Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
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Balança comercial

Cingapura se torna a maior compradora de Pernambuco

Apesar de ter registrado um pequeno crescimento de 3,5% nas exportações até outubro, Pernambuco seguiu a tendência nacional e teve retração no saldo da balança comercial, em 29,1%

Leonardo Spinelli
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Publicado em 17/11/2020 às 13:07
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EC - FOTO: MF
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Apesar de ter registrado um pequeno crescimento de 3,5% nas exportações até outubro, Pernambuco seguiu a tendência nacional e teve retração no saldo da balança comercial, em 29,1%. Os dados foram compilados e divulgados pela Federação das Indústrias do Estado (Fiepe).

Parte do movimento de alta nas exportações do Estado esse ano é devido à Cingapura, cidade-estado asiática considerada um centro financeiro mundial. Mas as vendas de Pernambuco têm pouco a ver com finanças e muito com a preocupação do mercado de Cingapura com a qualidade do combustível que os traders e financistas de lá usam em seus carros.

A cidade-estado se transformou na maior compradora de Pernambuco apenas com as encomendas de combustível com baixo teor de enxofre. No somatório de 2020, a Refinaria Abre e Lima vendeu US$ 298,2 milhões do produto para Cingapura, duas vezes mais que o consumido em 2019. O volume de vendas da refinaria superou os US$ 181,4 milhões de carros exportados pela fábrica da Fiat à Argentina.

No Nordeste, o Estado é o quarto maior exportador, atrás de Bahia, Maranhão e Ceará, e o segundo maior importador, atrás da Bahia. Bens de consumo, que incluem de alimentos a carros, são os principais itens de exportação.

2020

Enquanto a economia da Bahia é muito maior que a de Pernambuco, o Maranhão é um grande estado exportador de minério. No comparativo com o Ceará, há uma competição, já que aquele estado vem dando um foco diferenciado a suas exportações. "O industrial de Pernambuco precisa desenvolver a cultura exportadora", diz o gerente de Relações Industriais da Fiepe, Maurício Laranjeira. "Pernambuco por estar no centro do Nordeste sempre olhou muito para dentro, mas o Ceará está olhando para fora. Mas muito das vendas deles estão concentradas em chapas de aço, um investimento coreano", diz. No caso das importações, Pernambuco se destaca por ter o Porto de Suape e alguns benefícios fiscais.

"A gente começou o ano bem, parecia que ia voltar a ter um cenário diferenciado em Pernambuco, mas, com a pandemia, começou a cair, mas não caiu tanto. No somatório teve um crescimento em relação ao ano passado, 3,5% não é tão expressivo mas é um crescimento", salienta Maurício Laranjeira. "No período de 2017/2018 Pernambuco chegou a exportar US$ 2 bilhões, mas em 2019 começou a cair", disse.

No ano o Estado já exportou, no total, US$ 1,2 bilhões, importou US$ 2,7 bilhões, o que representa uma transação corrente de US$ 3,9 bilhões e um saldo da balança comercial negativo em US$ 1,5 bilhão.


A importação de bens de capital cresceu 33,3% no acumulado do ano (US$ 197 milhões), mostrando que a indústria está investindo em produção. Os dados foram compilados pela Fiepe.

Nas exportações chama atenção o crescimento de 4.593% no mês de "outro álcool etílico não desnaturado". Saiu de uma participação de 1,4% da pauta em 2018 para 4%. Trata-se da movimentação da fábrica da Pitú no mercado externo. 

No plano nacional, a análise desagregada dos fluxos de comércio mostra algumas novidades no mês de outubro, tal como alguns sinais de melhora nas exportações da indústria de transformação associado ao aumento de vendas de açúcar, aeronaves e automóveis, entre outros produtos. No caso do setor automotivo (veículos e peças) destaca-se o aumento, em valor, de 23% das exportações para a Argentina entre os meses de outubro de 2019/2020. Em adição, chama atenção o crescimento no volume total exportado em 20,9% para o vizinho, onde mais de 90% da pauta é composta de produtos da indústria de transformação.

Apesar dessa melhora em relação às exportações para a Argentina, o movimento ainda não chegou a repercutir em Pernambuco. O país vizinho é o segundo maior parceiro comercial do Estado. De acordo com os números compilados pela Fiepe, em outubro ainda houve uma redução das exportações de 37,8% em relação ao mesmo mês do ano passado, um total de US$ 18,2 milhões.

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FCA Das vagas no curso de Ciência de Dados, 4 serão para funcionários - REUTERS/WASHINGTON ALVES

No ano , automóveis, principal produto exportado para os argentinos registra queda de 29% em relação a 2019 em automóveis de até seis passageiro. No entanto, houve uma recuperação em outras linhas de automóveis de carga em 16%. A fábrica da Fiat exportou esse ano US$ 181,4 milhões para lá. "A Argentina está no lockdown pesado e a economia fragilizada. Pode ser até um acúmulo de vários meses sem comprar, aí fazem esse movimento para suprir a demanda reprimida", comentou Laranjeiras da Fiepe.

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Em algumas linhas de automóveis da FCA houve uma recuperação das vendas exteriores em 16% - FOTO:REUTERS/WASHINGTON ALVES

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