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Com apoio de Lira, Pacheco e mais 200 deputados, Ricardo Barros continuará líder de Bolsonaro na Câmara

Contra Barros, as críticas são que ele articulou emendas em favor da importação de vacina mais cara. Ele tem argumentos e vai defendê-los.

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Fernando Castilho

Publicado em 27/06/2021 às 21:00 | Atualizado em 27/06/2021 às 21:18
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Pode acontecer. Mas a chances de Ricardo Barros deixar de ser líder do governo Bolsonaro na Câmara são próximas de zero. Porque Ricardo Barros não é do tipo deputado descartável, como são os ministros que o presidente dispensou depois de colocá-los no micro-ondas governamental. Barros vai sim para o embate na CPI.

Para entender essa força, é importante ver o histórico de seis mandatos do deputado.

Para começo de conversa, Barros não fala em tom de reverência com ninguém. Sua atuação como líder do presidente não inclui elogios, além dos protocolares. Barros não é de rapapés a governo nenhum.

Barros, para quem convive com ele, não é do tipo de tapinha nas costas e gestos de conciliação. Barros é do embate. No fórum, o bacharel Ricardo Barros atua na teoria do contraditório, não na da doutrina.

No grupo do Centrão, o deputado está entre os cinco que decidem e pronto. Ou alguém acha que Artur Lira tem autoridade para enquadrar o líder do governo? 

Tem mais: como ele mesmo diz na nota em que se defende, desde 2015 ele é presidente da Frente Parlamentar da Indústria Pública de Medicamentos. Essa frente tem 223 membros. De todos os partidos. E essa frente tem atuação intensa no Congresso. Portanto, não dá para qualquer ministro dar notas críticas ao líder.

Para se ter uma ideia da capacidade de atuação de Barros, basta ver o tom da nota. Ele diz que sua defesa pública em favor de mais agilidade por parte da Anvisa e da oferta de imunizantes e produtos para o combate à covid-19 é por que, na sua opinião, o Legislativo deve fazer sua parte para o acesso às melhores práticas e benefícios e ampliação do atendimento à população, e ampliação.

E ele tem razão quando afirma que não há dados concretos ou mesmo acusações objetivas, inclusive pelas entrevistas dadas no fim de semana pelos próprios irmãos Miranda. Ao menos, até agora, não tem mesmo. Contra Barros, as críticas são que articulou emendas em favor da importação. Ele tem argumentos e vai defendê-los agressivamente na CPI.

Agora, do outro lado Governo, o presidente vai para o embate confirmando que disse mesmo o nome de Barros? A Casa Civil vai pressionar para substituir o seu líder? O presidente da Câmara, Artur Lira, vai tomar alguma atitude indicando alguma providência no Conselho de ética?

Então, a questão é: quem no governo Bolsonaro se sente incomodado com a atuação do líder? O fato do presidente ter confessado a dois desconhecidos sua suspeita em relação ao seu líder é suficiente para ele colocar Barros no micro-ondas para dispensa-lo a pedido nas próximas semanas?

Dificilmente. O presidente se envolveu demais na eleição dos presidentes das duas casas. Tratou de muita temas com o Centrão e teve dezenas de conversas com Barros. Daí o silêncio sobre a conversa no Palácio da Alvorada.

Quanto a Ricardo Barros, é certo que ele vai para o embate público e não cogita sequer admitir colocar o cargo à disposição.

Quando ele diz na sua nota à disposição de “prestar os esclarecimentos à CPI da Covid e demonstrar que não há qualquer envolvimento meu no contrato de aquisição da Covaxin”, quer dizer que vai para o depoimento com faca nos dentes.

Ficou caro demais para o governo Bolsonaro dispensar os serviços de deputados como Ricardo Barros.

O presidente conhece o seu líder há pelos menos seis mandatos na Câmara, onde esteve por sete.

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