Por Fernando Castilho da Coluna JC Negócios
Dois anos após a aquisição de 80% das operações do Walmart US no Brasil, concluída em agosto de 2018; e um ano após lançar nova marca corporativa passando a se chamar “Grupo BIG”, o fundo de investimentos Advent Internationale, que controla as redes de hipermercados (BIG e BIG Bompreço), supermercados (Superbompreço, Nacional e Mercadorama); soft discount (TodoDia) além do atacarejo (Maxxi Atacado) e do clube de compras (Sam’s Club), está anunciando a entrada da companhia no mercado de ações.
Nessa segunda-feira (19/10), a companhia publicou o seu Prospecto Preliminar da Oferta Pública de Ações à Comissão de Valores Mobiliários com a proposta abrir o capital da empresa que, ano passado, faturou R$ 20 bilhões e este ano, até setembro, R$ 18,01 bilhões - com lucro líquido de R$ 3,06 bilhões obtendo uma margem líquida de 19,5% e revertendo um prejuízo R$ 80 milhões no mesmo período de 2019.
O anuncio de IPO do “Grupo BIG” surpreendeu o mercado pela proposta de ir ao mercado de Bolsa quando a maioria dos analistas previu que o objetivo do fundo era dar “uma geral” na companhia, pessimamente administrada pelo Walmart, que por anos acumulou prejuízos e raros lucros pelo fato de simplesmente não ter entendido o Brasil.
O Walmart tentou implantar sua cultura e suas marcas americanas, especialmente nas Regiões Nordeste e Sul, onde as 185 operações, da marca Bompreço, no Nordeste, e 135 operações da marca BIG, no Sul, tinham forte aderência no mercado local e que, de certa forma, rechaçaram a marca líder varejista dos Estados Unidos.
Por anos, o Walmart tentou consolidar sua marca no Brasil até que desistiu e propôs a venda das operações adquiridas pelo Advent Internationale. O fundo, entretanto, chegou com uma postura bem mais modesta e ouvindo a comunidade local para orientar suas operações.
O que o Walmart não entendeu foi uma coisa básica do marketing. Bompreço, no Nordeste, e BIG, no Sul, tinham virado substantivo pela identidade que os grupos dos antigos controladores (JCPM e Sonae) transformarem as marcas em referência.
Sem perceber que no Brasil o Walmart seria sempre sobrenome, a rede americana saiu do mercado embora ainda tenha ficado com 18,86% do capital da companhia e o Advent Internationale, com 81,14%.
O BIG está presente em 18 estados e no Distrito Federal, com uma rede de presença nacional de 389 lojas espalhadas por 181 cidades, empregando mais de 50 mil pessoas. A empresa adotou um modelo de negócio e comando onde 7 de 11 diretores têm responsabilidade direta com o negócio e com os clientes.
Este ano, em nove meses findo em 30 de setembro de 2020, realizou 127 milhões de transações em todas as nossas lojas, sendo aproximadamente 80% em categorias consideradas de alta frequência.
Na área fiscal, a Companhia voltou a gerar lucro e pode aproveitar os créditos de ICMS, que totalizaram R$ 2.543 milhões acumulados, principalmente, por transporte interestadual de mercadorias no passado.
O BIG é proprietário de 184 imóveis, avaliados em R$ 6,5 bilhões E, em menos de um ano, a companhia voltou a ser bem-sucedida na reformulação e conversão de lojas, transformando o Grupo BIG em uma empresa geradora de caixa e rentável. Em setembro de 2020 já tinha 93 hipermercados reformados e 7 convertidos em Maxxi ou Sam’s Clubs.
A proposta do BIG é captar recursos para ampliar sua rede atual de 389 lojas das quais 101 são hipermercados e 46 em atacarejos tipo de lojas que pretende ampliar para concorrer diretamente com Assaí (Pão de Açúcar) e Atacadão (Carrefour), um segmento que cada vez mais acumula vendas no Brasil.
O prospecto também destaca a plataforma diversa de serviços financeiros Hipercard com grande número de contas ativas, com 3,4 milhões de clientes e largo portfólio de crédito, com mais de R$11,2 bilhões, ambos em 31 de dezembro de 2019 em parceria com o Itaú Unibanco S.A.
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