Coluna JC Negócios

Associação de Noronha ao tráfico de drogas pode destruir esforço do turismo de lazer de Pernambuco

Governo de Pernambuco precisa atuar para mostrar que Noronha é paraíso ecológico ambiental e não plataforma de exportação de drogas no atacado.

Imagem do autor
Cadastrado por

Fernando Castilho

Publicado em 17/02/2021 às 11:50 | Atualizado em 17/02/2021 às 13:06
Notícia
X

O governo do Estado de Pernambuco precisa correr rápido para tentar mostrar que, o fato de um veleiro com 2.21 toneladas de cocaína ter sido apreendido nessa terça-feira (16), não faz do nosso paraíso turístico Fernando de Noronha uma plataforma de exportação de cocaína para a Europa, embora, já seja evidente que as agências internacionais tenham colocado nosso arquipélago no radar.

E o modus operandi é bem conhecido para marinheiros. Transformar o que seria lastro, feito com água do mar, num lastro solido com tabletes de cocaína, assegurando a estabilidade da embarcação.

Essa prisão deve servir de alerta ao Governo de Pernambuco no sentido de proteger todo o investimento que vem sendo feito em Fernando de Noronha, como um destino turístico de alta renda e que atrai formadores de opinião do mundo.

Como deixou claro a delegada Carla Patrícia Cintra, o problema é que Noronha não é uma rota doméstica, onde o consumo na ilha pode ser coibido com ações da SDS equipando melhor sua delegacia. Noronha está no caminho de correntes marinhas que são boas para pesca de atum, mas também para ajudar veleiros a cruzar o Atlântico.

Já faz tempo que a Polícia Federal trabalha com a pesquisa de rotas que usam barcos pesqueiros do Ceará como transporte intermediário e de conexão em alto mar com navios em rotas internacionais. Mas, até então, não se tinha notícia de Noronha como ponto de apoio.

O que pouca gente sabe é que, a partir de um abastecimento em Noronha, um veleiro médio pode alcançar uma série de países sem, necessariamente, ter que atracar com sua carga de drogas, que seria descarregada para outros barcos e, então, distribuída na Europa.

O fato abre um enorme desafio para as Polícias Estadual e Federal em demonstrar para o crime que está se equipando para não fazer da ilha uma plataforma de exportação. A Polícia Federal está melhorando suas instalações. O recomendável é que o governo do Estado faça isso também.

Isso significa dotar a ilha de estrutura pessoal e comunicação. A combinação de esforços internacionais mostrou que é possível se obter sucesso, mas inseriu Fernando de Noronha numa lista de lugares ligados ao crime em atacado.

O que o governo não pode esquecer é que Noronha é o destino internacional mais forte de Pernambuco, com toda uma comunicação institucional do turismo de luxo praticado na ilha.

É um local de altíssima visibilidade no setor turístico interno e objeto de desejo de milhares de turistas em potencial. A última coisa que precisa é ser associada ao tráfico internacional de drogas em atacado.

Tags

Autor