Ricardo Brennand gostava de construir. Fábricas, usinas e até castelos para abrigar a arte
O empresário gostava de conversar tanto sobre energia, cimento e cerâmica vidreira como sobre arte, cultura e livros.
Amigo de personagens importantes da economia pernambucana como Amando Monteiro Filho, Jorge Baptista da Silva e Antonio Queiroz Galvão, o empresário Ricardo Brennand, que morreu de covid-19 em 2020, gostava de conversar tanto sobre energia, cimento e cerâmica vidreira como sobre arte, cultura e livros.
Brennand cuidou pessoalmente da implantação das fábricas, tanto a de Sete Lagoas/MG como a de Pitimbu/PB, que entrou em operação no momento crítico da economia brasileira durante a crise de 2006 e 2016 com a marca Cimento Nacional.
Mas Ricardo Brennand era tão apaixonado por arte, objetos medievais e um comprador voraz de telas, esculturas e até muros de castelos ingleses, que entrou para o cenário nacional de apoiador das artes plásticas, certamente, o maior do Nordeste.
Ele construiu um castelo para abrigar sua coleção, que, entre outras obras, tem nada menos que 11 gravuras de Franz Post, que também esteve no Brasil e retratou o Recife. Em 2002, o Instituto Ricardo Brennand abrigou a exposição “Albert Eckhout Volta ao Brasil”.
Certa vez, numa conversa com jornalistas, Brennand confessou: "Como empresário, nossa família ajudou o Brasil, eu mesmo construí fabricas e participei de grandes projetos. Mas eu nunca me senti tão reconhecido pela sociedade como depois que construí o IRB. Virei uma estrela!"
Em março, a pandemia do novo coronavírus fechou o Instituto Ricardo Brennand, que só reabriu suas portas para os visitantes em outubro.
O espaço, localizado na Várzea, Zona Oeste do Recife, adaptou seu funcionamento às regras sanitárias propostas pelo Plano de Convivência das Atividades Econômicas com a Covid-19, e, inicialmente, funcionará em horário reduzido, de sexta a domingo.
Outra modificação feita para este primeiro momento foi a redução da capacidade de visitantes em 1/3 por dependência (Pinacoteca, Galeria, Museu de Armas). Os espaços também contarão com um circuito para direcionar o percurso pelas exposições, com sinalização no piso e placas indicativas.
O Instituto Ricardo Brennand, localizado no bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife, foi classificado como um dos melhores museus do mundo nesta terça-feira (16) pelo site de viagens TripAdvisor. A instituição ficou duas posições à frente do museu do Louvre, em Paris, na França, alcançando o 17º lugar.
Em 2011, Ricardo Brennand inaugurou uma fábrica de cimento que começou a construir em 2008 e que teve investimento total da ordem de R$ 235 milhões, ficou pronta em março daquele ano. Ele cuidou pessoalmente de cada detalhe. A planta tem capacidade para produzir 1 milhão de toneladas por ano.
A indústria é uma das mais modernas. O empreendimento do Grupo Brennand, em Minas Gerais, era previsto para iniciar a produção no final de 2009 ou início de 2010, porém só começou a funcionar em 2011.
A Brennand Cimentos volta ao mercado cimenteiro para oferecer produtos de altíssima qualidade sem renunciar à sustentabilidade dez anos depois de ter vendido suas unidades ao grupo português Cimpor. O grupo já atuou com unidades industriais em Goiás, Paraíba e Alagoas, chegando a deter mais de 6% do mercado nacional.
O Grupo inaugurou uma nova unidade no município de Pitimbu, na Paraíba, estado onde já tinha atuado com as unidades que vendo ao Cimpor. Em 2020, a Brennand Cimento se associou ao grupo Buzzi Inacen, uma corporação familiar com mais de 100 anos na indústria de cimento. Ela foi fundada em 1907, com sua sede em Casale Monferrato/ Itália e opera em 12 países, com diversificação geográfica e posições de liderança em mercados atraentes.
O Grupo Brennand possui 607 MW de capacidade instalada, sendo 360 MW oriundos de dezessete centrais hidrelétricas, duas UHEs e 15 PCHs, e 247 MW de oito parques eólicos. Além dos parques eólicos em operação na Bahia, outros três novos estão em construção e vão agregar 93 MW.
Segundo Mozart Siqueira, presidente da Brennand Investimentos, Ricardo Brennand impressionava pela capacidade que ele tinha de ver muito além do seu tempo. “Ele sempre foi um entusiasta do crescimento do Brasil e sempre teve confiança no processo industrial. Com sua visão estratégica sempre aconselhava os acionistas do negócio (seus filhos) e era ouvido".
Segundo a médica Leila Beltrão, presidente do Instituto do Fígado, o empresário pernambucano também tinha uma forte atuação social. Ela classificou Ricardo com homem “além do seu tempo”, seja como empresário bem-sucedido ou um colecionador incansável que também desbravou o lado do empreendedorismo social. “Poucos conheçam o seu lado social. Ajudou várias instituições no anonimato, mas foi há 15 anos atrás que resolveu mostrar a sociedade que um sonho pode se tornar realidade”, disse a médica elogiando a iniciativa que teve a participação de João Carlos Paes Mendonça, do Grupo JCPM.