Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
[email protected]

Informação e análise econômica, negócios e mercados

Coluna JC Negócios

João e Marília ainda precisam provar que se prepararam para governar o Recife

Os dois repetem frases feitas que pouco ajudam o eleitor a saber como pretendem produzir resultados comparado ao orçamento que devem gerir a partir de 1º de janeiro, aproximadamente, R$ 6 bilhões.

Fernando Castilho
Cadastrado por
Fernando Castilho
Publicado em 24/11/2020 às 22:03 | Atualizado em 24/11/2020 às 22:03
NE10
João e Marilia terão pouco tempo para provar capacitação para o cargo de prefeito. - FOTO: NE10

Por Fernando Castilho da Coluna JC Negócios*

Na reta final da campanha para escolha do novo prefeito do Recife, chama a atenção a alta taxa de ataques no campo pessoal dos dois candidatos e a baixa capacidade de ambos conversarem, efetivamente, sobre as soluções propostas para a capital pernambucana.

Os dois repetem frases feitas que pouco ajudam o eleitor a saber como pretendem produzir resultados comparado ao orçamento que devem gerir a partir de 1º de janeiro, aproximadamente, R$ 6 bilhões.

A dificuldade de dados mais precisos e informações econômicas seria tolerável nos embates no primeiro turno, no qual inscreveram-se dez candidatos. Mesmo nas entrevistas, havia dificuldade de se saber como operar o orçamento dentro da lista de propostas.

Mas no segundo turno, até agora, parece claro que João Campos e Marília Arraes mantêm afirmações periféricas sobre temas como arrecadação de ISS e IPTU, gastos com saúde e educação, revitalização do Centro do Recife, aplicações em investimentos sociais em equipamentos já em funcionamento, projetos de maior porte já desenhados pela administração, gestão de pessoal e o atendimento da covid-19, visto que não há indicações de que a pandemia seja resolvida.

Infelizmente esses temas não estão aprofundados. E mesmo quando indagam um ao outro, é perceptível a inexperiência de ambos em temas inerentes aos processos de decisão no Executivo.

O debate que a TV Jornal promove, hoje às 11h30, será a última oportunidade que os dois têm para mostrar como se prepararam para o desafio de gerir uma cidade de 1,5 milhão de habitantes.

A eleição do próximo domingo é para prefeito da capital pernambucana. O recifense não quer ter nenhum dois candidatos na condição de sogro. Muito menos os deseja como genro, nora ou cunhado(a). Problemas familiares não têm qualquer importância para a futura gestão.

E é desejável aos dois também se afastarem de "análises mediúnicas" de apoiadores sobre o que fariam Eduardo Campos e Miguel Arraes. Os dois estão mortos. Deixemo-los em seus túmulos. O Recife tem problemas demais esperando solução, mas para os vivos.

Tema central no segundo turno, a ideia de ajuda a MEIs e micro empresários tem explicações frágeis. A proposta do Crédito Popular (João Campos) será, na prática, uma aplicação de projeto do Governo do Estado através da Agência de Empreendedorismo de Pernambuco, na contratação de agentes orientadores para a captação até R$ 3 mil em microcrédito. O Programa Retomada (Marília Arraes) viria da realocação de verbas da PCR com gerenciamento da Secretaria de Desenvolvimento Econômico.

As duas propostas têm horizontes limitados pois Recife tem 89 mil MEIs ativos e 85 mil trabalhadores informais, mas o Crédito Popular tem meta de apenas 10 mil beneficiados. A sugestão é que o Sebrae ajude.

Nos dois casos uma questão que precisa ser resolvida: a transferência de dinheiro público para um ente privado. No Crédito Popular a PCR se compromete a bancar os juros.

No caso do Retomada os critérios para a seleção ainda estão em elaboração e serão divulgados em 2021. A proposta também prevê a busca de cooperação técnica do Sebrae para implantação.

A proposta fala aplicar, no 1º ano, R$ 13,1 milhões; do 2º ao 4º ano, R$ 3,24 milhões, no total de R$ 23 milhões. Mas o dinheiro viria da AGE embora a proposta diga que a PCR pagaria a diferença dos juros.

O Retomada promete R$ 50 milhões num fundo com autonomia contábil e financeira, mas integrado ao orçamento municipal. A proposta não fala mais em vinculação de RCL, que é proibido por lei.
No caso do Retomada, a proposta diz que poderia ser analisada a dedução do IPTU para empresas que contribuam para o fundo e convênios com os governos Federal e Estadual.

Embora o Recife tenha um pacote de problemas, está claro que o financiamento público para ajudar na retomada das atividades pós-covid-19 parece ter adquirido uma centralidade.

Em 2018, a ideia de pagar um 13º salário aos beneficiários do Bolsa Família também contaminou o debate. Mas tem tantas condicionantes na aplicação que se inviabilizou.

(*) Texto publicado no Jornal do Commercio de 24/11/2020

Comentários

Últimas notícias