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Highlander do mundo corporativo, Eike Batista agora se junta com chineses na mineração

Empresário foi absolvido de processo na CVM que se baseou na tese de que poderia influenciar acionistas em comprar ações do Grupo EBX porque Eike seria um homem extremamente preparado.

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Fernando Castilho

Publicado em 22/04/2021 às 9:00 | Atualizado em 22/04/2021 às 10:22
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O empresário Eike Batista foi absolvido por unanimidade pelo colegiado da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) num processo que apurava se ele tinha inflado seu currículo e, com isso, influenciar de alguma forma possíveis investidores quando falava das perspectivas dos negócios de suas empresas listadas na Bolsa de Valores de Santo Paulo.

A CVM entendeu que não foi demonstrado como a escolaridade de Eike poderia ter desempenhado um papel relevante na tomada de decisão dos investidores ou no exercício de direito de voto dos acionistas. Em 2012, Eike Batista chegou a 7ª posição no ranking dos mais ricos do mundo, segundo a revista "Forbes", com uma fortuna estimada em US$ 30 bilhões. Em 2017, ele foi preso na Operação Lava Jato e levado para Bangu, no Rio de Janeiro.

Segundo a denúncia Eike que era acionista, diretor e conselheiro em várias das suas empresas - MMX, OGX, CCX, Prumo (antiga LLX), OSX, Eneva (ex-MPX) e EBX, informava no seu currículo que era engenheiro metalúrgico, bacharel, graduado em engenharia metalúrgica.

O processo de baseou na possibilidade de que isso poderia influenciar na decisão dos acionistas em comprar EBX porque Eike era um sujeito extremamente preparado. Uma coisa muito parecida com aquele currículo no ministro indicado Carlos Alberto Decotelli que perdeu o cargo quando se provou que não tinha as qualificações.

A CVM entendeu que isso não tinha nada a ver por que ele não presidente ou diretor de Relações com Investidores, responsáveis por garantir que as informações prestadas pelas companhias ao mercado. E assim Eike se salvou de mais uma acusação.

E a ação surgiu depois que, em 2017, quando ele foi preso pela primeira vez foi levado para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu no Rio, que não tinham diploma . Em Bangu ele dividiu espaço com outros seis presos da Lava Jato.

Até então em seu currículo o Batista dizia que apesar de ter frequentado o curso de graduação em engenharia metalúrgica na Universidade de Aachen, na Alemanha, nos anos de 1977 a 1979, não se formou. Eike também se tornou conhecido por namorar mulheres bonitas como Luma de Oliveira e Flavia Sampaio, sua atual esposa. 

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Ao todo, estão sendo cumpridos nove mandados de prisão preventiva. O empresário está fora do Brasil e deve se entregar quando retornar - Foto: Divulgação
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Bloqueio foi realizado com o objetivo de ajudar a pagar débitos com credores da empresa MMX, pertencente ao grupo EBX, comandado por Eike Batista - Foto: Reprodução
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Eike também deixará de cumprir prisão domiciliar e passará somente para recolhimento noturno - Foto: Agência Brasil
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Os desembargadores Paulo Espírito Santo e Abel Gomes votaram contra a soltura do fundador do grupo X - Foto: Estadão Conteúdo
 

Ele nem sempre ganha. Na semana passada a mesma Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aplicou uma multa de R$ 150 mil ao empresário Eike Batista por ter votado, em situação de conflito de interesse, em reunião do conselho de administração da MMX em 2015.

Mas ele não desiste. E essa foi mais uma que Eike se livra e enquanto isso ele vai voltando a se movimentar. Esta semana, anunciou que se uniu ao fundo de private equity, o China Development Integration Limited (CDIL), que prometeu investir até 200 milhões de dólares (mais de 1,1 bilhão de reais) no país.

O CDIL faz parte do projeto pelo qual a China tem aumentado seu poder geopolítico investindo na infraestrutura de dezenas de países ao redor do mundo desde 2013. Nesse caso Eike entra com projetos e o CDIL fornece o capital e o acesso a diversos bancos e estatais chinesas que fornecerão máquinas, equipamentos e serviços

A MMX Mineração e Metálicos, é a única empresa do grupo EBX que atua na mineração de minério de ferro, e que está sob controle do Eike. Ela voltou para o radar dos investidores desde meados de março, após saltarem mais de 500% em 2020.

Em 2021, os ativos acumulam ganhos de 63,47% levando em conta o fechamento até a última terça-feira sendo que, desde o fechamento de 18 de março até a última sessão, os ganhos acumulados foram de 84%.

Para Eike Batista, o acordo com os chineses oferece uma segunda chance. Depois de ser adorado como símbolo de sucesso e em seguida devorado por seus próprios erros, Eike pagou sua dívida com a Justiça e continua obcecado por empreender.

No fundo, ele ainda sonha recomprar o Porto Açu que ele criou e teve que vender ao Grupo EIG, um fundo de infraestrutura que mudou o nome da empresa (LLX) para Prumo.

Hoje, o Grupo EIG detém 53% do capital da companhia. Eike Batista, que já deixou o Conselho de Administração da empresa, ainda continua um acionista relevante, com 21%. Se os chineses apostarem mesmo nele, ele pode recomprar o porto.

Seria mais uma chance para o ex-dono dele voltar. Até porque Eike não desiste nunca.

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