecido em 19 de janeiro último, fundador do grupo que leva o seu nome, e Paulo Sérgio Macedo, que lidera o Grupo Nordeste (Soservi), após ter vendido sua empresa de transportes de valores à espanhola Prosegur, são complemente desconhecidos dos pernambucanos.

A explicação é simples. A Forbes toma como referência o local de nascimento dos bilionários. Isso explica por que os irmãos Flávio, Elvio e Lisiane Gurgel Rocha, controladores do Grupo Guararapes e da rede Riachuelo, e donos de uma fortuna estimada em R$ 7,44 bilhões, aparecem na lista em Pernambuco.

O critério põe no Estado a controladora da Lojas Pernambucanas, Anita Louisa Regina Harley, dona da uma fortuna de R$ 1,85 bilhão.

O mesmo critério explica por que o empresário José Janguiê Diniz, controlador do Ser Educacional e dono de uma fortuna estimada em R$ 2,65 bilhões - cuja sede da companhia está no Recife - não está em Pernambuco.

Foi no Recife onde ele concluiu seus estudos e fez carreira como professor universitário e, a seguir, como empresário do ramo de educação, mas isso não faz com seja listado no Estado. Janguiê Diniz nasceu no distrito de Santana dos Garrotes, na Paraíba.

BILIONÁRIOS DO NORDESTE

No Nordeste, o Estado aonde os bilionários mais estão identificados como nativos é o Ceará. É a base dos filhos do empresário Francisco Ivens de Sá Dias Branco (Grupo M. Dias Branco), todos cearenses, que aparecem como proprietários de uma fortuna de R$ 12,15 bilhões, metade dela nas mãos da viúva de Ivens, Maria Consuelo Leão.

Assim como os empresários Candido Pinheiro Koren de Lima, controlador do Hapvida, e seus filhos Jorge Fontoura e Candido Júnior; Francisco Deusmar Francisco de Queiroz (Farmácias Pague Menos) e José Bezerra de Menezes Neto (Grupo J. Macedo) estão na lista no Estado onde fizeram fortuna.

Também estão na lista de bilionários cearenses Oto Brasil Sá Cavalcanti (maior acionista da Arco Educação), Mário Araújo Alencar Araripe (ex-dono da Troller e presidente da Casa dos Ventos, do setor e energia eólica), Carlos Francisco Jereissati (Oi Telecomunicações) e Everaldo Ferreira Telles (ex-fundador da Cachaça Ypioca, vendida Diageo, e hoje investidor em energia eólica).

GRUPO GUARARAPES E RIACHUELO

Mas o caso dos irmãos Rocha é certamente o mais curioso. É que os três nasceram no Recife quando o seu pai, o empresário Nevaldo Rocha, fundador e presidente do grupo Guararapes, falecido no último dia 17 de junho aos 91 anos, morou na capital pernambucana.

Nevaldo Rocha iniciou a trajetória em 1947, em Natal (RN), quando inaugurou, junto com o irmão Newton Rocha, uma loja de roupas, A Capital.

Em 1951, ele mudou-se com esposa Eliete Gurgel para o Recife, onde inaugurou uma pequena confecção e criou a rede de moda masculina Lojas Super G. Foram nesses anos que nasceram seus três filhos Elvio, Flávio e Lisiane.

Em 1956, quando fundou a Confecções Guararapes S.A., Rocha voltou ao seu Estado para liderar uma pequena fábrica de confecções no terreno aonde hoje existe o Shopping Midway, iniciando uma trajetória de sucesso que levou à companhia a rede varejista Riachuelo (adquirida em 1979), até que seu grupo abriu o capital no início dos anos 1970.

Nevaldo Rocha costumava lembrar que foi graças à Sudene e à expertise de um amigo pernambucano, Zito Souza Leão, que pôde voltar a ser empresário no seu Rio Grande do Norte.

Ele foi beneficiado pelo sistema de incentivos fiscais FINOR e pôde contar com ajuda do Banco do Nordeste, além do governador Tarcísio Maia, que lhe assegurou o terreno da Confecções Guararapes S.A., uma homenagem a Pernambuco.

Este ano, numa versão inédita e totalmente online, a Riachuelo foi eleita a marca de moda mais admirada pelos consumidores do índice IBEVAR - FIA 2020, além de estar juntos com Lojas Renner, Grupo Guararapes, Havan, Arezzo, Grupo Inditex, Inbrands e Lojas Avenida na categoria Moda e Esporte.