Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

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Por Fernando Castilho
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Maior vitória de Bolsonaro "a favor" da covid-19 foi descreditar vacinas

Governo não foi capaz de desenvolver um programa de aquisições de vacinas em desenvolvimento a despeito de ter um elevado número de mortes

Fernnado Castilho
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Fernnado Castilho
Publicado em 17/12/2020 às 7:15 | Atualizado em 17/12/2020 às 8:39
WALLACE MARTINS/FUTURA PRESS
Não, não tá legal, Zé Gotinha... - FOTO: WALLACE MARTINS/FUTURA PRESS

Depois de quase dez meses atuando a favor da covid-19, o presidente Jair Bolsonaro já pode comemorar sua principal vitória: descreditou a vacina com a infecção ao ponto de 22% dos braseiros simplesmente não terem intenções de se vacinar, conforme pesquisa Datafolha divulgada no último sábado (12) pelo jornal "Folha de S.Paulo". Em agosto o numero não passava de 9%.

Não aconteceu por acaso, e apenas porque o presidente declarou que não vai se vacinar ( na verdade por ter sido infectado e tratado o vírus, o presidente poderia dispensar o imunizante) ou porque simplesmente não usa mascara nem guarda distancia de seus interlocutores.

O presidente desde março empenhou-se firmemente numa campanha de descredito, primeiro negando o potencial de contaminação do coronavírus e depois abrindo uma guerra com os estados contra as medidas restritivas de circulação.

Curiosamente, Bolsonaro é um dos cinco presidente que mais destinaram recursos para reduzir os efeitos na pandemia, inclusive na destinação de recursos para ações de saúde que consumiram 10% do chamado Orçamento de Guerra - R$ 60 bilhões apenas com investimentos em saúde.

Mas o presidente não esteve, em nenhum momento, preocupado com as repercussões na sociedade da tragédia das mortes que nos coloca como segunda maior nação com mais mortes. Para Bolsonaro, as 180 mil mortes estão naquilo que, em linguagem de guerra, é classificado como “danos colaterais”,  termo que significa morte de civis.

O problema é o Brasil não está em guerra com uma outra nação, mas com um novo vírus que só agora a ciência começa a iluminar o mundo com um pacote de vacinas. E é na gestão de um programa de distribuição de vacinas que o presidente colhe sua maior vitória a favor do vírus.

O seu governo não foi capaz de desenvolver um programa de aquisições de vacinas em desenvolvimento a despeito de ter um elevado número de mortes. Para demonstrar um posicionamento político, o presidente escolhe um possível desenvolvedor e apostou todas as suas fixas nele a vacina da AstraZeneca.

É importante pontuar. Bolsonaro usou a perspectiva da vacina da AstraZeneca como instrumento político a compra de uma outra vacina pelo Governador de São Paulo. Não o fez por acreditar na vacina pesquisada pela empresa com a Universidade de Oxford, na Inglaterra. O fez para dizer que sua vacina seria melhor que a adquirida pelo governador paulista.

Infelizmente a aposta de Bolsonaro se revelou menos competitiva. Hoje, ele não tem sequer uma data de produção. Dória, por sua vez, tem uma vacina pronta.

Restou a Bolsonaro admitir usar a vacina da Sinovac. Não porque acredita nela, mas por será a única que se governo poderá oferecer. O fará a contragosto e não se moverá para prestigiá-la.

O presidente adotou no lançamento do Plano Nacional de Imunização uma postura mais conciliadora. Mas isso não representa muita coisa porque, no mínimo, as primeiras doses da vacina poderão ser aplicadas em fevereiro.

É um prazo longo dentro de um cronograma que por absoluta falta de vacinas precisará ser feito em mais de um ano. E até lá o Brasil vai gastar mais com internações de UTI e em hospitais que para comprar vacinas. Além do numero de mortes que devem ocorrer. 

Bolsonaro já sabe que esse plano vai retardar a volta do crescimento na economia e sabe que isso representa um risco grave de redução de sua popularidade.

Ele ate diz que vai comprar 350 milhões de vacinas, mas só poderá vacinar 15 milhões de pessoas dos grupos prioritários. Mas ela já pode comemorar seu principal objetivo. Fixar uma posição negacionista contra a coronavírus.

Embora isso tenha custado ao Brasil até agora 180 mil mortes, sete milhes de infectados e mais de R$ 100 milhões apenas em custos de saúde. Isso além do extraordinário déficit de R$ 1 trilhão que o Brasil terá nos anos de 2020 e 2021.

Mas o que representa R$ 1 trilhão para quem tinha como objetivo desacreditar do vírus, de sua capacidade de propagação e das vacinas? Isso o presidente já conseguiu.

 

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