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Pedro Guimarães, da Caixa, não quer o ser presidente do BB. Mira o lugar de Paulo Guedes

Enquanto o BB anuncia o Plano de Demissão Voluntaria a Caixa quer contratar mais 1000 novos empregados

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Fernando Castilho

Publicado em 29/01/2021 às 13:30 | Atualizado em 29/01/2021 às 14:16
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O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, anunciou, nessa quinta-feira (28), numa Live a criação de 75 novas unidades em todo o Brasil, sendo 20 unidades especializadas no agronegócio.

Guimarães disse que essa expansão visa aumentar a capilaridade do banco, com foco nas regiões Norte e Nordeste e que com a ampliação da rede de atendimento, a Caixa vai beneficiará cerca de 18 milhões de brasileiros.

Seria uma fato normal se, na semana passada, o presidente do Banco do Brasil, André Brandão, cujo foco e nível de especialização é exatamente o agronegócio, quase não perdesse o cargo ao anunciar um plano de demissão voluntaria que atenderia até 5.000 empregados da instituição combinado com o fechamento de agências deficitárias.

Brandão ficou no cargo graças a uma articulação forte do presidente do Banco Central Roberto Campos Neto que o convenceu a sair do HSBC para entrar no banco do governo e do ministro Paulo Guedes.

O ministro que advertiu a Bolsonaro que o BB não é a Caixa Econômica onde o Governo tem 100% das ações e que ele (Jair Bolsonaro), como representante do acionista majoritário do Banco do Brasil, poderia sofrer um processo dos acionistas minoritários em corte internacional. Além do fato de que o programa de afastamento dá incentivos a quem quer sair por adesão voluntária.

Mas o gesto de Pedro Guimarães não é um fato isolado. Ele anunciou que a Caixa também ampliará a quantidade de agências-caminhão (de 8 para 12 unidades) e que vai contratar 566 novos empregados devendo chegar a 1.000 até final do ano. E que vai abrir 36 novas unidades no Nordeste, 19 no Norte, 10 no Centro Oeste e outras no Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Ou seja a Caixa quer entrar no principal nicho do BB.

Esse tipo de ação é o oposto da linha de enxugamento do ministro Paulo Guedes, mas Guimaraes é o único da área econômica que atende aos interesses de Bolsonaro.

Pouca gente sabe, mas quando o Ministério da Economia organizou a operação do Auxílio Emergencial que deseja ter a participação dos bancos privados, Guimarães travou a conversa insistindo que a Caixa teria a totalidade das operações.

Ele levou muita pancada quando o aplicativo não funcionou, mas ganhou 67 milhões de clientes na Caderneta de Poupança. Ele jacta-se de ter avançado 5 anos na bancarização de cidadão de baixa renda e baixa escolaridade.

Portanto, o crescimento da estrutura da Caixa faz parte de um projeto de Guimarães em tentar fortalecer a estrutura da instituição competindo com os demais bancos estatais, inclusive do BB.

Ou seja, enquanto Brandão tenta enxugar o BB, Guimarães contratou mais gente para a Caixa que tem 240 mil colaboradores, 82 mil empregados da Caixa. Ele também fez a convocação de 3.465 pessoas com deficiência (PCDs) para assumirem postos de trabalho em uma empresa pública.

A Caixa também assumiu a gestão dos recursos e do pagamento das indenizações do Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT) depois que a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) acabou com o contrato com a Seguradora Líder.

Pedro Guimaraes não está mais preocupado com André Brandão, a capacidade de negócios do BB, e ser convocado para o lugar dele para fazer no BB o que fez na Caixa. Na verdade, ele mira é que, em uma eventual saída de Paulo Guedes, seja escolhido por Bolsonaro para o cargo.

Resta saber se Ministro da Economia, quem toparia entrar num projeto econômico populista de Guimarães. A começar pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, certamente o gestor com maior prestígio internacional. Maior que o próprio Paulo Guedes e ideal para substitui-lo se o objetivo for manter o Brasil numa rota séria de comando da economia.

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