Imóveis de luxo em Boa Viagem puxam vendas de apartamentos com preços acima de R$ 2 milhões em antigos endereços
Imóveis maiores, com novas áreas para trabalho em home office, são tendência no mercado imobiliário do Recife
Nas últimas semanas, o mercado imobiliário do Recife começou a viver uma nova agitação, com a abertura de listas de interessados em novos empreendimentos, nos segmentos A e B, especialmente em Boa Viagem, onde as grandes construtoras finalizam as últimas tratativas burocráticas para anunciarem os projetos.
Esse segmento tem uma característica curiosa. Quase não se lê qualquer anúncio. Na verdade, as pessoas só sabem que vai acontecer alguma coisa quando, de repente, o terreno ou o prédio é cercado de tapumado com a marca de uma das construtoras tradicionais.
Outra coisa: são imóveis grandes para os padrões do mercado onde em minúsculos 80m² cabem sala e três quatros com uma suíte. Nesse mercado são imóveis com apenas um por andar e apartamentos com 150, 200, 250 e até 300m² com quatro quartos, varanda gourmet, e a novidade: varanda office, que é um espaço onde o proprietário pode trabalhar olhando o mar ou um parque verde.
Parece que não existe crise nesse segmento, embora as construtoras se queixem do aumento de custos. Os preços variam de R$ 12 mil o m² a 16 mil m². Isso quer dizer que os apartamentos ainda na planta podem custar entre R$ 1,8 milhão e até R$ 3 milhões, as super coberturas.
Moura Duebux, Malus e Rio Ave, no Pina; Vale do Ave e Gabriel Bacelar, em Boa Viagem e Santo Antônio e Ceta, em Setúbal, são apenas alguns nomes de tradicionais construtoras que convocam corretores para novos edifícios residenciais.
No começo ano, projetos como os primeiros três residenciais do Cais José Estelita foram comercializados rapidamente. Além das duas torres, onde existiu o Monte Hotéis, e das vendas das duas torres do Bruneilde Trajano, onde existiu a famosa Galeria Corta Jaca, e o Edifício Alberto Ferreira da Costa, da Rio Ave, onde existiu o Edifício Caiçara, todos vendidos em poucas semanas.
É um movimento resultante da parada na economia, avalia José Maria Miranda, responsável pelo segmento de Alta Renda, na Paulo Miranda Imóveis, que atua especificamente no segmento. “Temos um movimento de valorização do lugar de morar e isso, na medida em que obrigou as empresas a redesenhar os projetos para esse novo cliente, permitiu o aceite de um preço dentro do padrão”, diz o corretor especializado em imóveis de luxo.
O segmento é de Alta Renda, como são denominados os novos prédios com preços acima de R$ 1,6 milhão, ou clientes que topam pagar até R$ 16 mil o m². Segundo o corretor, o segmento voltou da crise com um apetite voraz que fez as construtoras praticamente zerarem os estoques, acelerando o início de obras, enquanto vão retirando a conhecida placa de “Últimas Unidades.”
Esta semana, a Construtora Malus, liderada pelo ex-presidente do Sinduscom, José Antonio Lucas Sinón, anunciou um novo edifício residencial na Capitão Rebelinho na esquina com rua Vicencia. Vai se chamar Parador Parador de Madrid.
Por sua vez, a Rio Ave deve anunciar, ainda este mês, um novo prédio na região, na antiga McDonald’s, na Avenida Conselheiro Aguiar, no bairro do Pina. Além de três novas torres da Moura Dubeux no José Estelita.
Na Avenida Boa Viagem, a Construtora Malus em parceria com a Moura Dubeux vai fazer a transformação do icônico hotel Internacional Lucsin Palace, na Avenida Conselheiro Aguiar, num residencial como o mesmo nome.
O prédio é um marco porque foi projetado pelo Arquiteto Acácio Gil Bolshoi e ambientado pela paisagista Janete Costa, que agora será comercializado para quem deseja um imóvel entre 28 e 150 m2 e deve ser entregue em 42 meses.
O movimento não deve parar. Nas próximas semanas, na Domingos Ferreira, a Construtora Gabriel Bacelar vai anunciar o lançamento de duas torres de apartamentos compactos, onde funcionou a América Ford.
Finalmente, a Vale do Ave programa nova torre na Rua Amazonas. A Vale do Ave, que também atua no segmento de alta renda, não teve dificuldades em comercializar também em Boa Viagem o Edifício Capiba no terreno onde funcionou um colégio.
Segundo José Maria Miranda, a pandemia também provocou a procura de muitas habitações na região de Porto de Galinhas. Primeiro porque muita gente saiu do Recife para “se abrigar” nos imóveis de segunda residência que havia comprado até como investimento. O medo da covid-19, mudou comportamentos e abriu um leque do oportunidades.
O confinamento da pandemia não deixou o mercado parado, especialmente na disputa das últimas glebas na praia de Muro Alto, para onde estão reservados, ao menos, três novos empreendimentos que combinam flat com hotelaria.
Muro Alto viveu este ano o recorde de valorização com alguns empreendimentos sendo comercializados a R$ 18 mil o metro quadrado, devido ao apelo dos projetos já instalados e promessa de melhoria, por parte do governo, dos acessos rodoviários.
Esse movimento levou ao lançamento do condomínio de terrenos à beira mar, Quintas do Paiva, do Grupo Cornélio Brennand, no Paiva, e, nas próximas semanas, o primeiro projeto do Grupo Ricardo Brennand na mesma área, em parceria com a Rio Ave.
A busca por novas áreas já chegou à praia de Carneiros, onde as mesmas empresas passaram adquirir áreas depois do sucesso dos projetos de resorts e condomínios, prevendo que a região seja o novo destino de segunda residência da classe A de Pernambuco.