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Fora do cercadinho, agenda pública mostra Bolsonaro com despacho de ministros, bispos evangélicos e poucos empresários

O presidente não abre mão de participar de solenidades de formaturas de escolas militares, especialmente a de acesso à carreira militar.

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Fernando Castilho

Publicado em 10/07/2021 às 20:00 | Atualizado em 10/07/2021 às 20:31
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Uma parada de 50 minutos no cercadinho do Palácio da Alvorada, esta semana, chamou a atenção para a disponibilidade de tempo do presidente Jair Bolsonaro para conversas com apoiadores, uma vez que tradicionalmente o tempo do chefe do Executivo talvez seja uma das coisas mais difíceis de se administrar, dada a procura de interlocutores e o assédio de políticos, empresários e atores internacionais - pelo tamanho da economia brasileira e o natural interesse em estar com o presidente.

Entretanto, numa consulta à agenda de Jair Bolsonaro é possível constatar que pouca gente tem procurado o Palácio do Planalto, a ponto de no intervalo entre maio e este sábado (10), Bolsonaro ter almoçado apenas duas vezes com empresários e ter recebido apenas dois governadores.

Nesse meio tempo, ele se reuniu ao menos quatro vezes, segundo sua agenda pública,  com líderes evangélicos, entre eles Pastor Silas Malafaia, presidente do Conselho de Ministros Evangélicos do Brasil, e o pastor JB Carvalho, Bispo da Comunidade das Nações.

O que chama a atenção na agenda oficial do presidente é a sua presença em solenidades militares, oito delas fora de Brasília. Além delas, ele esteve, em maio, numa visita às instalações do Comando do Exército. O presidente, pela sua formação militar, de fato, tem feito disso uma marca de sua gestão. Nesta sexta-feira, ele foi à Solenidade Militar de Entrega de Espadins dos Cadetes da Força Aérea Brasileira em Pirassununga (SP).

Foto: Isac Nóbrega/PR
Bolsonaro na cerimônia de juramento à Bandeirada Escola Naval, no Rio de Janeiro. - Foto: Isac Nóbrega/PR

Isso não quer dizer que o presidente não tenha despachado com pouca gente. Mas fora das solenidades de eventos de assinaturas de programas, a rotina de Jair Bolsonaro de segunda a sexta-feira é bem burocrática, com compromissos apenas com os ministros que parecem não ter qualquer dificuldade em encaixar audiências e levar convidados de suas pastas.

Uma das coisas bastante curiosa é a presença de pouquíssimos deputados ou dirigentes de entidades empresariais na agenda presidencial. Especialmente levando grupos de correligionários e associados para conhecer o presidente.

Na verdade, além de Paulo Skaf, Presidente da Fiesp, que regularmente faz uma visita por mês a Bolsonaro, e de George Teixeira Pinheiro, presidente da Confederação das Associações Comerciais, o presidente só esteve nos últimos 70 dias em audiências fechadas com os governadores do Rio de Janeiro, em junho, e Romeu Zema (MG), este na semana passada.

O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, esteve com o presidente no dia 1º de julho. Já o ministro da Economia, Paulo Guedes, segundo a agenda pública, tem se reunido muito com o presidente em despachos isolados, ao menos uma vez por semana, fora os em que comparece com os demais colegas do governo no hall do Palácio do Planalto.

O presidente tem tido pouquíssimos contatos com empresário de porte. Na verdade, além de uma visita ao Palácio do Planalto de Ammar Kanaan, Diretor Presidente Mundial do TIL GROUP - Terminal Investment Limited, Bolsonaro esteve apenas com o Carlos Murillo, Presidente da Pfizer na América Latina, e no Fórum de Investimentos Brasil 2021, ambos por videoconferência.

Fora esses compromissos com atores internacionais, o presidente esteve na Cerimônia de Assinatura do Acordo Brasil - EUA: Programa Lunar NASA Aartemis e, esta semana, na LVIII Cúpula de Chefes de Estado do MERCOSUL e Estados Associados, também por videoconferência.

Certamente, com tempo mais livre, o presidente também tem procurado ir as motociatas, como nos fins de semana, inclusive neste sábado em Porto Alegre, além de ir a cidades pequenas e no interior.

Entre maio e julho, Bolsonaro saiu de Brasília para ao menos 13 cidades onde fez entregas de obras e visitou instalações industriais. Como fez nesta sexta-feira, quando conheceu a planta produtiva da UCSGRAPHENE Caxias do Sul (RS) e jantou com produtores vitivinícolas em Bento Gonçalves, embora a predominância seja mesmo em eventos que possam reunir correligionários.

Outra coisa que chama atenção é a procura muito baixa de audiências de deputados da base aliada. A agenda, entretanto, não registra as conversas do presidente com os líderes do Centrão, embora o líder Fernando Bezerra Coelho as vezes registre uma visita formal na agenda pública.

Foto: Isac Nóbrega/PR
Bolsonaro participa de formatura de curso de oficiais da PMDF - Foto: Isac Nóbrega/PR

Claro que o presidente Jair Bolsonaro não fica no Palácio do Planalto jogando conversa fora com os ministros que despacham no mesmo andar do gabinete presidencial e, certamente, sua agenda, fora do que está registrado, parece ser mais intensa na medida em que as ações da CPI da Covid avançam e passa a surgir uma rotina nos fins de semana em viagens para capitais para andar de moto.

Mas o que se destaca é o grande número de despachos internos sem a recepção de líderes políticos e empresários. O presidente fez apenas uma viagem internacional, quando participou da cerimônia da posse do presidente do Equador, Guillermo Lasso

De qualquer forma, é importante observar como Bolsonaro atende aos convites de solenidades militares especialmente de iniciação da carreira militar. Em junho ele fez questão de ir à cerimônia de Entrega de Boina aos Alunos do 6º ano do Ensino Fundamental no Colégio Militar de São Paulo e à solenidade de Promoção à Graduação de Sargento da Escola de Especialistas de Aeronáutica.

 

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