Chefes de família, mulheres abrem mais empresas, alugam mais casas, mas recebem menos que os homens
A pandemia impactou a vida do mundo mas uma fatia da população foi duplamente afetada: as mulheres.
Um estudo feito pela Fundação João Pinheiro (MG), para o Ministério do Desenvolvimento Regional, e que servir de base para a nova metodologia de cálculo do déficit habitacional e da inadequação de moradias no Brasil no Programa Casa Verde e Amarela revelou um dado surpreendente:
O número de mulheres responsáveis por contratos de aluguel de casas onde onde moram subiu de 1,588 milhão de domicílios, em 2016 para 1,887 milhão, em 2019. O estudo da Fundação João Pinheiro (ano base 2019) também revelou que o déficit de moradias chegou a 5,8 milhões com tendência e de aumento do preço do aluguel urbano.
O dado, segundo a diretora da FJP, Eleonora Cruz Santos, transforma as mulheres em protagonistas do déficit habitacional e da inadequação de moradias porque elas têm na maioria dos domicílios, a pessoa de referência é uma mulher aspecto que por si só remete à necessidade de desenvolvimento de políticas habitacionais específicas para esse tipo de público quando se pensa em moradia.
No País cuja população tem 51,8% de mulheres, o dia internacional dedicado a elas, amanhã, é um boa oportunidade para juntar informações sobre a questão de gênero no mercado de trabalho brasileiro e onde, todos elas, estão em desvantagens competitivas. Inclusive na questão habitacional
A começar na lista do Auxílio Emergencial, na qual elas totalizaram 37,8 milhões, contra 30,4 milhões de homens. Entre elas, 10,8 milhões (28%) estão tocando a casa solteiras.
O banco de dados do Auxílio Emergencial reproduz o que acontece no mercado de trabalho. Segundo o Sebrae, dos 11,7 milhões microempreendedores individuais do Brasil, 5,1 milhões são mulheres, 44% do total de MEIs no País.
O número embute só na categoria das cabeleireiras, manicures e pedicures 857.385 mulheres - 7,3% do total. Embora, quando piora o mercado de trabalho, o maior impacto ocorre sobre as elas.
É uma situação que se repete nas demais profissões de maior escolaridade e no mercado de trabalho. Por exemplo: 73,2% das pessoas empregadas na área de saúde no continente são mulheres, mas que têm renda 23,7% inferior a dos homens do mesmo setor.
A pandemia impactou a vida do mundo mas uma fatia da população foi duplamente afetada: as mulheres. Além do aumento da sobrecarga de trabalho e da responsabilidade pelo cuidado dos filhos, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, o isolamento deixou 8,5 milhões de mulheres fora do mercado de trabalho.
Dados recentes divulgados pelo Confea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia) apontam que, no Brasil, existem 982.779 engenheiros civis com registro de classe. Deste total, a imensa maioria é constituída por homens.
O fato novo é que nas diversas carreiras das ciências exatas, as mulheres vêm ganhando espaço e ocupando postos de destaque em importantes companhias do mercado de construção civil onde em algumas construtoras elas já lideraram presença no comando direto de obras.
E mesmo no setor publico estudo publicado no final do ano passado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), no qual consta que as mulheres são maioria entre os servidores municipais, estaduais e federais do País, mas ganham 24% menos do que os homens. Como o setor educacional a exemplo do de saúde a presença da mulher é predominante essa diferença salarial acaba puxando a participação financeira de gênero menor que a dos homens.
Elas ainda são menos de 20% dos profissionais atuando no mercado de TI no Brasil, mas estão ocupando mais espaços. Em 2019, ao menos 25% das aberturas de empresas foram feitas por mulheres e ano passado, 49% das startups abertas tinham mulheres no comando.
Segundo Pesquisa da consultoria de RH Catho, somente 19% da área de tecnologia é composta por mulheres e, em média, elas ganham 11% menos que os homens. Em alguns cargos como engenheiros de sistemas operacionais em computação e gerente de desenvolvimento de sistemas, as mulheres chegam a ganhar, respectivamente, 33% e 18% menos que os homens. As mesmas funções são ocupadas por 15% e 19% de mulheres, apenas.
É uma força de trabalho extraordinária. Mas nesse 8 de maio (ainda) não há muito para comemorar senão o fato de que elas estão indo à luta. O que aliás, é uma marca típica delas.