Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

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Por Fernando Castilho
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Fim do ano chega sem cimento e consumidor terá que esperar até janeiro para fazer reforma

Um terço dos fornos das cimenteira do País precisou ser deligado devido a inexistência de pedidos durante a covid-19. Isso reduziu drasticamente a capacidade de entrega.

Fernando Castilho
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Publicado em 24/10/2020 às 17:40 | Atualizado em 24/10/2020 às 18:33
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Em nove meses, o mercado de cimento cresceu 9,4% e o o mercado só ajusta a produção a partir de 2021. - FOTO: DIVULGAÇÃO/SEFAZ

Por Fernando Castilho da Coluna JC Negócios

No país que passou quase três meses sem assentar um tijolo, devido à paralisação da economia, o início da liberação das atividades levou para o armazém de construção milhões de consumidores querendo comprar cimento, tijolo, telha, todo material de construção pagando à vista ou com parte do dinheiro do auxílio emergencial.

Não deu outra. Para um mercado ávido por cimento, não tinha produção. Nem vai ter. Ao menos até janeiro, quando os fornos terão sido religados. Até lá, a fábrica não entregará o pedido completo, o preço vai subir e o consumidor terá que esperar. O cimento que o mercado precisa, só depois do Ano Novo.

Foi gente demais, pedido demais e pressa demais para a entrega. Não funcionou. Pouca gente sabe, mas quase um terço dos fornos de cimenteira do País precisou ser deligado devido a inexistência de pedidos. Isso reduziu drasticamente a capacidade de entrega.

Na indústria cimenteira, desligar um forno é coisa feita com anos de planejamento. Esfriar um forno que trabalha a 1.460 graus quer dizer perder todo o revestimento de tijolos refratários.

É preciso esperar esfriar, retirar o material, recolocar um novo e esperar reaquecer de novo. Imagina ter que fazer por falta de freguês?

Religar um forno cimenteiro custa caro e leva ao menos 150 dias. Em nove meses, o mercado cresceu 9,4%, o que já seria um problema se os fornos estivessem ligados.

Eduardo Moraes, diretor para o Nordeste da Associação Brasileira de Cimento Portland, diz que o mercado só ajusta a produção a partir de 2021. Isso não estava nos planos de nenhuma empresa.

Mais de 70% do preço do cimento é energia elétrica e, segundo ele, a covid-19 fez as cimenteiras desligarem seus fornos, um após o outro a partir de abril, para reduzir custos e o prejuízo. Voltar levará tempo.

Para quem achou caro o preço do saco de cimento de 25 ou de 50 quilos, é bom saber que está pior para quem precisa de caminhões para o processamento de toda uma linha de itens para a construção, como as empresas que fabricam tijolos intertravados, peças para obras públicas e a linha de blocos pré-moldados.

Renata Galdêncio, Diretora da Concrepoxi Artefatos, tem lista de espera de seus produtos feitos na fábrica do Cabo, mas está na lista das duas cimenteiras que atendem ao setor em Pernambuco.

Segundo ela, sua companhia está operando a 50% da capacidade por falta de cimento, enquanto administra uma demanda de 200% dos clientes estressados com a lentidão de suas obras.

Com uma planta altamente automatizada e com matéria prima, ela poderia estar produzindo a plena carga, sete dias por semana. Mas sem cimento, a indústria de intertravados funciona em três.

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