Ícone do Turismo do Nordeste, Hotel Tambaú deve voltar modernizado em outubro
A empresa que o comprou se comprometeu a preservar todas as linhas gerias do hotel apenas atualizando todos os equipamentos, mobiliário e ajardinamento.
O Hotel Tambaú de João Pessoa, ícone do setor de hotelaria do Nordeste e segundo hotel mais lembrado do Brasil, perdendo apenas para o Copacabana Palace, vai reabrir em outubro próximo.
Atualmente fechado e em estado de degradação, ele voltará funcionar antes do no final do ano quando o Grupo A Gaspar, que adquiriu na última quinta-feira num leilão público, pretende concluir o retrofit do equipamento e atualização de suas 172 unidades.
Quem já foi a João Pessoas nunca deixou de passar na frente do hotel localizado na Avenida Almirante Tamandaré, na praia de Tambaú, em João Pessoa construído em forma de círculo cujas colunas de concreto são banhadas pela mare alta na praia sem ondas da orla da capital Paraibana.
O grupo norte-rio-grandense pagará R$ 40,6 milhões pelo edifício projetado pelo arquiteto Sérgio Bermudes e vai investir outros R$ 60 milhões de modo a transformá-lo num equipamento cinco estrelas sem modificar as linhas arquitetônicas do hotel construído em 1970 já com uma série de itens de acessibilidade.
A empresa se comprometeu a preservar todas as linhas gerias do hotel apenas atualizando todos os equipamentos, mobiliário e ajardinamento. O valor inicial do leilão era de R$ 131,9 milhões. Como não houve interessado, baixou para R$ 65,9 milhões, mas acabou sendo arrematado por R$ 40,6 milhões.
Segundo o empresário Ruy Gaspar, que dirige a companhia liderada pelo empresário Arnaldo Gaspar (que também controla o Ocean Palace Natal), a única modificação externa será no nome. Ele passará a se chamar Ocean Palace Tambaú Beach Resort.
Nesta segunda-feira, o grupo pretende fazer o pagamento de R$ 6,4 milhões com parcela inicial e deverá entrar no equipamento tão logo receba a autorização do juiz do caso da massa falida da Varig.
Ruy Gaspar acredita que até o final de outubro seja possível concluir o retrofit do Hotel Tambaú, de modo a aproveitar o período de final ano e verão de 2022.
A restauração do Hotel Tambaú devolverá a João Pessoa sua maior estrela do setor turístico. Palco de todas as reuniões do setor econômico e político, o hotel foi construído pelo Governo do Estado da Paraíba numa ponta de areia que permitiu o arquiteto Sérgio Bermudes desenvolver um dos seus mais arrojados projetos.
Idealizado pelo governador João Agripino e concluído no governo de Ernany Sátiro virou destaque nacional, e desde 1971 cultiva muitas lembranças como um símbolo do Estado.
Considerado o cartão postal de João Pessoa e do Estado da Paraíba, o hotel orgulha-se em ser referência quando o assunto é turismo de lazer e negócios. Em qualquer lugar que se menciona João Pessoa, todos se referem àquele hotel que parece um disco voador pousando no mar de Tambaú. Sob comando da empresa da Varig ele passou a ser Tropical Hotel Tambaú e tornou-se referência na cidade.
Dificilmente com a legislação atual ele seria construído já que ocupa uma faixa de terra sob o patrimônio da União. Mas na década de 70 isso não foi problema. A construção do Tambaú Hotel ocorreu em uma área de preservação permanente (APP). De acordo com o Código Florestal (atualizado pela Lei nº 12.727/12) a distância permitida é de 30 metros.
O problema do equipamento é que ele sempre teve maus operadores. Ele foi uma do hotéis da famosa Rede Tropical de Hotéis da antiga Varig que tinha um outro hotel resort em Manaus. Mas no Nordeste nenhum hotel tem a fama do Tambaú.
Seus apartamentos se distribuem em forma de círculo e sua acessibilidade com rampas facilita a circulação de cadeirantes e pessoas com dificuldades de locomoção. O hotel possui infraestrutura com piscinas, sauna, salão de jogos, sala de redes, quadra de tênis, restaurante, bares, salões de convenções, e um amplo auditório com capacidade para 522 pessoas. Sua ocupação é, em grande parte, de turistas brasileiros que viajam para conhecer as praias da capital paraibana.
Inaugurado em 1974, ele marcou uma mudança de paradigma na época. A maioria dos hotéis da capital estava localizada no centro da cidade, entretanto, as condições precárias desses estabelecimentos tornavam o setor insustentável.
Não se sabe ao certo os motivos que levaram o arquiteto Sérgio Bernardes a escolher a praia de Tambaú como local adequado para implantação de seu projeto. Mas o fato é que o arquiteto projetou um edifício perfeitamente integrado à horizontalidade da paisagem local e ao mesmo tempo conseguiu a solenidade de um marco referencial que se destaca por sua implantação e amplitude “numa ponta da orla que se projetava sobre o mar.”
No edifício de dois pavimentos, o arquiteto utilizou diferentes materiais – empenas de concreto aparente, madeira e vidro nas esquadrias, aço nos pilares internos e telhado plano de fibro-cimento – que se relacionam de forma visível e clara.
A preocupação com o conforto ambiental é outro ponto abordado por Bernardes no Hotel Tambaú. Com os apartamentos de frente para o mar, propunha o aproveitamento da ventilação natural, não prevendo assim, a instalação de ar-condicionado equipamento que mais tarde foi adicionado aos apartamentos.
Especula-se que a necessidade de ocupar a orla, no trecho mais próximo a cidade, teria sido um dos motivos que justificaria a escolha uma vez que, até meados da década de 1950 a praia era praticamente desabitada, sem infraestrutura e de difícil acesso, porém com um potencial turístico promissor aos olhos de industriais e comerciantes.
Assim quando o empreendimento que ofereceu um grande complexo de piscinas, sauna seca e a vapor, massagens e outras terapias naturais, sala de jogos, sala de redes, quadras de tênis, quadra de vôlei de praia, restaurante e bares, além de um Centro de Convenções completo, com salas espaçosas, com capacidade de atender simultaneamente até 1.700 pessoas e chegou a cidade, acabou mudando o rumo do setor de turismo.