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Aflitos, governadores buscam uma data do Ministério da Saúde para vacinação

Governadores não esperavam ter que gastar mais com tratamento de pacientes da UTI. Sem uma data de vacina ajustada, eles terão mais despesas

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Fernando Castilho

Publicado em 06/01/2021 às 6:00 | Atualizado em 06/01/2021 às 6:52
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Por Fernando Castilho, da Coluna JC Negócios, do Jornal do Commercio

Governadores aflitos com a explosão de casos do coronavírus nos estados cobraram nessa terça-feira (5) do Ministério da Saúde um cronograma de vacinação contra a covid-19 para todo o País. Não terão.

A demanda foi feita numa reunião por videoconferência com o secretário de Vigilância em Saúde da pasta, Arnaldo Medeiros. Foi um daqueles encontros que fala aquele forró de Zenilton: “Quando eu ia ela voltava/ Quando eu voltava ela ia”.

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Parece claro que, quando os governadores tentam pressionar por uma data que os permita ao menos organizar seus serviços estaduais, o governo federal insiste que quer cuidar de tudo.

Os nordestinos e os nortistas sofrem mais devido à fragilidade que seus sistemas. Não estavam programando nada disso. Muito menos ter mais gastos como estão tendo. Reabrir hospital, recontratar médico. Fechar comércio? Nem pensar!

Para completar, não tem mais dinheiro do Ministério da Saúde. Até dezembro, os estados receberam os quase R$ 40 bilhões para ajudar nas despesas. Ele veio junto com a verba do ICMS, que deu um alívio até que o comércio voltou.

Nenhum deles falava em voltar a abrir hospital. Todos esperavam que a covid-19 iria se reduzindo e que com a vacina a vida voltaria ao normal. Então, quando os governadores tentam uma data para começar a vacinar, na verdade querem uma data para se reorganizar em 2021.

Não se deve esquecer que num mandato de quatro anos, o terceiro é quando começam a aparecer as entregas. Mas como 2020 não deu para começar nada devido à pandemia, 2021 é ano de começar ações para entregar em 2022. Imagina se a vacinação se estender, como parece claro, por todo o ano?

Isso assusta os governadores. Mas quem disse que o Ministério da Saúde tem as respostas?
Cientistas e servidores públicos desejam ardentemente que a vacinação comece. Mas a bem da verdade é que não tem nada.

Não tem vacina, não tem agulha, não tem seringa, e agora o governo está esperando a Índia entregar vacina pronta. Do ponto de vista logístico, vacina pronta é o ideal.

O melhor era receber como a Coronavac, que vem prontinha, com seringa e tudo. É só pegar e aplicar. Mais ainda, assim que chegar o frasco com as vacinas, o estoque que os estados têm desse insumos já ajuda. Os governadores já sabem que o Ministério da Saúde não vai comprar.

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Os governadores já tentaram antes e não conseguiram tudo que precisavam. Metade dos estados não conseguiu sequer repor os estoques que precisam para as outras vacinas que aplicam. A União não vai conseguir.

É isso que o Ministério da Saúde não tem como informar aos governadores. Não sabe quando vai comprar as vacinas, não sabe quando vai comprar seringas e agulhas e não tem nem mesmo uma data certa para receber as vacinas prontas da Índia. Então, como organizar o começo de uma campanha de vacinas?

É isso que faz a gente lembrar a música que diz que “Quando eu ia ela voltava/ Quando eu voltava ela ia”. Os governadores, na verdade, perderam tempo.

 

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