Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

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Por Fernando Castilho
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Saúde

Pernambucanos tomam mais refrigerante e malham menos que a média nacional

Como consequência, a hipertensão é a doença crônica não transmissível que mais atinge a população do Estado, segundo Pesquisa Nacional de SAúde (PNS) 2019 do IBGE

Leonardo Spinelli
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Leonardo Spinelli
Publicado em 18/11/2020 às 11:43 | Atualizado em 18/11/2020 às 17:41
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715 mil pernambucanos com mais de 18 anos fumam diariamente 11 cigarros por dia em média - FOTO: Foto: Fotos Públicas

Matéria atualizada às 17h40

Os pernambucanos são os maiores consumidores de refrigerantes e alimentos ultraprocessados do Nordeste e fazem menos exercícios físicos que a média do brasileiro. Como consequência, a hipertensão é a doença crônica não transmissível que mais atinge a população do Estado. As informações são da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019 divulgadas hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento foi feito pelo IBGE, em convênio com o Ministério da Saúde, entre 26 de agosto de 2019 e 13 de março de 2020.

Em 2019, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), Pernambuco tinha 4 milhões e 191 mil pessoas com 18 anos ou mais de idade. Desse total, 7,3% tomavam refrigerante cinco ou mais vezes por semana, contra 5,2% da média regional. No Brasil, o índice é de 9,2%.

De acordo com o nutrólogo Diego Pascaretta, o alto consumo do produto traz riscos para a saúde. A concentração de açúcar nos refrigerantes pode até mesmo levar a diabetes, já que alguns dos adoçantes presentes na bebida são capazes de desregular o organismo. “Também é preciso ter cuidado com as substituições, já que alguns tipos de refrigerante que não contém açúcar possuem aditivos considerados cancerígenos”, ressalta.

O médico destaca ainda que o produto possui calorias vazias. “Ele não possui nutrientes, então você tem um alto consumo de calorias sem valor nutricional algum”, afirma. Outro perigo imediato dos refrigerantes está no alto teor de sódio. “Os níveis de sódio presentes nele são maiores do que os do sangue, então ele pode causar desidratação. A pessoa consome para matar a sede mas acaba sentindo uma ainda maior logo depois de ingerir o refrigerante”, observa.

No Nordeste, os pernambucanos são os que mais comem alimentos ultraprocessados: 11,9% da população, contra 8,8% da média regional. O percentual sobre entre os jovens de 18 a 24 anos é de 23%. De acordo com Diego Pascaretta, esse tipo de alimento contém um número maior de produtos químicos. Os aditivos são colocados com o objetivo de aumentar a validade da comida, mas também trazem alguns riscos. “Em doses mínimas, eles não fariam mal ao organismo, mas quando estão inseridos na dieta aumentam o risco para câncer, diabetes e hipertensão, por exemplo”, avalia.

Os efeitos que eles causam na saúde não podem ser percebidos a curto prazo. “Essas doenças vão aparecendo com 15, 20 anos. Por conta do tempo, é até mesmo difícil para o médico relacionar o problema com a causa, já que a alimentação é uma coisa feita diariamente”, afirma.

A orientação do médico é que a população priorize alimentos naturais. “Quanto menor o processamento, melhor. O prazo de validade é um bom indicativo, quanto menor ele for, mais natural será o alimento”, observa. Uma dica para quem quer diminuir o consumo dos ultraprocessados é não fazer restrição calórica. “A pessoa pode comer mais feijão, arroz, cuscuz, carne ou frutos do mar, sem fazer restrição. Mas aumentar o consumo do ‘alimento de panela’ é uma opção, o importante é ter uma alimentação equilibrada”, finaliza.

A prática do nível recomendado de atividade física no lazer foi informada por 27,5% dos adultos pernambucanos, sendo 31,1% dos homens e 24,5% das mulheres. É o segundo pior índice do Nordeste e o sexto mais baixo do país.

Na população pernambucana com 18 anos ou mais de idade, 22,2% costumam consumir bebida alcóolica ao menos uma vez por mês e 19,1%, no mínimo uma vez por semana, abaixo da média nacional, de 26,4%. No Recife, esses percentuais crescem para 34,2% e 28,5%, respectivamente.

A PNS 2019 estimou que 11,3% da população pernambucana, ou 800 mil pessoas, consumiam algum produto derivado do tabaco. O levantamento detectou também que 715 mil pernambucanos com mais de 18 anos, ou 10,1% do total, fumavam diariamente, sendo 13,2% homens e 7,5%, mulheres. A média de consumo é de 11,2 cigarros por dia. A proporção de pessoas que fumam todos os dias é ainda maior no Recife, com 11,6%, a maior proporção das capitais do Norte/Nordeste e o quinto maior montante das capitais brasileiras.

Entre os pernambucanos adultos, 9,5% haviam perdido todos os dentes, o que corresponde a 678 mil pessoas, sendo esse percentual maior entre as mulheres (11,4%) do que entre os homens (7,3%). A situação atinge um terço (33,4%) dos idosos do estado e 19,1% das pessoas sem instrução ou com o fundamental incompleto com mais de 18 anos. No Recife, a porcentagem de pessoas que perderam todos os dentes foi inferior, chegando a 4,5% da população, abaixo da média brasileira, de 8,9%. O uso de prótese dentária foi registrado por 27,7% da população masculina com 18 anos ou mais de idade, e por 38,8% das mulheres. Considerados os dois sexos, a média pernambucana é de 33,9%.

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