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Vender carro agora usado não garante compra de novo veículo mais equipado

Novo Commander da Jeep vendeu 1 mil unidades em 24 horas ao preço básico de R$ 210 mil. No Brasil, 1.500 pessoas estão na lista de compra do Porsche

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Fernando Castilho

Publicado em 27/09/2021 às 12:40 | Atualizado em 27/09/2021 às 13:16
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A valorização do carro usado não garante ao proprietário de veículos a substituição por um modelo semelhante, podendo na prática ser uma perda de qualidade das comodidades que o novo carro tenha a menos.

Desde a volta das atividades após a pandemia, o mercado de veículos vem sofrendo uma revolução, com a combinação de uma série de fatores que potencializou a falta de componentes eletrônicos ao redor do mundo.

Na verdade, o setor foi afetado por um incêndio em março do ano passado na fábrica da Renesas Electronics, em Naka, no nordeste do Japão. Poucos conhecem a Renesas, mas ela sozinha é responsável por 30% da demanda global de chips para semicondutores de automóveis, fornecendo principalmente para marcas japonesas como Toyota, Honda e Nissan.

As noticias da pandemia fizeram esse fato passar quase despercebido, mas os efeitos devem durar até 2023.

Os problemas começam quando primeiro a China parou sua rota de transporte ao redor do mundo. Isso fez com que milhões de contêineres com bilhões de peças ficassem parados ao redor do mundo. Como as vendas quase pararam as montadoras puderam atender a demanda.

Mas ai quando a economia voltou eleito apareceu globalmente. E isso também aconteceu no Brasil onde o mercado de usados funciona como um elemento estratégico mais o de veículos novos. 

O primeiro foi uma mudança de atitude como a família voltando a usar o carro em detrimento do transporte publica. Depois a falta de carros novos por falta de componentes eletrônicos não atendeu a essa demanda. A seguir busca de carros usados com mais comodidades como cambio automático aumentou a pressão e para completar a busca de carros por todo o mercado seja por locadoras que precisam trocar suas frotas sejam por pessoas e famílias dispostas a pagar por modelos mais completos.

Segundo o diretor de marketing da Associação Nacional de Autoshoppings, (entidade que reúne as empresas que vendem mais de 60% dos usados no país), Marcello Raposo o fenômeno brasileiro mostra o que aconteceu em vários países, mas não quer dizer que o setor está ganhando mais porque os preços estão mais altos.

O lojista pode até está precisando de menos dinheiro para o negócio, pois os preços estão mais altos, mas as margens caíram por falta de estoque. O lojista vive do giro ele precisa ter carro no pátio, não dinheiro no banco, alerta o empresário que é sócio da rede Arena Motors que opera vários shoppings de usados em São Paulo.

Foto: Michele Souza / JC Imagem
Lojas de carros estão procurando cada vez mais centros de compras para montar estandes de vendas de automóveis - Foto: Michele Souza / JC Imagem

De fato, a alta procura por carros usados e por novos não significa dizer que o cliente esteja disposto a pagar o que o vendedor peça.

Na verdade, o preço subiu, mas não quer dizer que todo mundo pague o preço. Até porque se ele vender seu carro por um preço alto o dinheiro talvez não compre outro com as mesmas especificações.
O mercado de carro brasileiro é um dos maiores na América Latina isso vale para os novos como para os usados.

Nos últimos aos observou-se segundo Raposo um upgrade na preferência do consumidor. Primeiro ele viu que era melhor ter um usado mais tecnológico que um novo básico. Isso fez a preferência dos usados mudarem de patamar.

A seguir da pandemia ajudou as famílias a pouparem e a classe média a guarda ainda mais dinheiro. Parte disso está indo para o carro novo top de linha.

Isso explica porque o novo Commander da Jeep vendeu 1 mil unidades em 24 horas ao preço básico de R$ 210 mil. Ou que no Brasil 1.500 pessoas estejam na lista de compra do Porsche cujo preço de partida é R$ 480 mil. Ou que os modelos da Mercedes também acumulem lista de esperar de até seis meses.

Foto: Sílvio Menezes/JC
Muitos dos carros exibidos na mostra paulista são modelos que chegam às lojas em breve - Foto: Sílvio Menezes/JC

Para Raposo esse é um quadro que ainda deve durar alguns meses podendo chegar até 2022. Na verdade, diz ele tivemos no Brasil uma combinação de vários fatores que nos levaram a essa situação inclusive pelas nossas deficiências do transporte publico que levou as pessoas optarem pelo transporte individual.

 

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