Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
[email protected]

Informação e análise econômica, negócios e mercados

Coluna JC Negócios

Churrasco do final de ano vai custar mais caro devido às exportações para a China

Recuperação começou já em janeiro e bateu um recorde em novembro último quando chegou a R$ 285,33, a arrouba, um aumento de mais de 30%.

Fernando Castilho
Cadastrado por
Fernando Castilho
Publicado em 27/12/2020 às 12:00 | Atualizado em 27/12/2020 às 12:11
Foto: Agência Brasil
Com estrutura logística que interliga criadores, abatedouros e vendedores em todo o País, Masterboi se destaca entre concorrentes internacionais - FOTO: Foto: Agência Brasil

Por Fernando Castilho da Coluna JC Negócios do Jornal do Commercio

No país que ostenta a marca de maior produtor mundial de proteína animal, o criador de boi brasileiro entendeu de engordar o bezerro, suspender o abate de fêmeas e reduzir a oferta de animais gordos para abate.

Com ajuda da China, dólar em alta e maior consumo interno, o setor conseguiu recuperar os preços que, em dezembro de 2019 estavam no chão. O preço do boi gordo para abate bateu recorde de preço chegando a R$ 180,00 por arroba e dando prejuízo.

A recuperação começou já em janeiro (R$ 193,05), mas bateu um recorde em novembro último quando chegou a R$ 285,33, a arrouba, embora agora esteja com tendência de estabilização em R$ 265,00. É um aumento de mais de 30%.

O empresário Nelson Bezerra, presidente do grupo pernambucano Masterboi, com operações industriais em São Geraldo do Araguaia (PA) e Nova Olinda (TO), acha que esse é o novo patamar do mercado.

Na sua opinião, os fatos que sustentam essa alta são a reposição e a preservação do plantel. Para ele, a realidade de pecuária e da indústria da carne no Brasil está mudando rapidamente com o mercado cada vez mais olhando para a exportação. Embora elas ainda representem apenas 20% do abate nacional.

Nelson Bezerra explica que as exportações para China estão batendo recordes pela entrada novos companhias (inclusive a sua) no mercado. Mas reconhece que a redução de bois gordos para abate, alta de dólar (favorecendo as exportações) e maior demanda no mercado interno, em 2020, fez o preço criar uma nova base de sustentação.

Para ele, uma maior oferta de animais na safra no final de 2021, reduzirá um pouco os preços. Mas sem voltar aos de final de 2019.

A Masterboi deverá fechar 2020 com crescimento superior a 50% no faturamento que deve chegar a R$ 2 bilhões devido ao aumento do valor agregado dos produtos comercializados, matéria prima e crescimento das exportações graças ao aumento do dólar.

A empresa também está iniciando a instalação de novo frigorífico da Masterboi no município de Canhotinho, no Agreste de Pernambuco, num projeto estruturador para a pecuária de corte na Região já que Nordeste é abastecido hoje por frigoríficos instalados no Norte do país.

Mas a pressão ambiental pode interferir nesses números. Na cadeia da carne, por exemplo, os desafios são grandes, dada a pulverização da produção e a concentração da criação de gado na Amazônia e Cerrado segundo reportagem de Fernanda Guimarães, de O Estado de S. Paulo.

Segundo informa, cerca de 85% da produção está nesses biomas. Estima-se que 2,5 mil propriedades rurais do País se dedicam à pecuária do corte.

O diretor de sustentabilidade e comunicação da Marfrig, Paulo Pianez, destaca que há uma série de tecnologias disponíveis para se rastrear a produção pecuária.

Mas, para engajar os produtores na questão da preservação da Amazônia, é preciso inclui-los na discussão e garantir crédito a eles. “O setor tem um grau de invisibilidade muito grande. É preciso conseguir engajar, até para se conseguir rastrear”, comenta o executivo.

A questão das exportações ainda é um negócio para as empresas a exceção dos gigantes BRF, Magrid e JBS. Somente no final de 2019 o Brasil passa a contar com 16 plantas habilitadas para exportar carne suína, e 46 plantas para embarques de carne de frango, 39 de carne bovina e 1 de carne de asinino (jumento).

Um outro mercado que o Brasil mira é o da Arábia Saudita que habilitou oito novos estabelecimentos para a exportação de carne bovina brasileira no final de 2019. E as empresas estão cada vez mais interessadas em oferecer corte de animais abatidos pelo método Halal.

A palavra ‘Halal’ significa lícito, permitido. Alimentos designados Halal são aqueles cujo consumo é permitido por Deus. Apenas a parte dianteira do boi é adquirida pelos compradores dos países árabes.

O abate é executado apenas por um muçulmano mentalmente sadio, que entenda, totalmente, o fundamento das regras e das condições relacionadas ao abate Halal. Ja existem mais de 500 homens trabalhando no país, dedicados a realizar o halal, uma técnica sagrada de abate, descrita no Alcorão.

Para se ter uma ideia do potencial desse mercado, o Brasil exporta para 57 países islâmicos, sendo 22 países árabes, o que resulta em mais de dois milhões de toneladas de carne por ano.

 

Comentários

Últimas notícias