Desafio de Paulo Câmara é gastar parte de R$ 1,3 bilhão que poderá contratar em janeiro antes de deixar o governo
Nos últimos meses - enquanto o secretário de Saúde André Longo sinaliza a queda dos índices de redução de contaminação pela covid-19 e o secretário Décio Padilha, da Fazenda, lhe informava a melhoria dos números da arrecadação, especialmente do ICMS - o governador Paulo Câmara começou a despachar um pacote de editais para a contratação de serviços de pavimentação de, ao menos, 100 trechos de rodovias em todas as regiões do Estado.
Um movimento tão forte que acabou transformando a secretaria de Infraestrutura numa espécie de central de licitações que há muitos anos não se via.
Isso se deu porque o DER-PE, certamente a autarquia mais desestruturada de toda a máquina publica do Estado, cuja maioria de seus servidores espera apenas o momento de se aposentar, começou a ter demandas para a produção de editais, numa pressa que simplesmente não tinha como entregar. E isso exigiu que a própria secretaria lhe socorresse para atender a demanda.
Não foi só do DER. A Compesa, a estatal que o governador acompanha mais de perto também recebeu sinal verde seja para acelerar as contratações do Complexo da Adutora do Agreste de modo que até maio do ano que vem ligue á água da Transposição no maior número de cidades possível.
Na última segunda-feira, o governador viu ser aprovada a autorização para contratar até R$ 1,3 bilhão em ao menos quatro bancos com quem está conversando, fechando o escopo financeiro que desenhou e que genericamente expôs em setembro quando lançou o Projeto Retomada, onde fala que o estado pode investir R$ 5 bilhões num grande pacote de obras.
O problema é que 2022 é logo ali. E, a menos que o governador decida que vai cumprir todo o mandato e entregar o cargo ao seu sucessor, o tempo que lhe resta até abril próximo – exatamente seis meses – não terá como entregar muita coisa e, no caso do empréstimo, talvez apenas assinar os contratos.
Isso explica porque os minguados 12 editais lançados ano passado e outros 12, de 2019 tenham sido superados por mais de 40 processos de contratação de obras de construção da própria secretaria de Infraestrutura, restauração e pavimentação de estradas pernambucanas.
É tanta obra e tanta solenidade que nas últimas semanas a própria secretária, Fernadha Batista levada para a pasta por indicação do então prefeito Geraldo Julio, tenha virado uma peça importante do xadrez político do Estado já que é quem define as obras que tanto agradam os prefeitos.
Outra mulher, também indicada pelo então prefeito Geraldo Julio, desta vez para a Compesa, Manoela Marinho virou peça importante no quadro de assessores com quem o governador fala diariamente sobre o andamento das obras da Adutora do Agreste.
O entusiasmo do Governo está precificado nos termos da Lei orçamentária Anual que fixou para o exercício financeiro de 2022, na importância de R$ 45.421.656.700,00 (quarenta e cinco bilhões. quatrocentos e vinte e um milhões seiscentos e cinquenta e seis mil e setecentos reais) onde estão previstos operações de crédito da dívida fundada, até o limite de R$ 1.348.958.100,00 (um bilhão, trezentos e quarenta e oito milhões, novecentos e cinquenta e oito mil e cem reais)
É a primeira vez em seis anos que o documento vem com a perspectiva de contração de empréstimos.
Quando lançou o Projeto Retomado disse que só poderia voltara falar em investimentos depois de enfrentar a crise econômica, a partir de 2015, e a emergência da Covid-19, que ainda estamos atravessando, com muita responsabilidade e trabalho. Recuperamos nosso status de captação de crédito no mercado e que isso era o estava possibilitando o maior investimento da história de Pernambuco dos quais R$ 3,7 bilhões em 2022.
Mas a questão central continua. Com apenas 14 meses de governo o Governador vai poder mostrar o chamado pacote de obras? Não dá para obras mais robustas como a triplicação da BR-232 no Curado ou do Arco Metropolitano. Ou bancar um completo retrofit no Centro de Convenções.
Nas estradas estaduais e na Adutora do Agreste que trabalha para receber mais recursos na União sim.
Mas quem espera por investimentos de grande porte só mesmo quando Paulo Câmara detalhar.
Sabendo que dependendo do projeto talvez só possa mesmo assinar a ordem.