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Desocupados, vereadores se esforçam para desrespeitar história do Recife

Ruas e avenidas foram se fazendo estrada por conectarem os bairros das cidade como a de Bongi, da Batalha e de Água Fria todas com denominações de mais de 100 anos.

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Fernando Castilho

Publicado em 21/05/2021 às 10:00 | Atualizado em 21/05/2021 às 10:42
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Próxima de completar 500 anos, o que vai acontecer daqui a 16, o Recife é uma cidade de enorme história política, social e econômica. Por ser uma cidade de quase meio século sua geografia foi conquista ao mangue e ao areal, rua por rua, avenida por avenida.

A Rua do Bom Jesus, por exemplo, já foi há mais de 350 anos a Rua dos Judeus, que somente 150 anos depois recebeu a denominação atual. O mesmo aconteceu com a maioria das ruas que a própria comunidade foi nominando, Rua da Hora, da Harmonia, da Saudade assim como as avenidas que foram se fazendo estrada por conectarem seus bairros à cidades como a de Bongi, da Batalha e de Água Fria todas com denominações de mais de 100 anos.

São lições básicas de história que qualquer vereador da capital alfabetizado deveria conhecer e se informar melhor. Até porque será sobre essa história de quase cinco séculos que terão que legislar. Quando não o fazem, revelam não apenas baixa instrução escolar, mas uma enorme mediocridade intelectual.

Apenas esse desprezo pelas aulas de história nos bancos escolares explica a proposta de alguns vereadores em propor a adição de nomes de personalidades ao de ruas cuja população se encarregou de nominar e pelo qual se tornar conhecidos.

A Câmara Municipal do Recife, até já firmou uma legislação de modo a restringir esse tipo de proposta obtusa, determinando que as homenagens a personalidades deveriam ser propostas ao menos após uma no de seu falecimento.

Mas como já se disse antes, os senhores vereadores parecem revelar desprezo até mesmo pela legislação que seus colegas anteriores já firmaram.

Isso quer dizer que quando um vereador que foi mal aluno das aulas de história da escola propõe mudar o nome de ruas como a Nova, Estrada de Belém, ou Sete de Setembro não estão apenas agredindo a historia do Recife, mas passando um atestado de reprovação de matérias básicas no ensino médio. Não é um desrespeito histórico. É má formação intelectual mesmo.

É importante resistir a esse tipo de estultice. É importante que a sociedade reaja a esse tipo de inciativa e que balize definitivamente esse tipo de entendimento medíocre.

Como o Recife é também uma cidade em construção é importante que a própria Câmara crie mecanismos de regulamentação de nominação de novas ruas e avenidas para que cada uma dessas nominações seja de fato o reconhecimento da cidade pelos serviços prestados.

É importante ter presente que o respeito a história do Recife é mais importante que o mandato que a comunidade conferiu a cada um dos vereadores. E eles precisam entender que a sua contribuição à cidade não será reconhecida pelos eleitores por projetos de baixa qualidade como o de (re)nominar ruas que a cidade já escolheu.

E talvez esteja mesmo na hora da presidência da Câmara Municipal pedir ajuda a UFPE, Unicap e demais instituições para que façam um curso de história da cidade para aclarar os conhecimentos aos senhores vereadores. Até para que a maioria aprenda lições básicas que negligenciou no Ensino Médio.

Tarcísio Pereira, Augusto Cesar e Eduardo Campos deram uma enorme contribuição à cidade. Não será a adição de seus nomes às ruas Sete de Setembro, Nova e Estrada de Belém que fará a comunidade reconhecer sua contribuição. Já escreveram seus nomes na história das áreas onde atuaram em vida.

A história do Recife é formada de gente que foi escrevendo a história de cada uma de suas ruas, becos e estradas. Um vereador desenformado sobre isso não tem o direito de desrespeitá-la. O voto dado pelos eleitores nas últimas eleições não lhes assegurou o direito de querer mudá-la para pior.

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