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Para Bolsonaro, a vida é uma viagem; Mesmo numa reunião do G-20

Ponto alto da viagem para Bolsonaro será ir a Anguillara Veneta onde a Câmara Municipal aprovou uma homenagem a ele.

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Fernando Castilho

Publicado em 31/10/2021 às 21:00 | Atualizado em 31/10/2021 às 21:26
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Depois que Jair Bolsonaro assumiu a presidência, após uma campanha eleitoral única, as pessoas passaram a colocar na cabeça que o capitão estava pensando mesmo em fazer uma revolução liberal na economia brasileira e reascender a ideia de um conservadorismo social que boa parte da classe média sentia falta com a onda de liberalismo que o mundo viveu até a eleição de Donald Trump.

Eleito, o presidente foi apresentado como um estrategista de sobrevivência política capaz de não depender do Congresso, de ignorar o Centrão e que o ministro Paulo Guedes faria mesmo uma revolução com um pacote de privatizações, racionalização dos custos da máquina pública e um pacote de reformas que destacariam o Brasil como potência liberal.

No Congresso, deputados como Onyx Lorenzoni, organizavam conversas que fez muito deputado com mais três ou quatro mandatos pensarem que estávamos mesmo num outro patamar.

Se a gente olhar um pouco no retrovisor tinha tudo para dar certo. Discurso de anticorrupção com Sérgio Moro, economia liberal com Paulo Guedes e um base de generais de altíssimo conceito como o Carlos Alberto dos Santos Cruz, que é um líder na caserna. Só faltava combinar tudo isso com o capitão.

Deu errado como o país está vendo depois de 34 meses,, Mas é importante observar como muita gente ainda acredita que o presidente está preocupado com sua biografia e de como passará para a história.

E parece claro que formadores de opinião, empresários, ONGs e jornalistas ainda acreditam piamente que em algum momento Jair Bolsonaro vai surpreender. Eles fazem ácidas criticas, mas torcem que o presidente se enquadre.

Sua ida ao G-20, neste final de semana, é um bom momento. Havia uma expectativa que o Itamaraty organizasse conversas, que ele conseguisse conversar com os líderes e contasse de suas ações para ajudar na recuperação.

Alguns até pensavam que depois da covid-19, o presidente, por exemplo dissesse aos seus interlocutores no G-20 que seu país acredita muito nas vacinas e que mira chegar em 70%, até o final do ano e que deseja entrar no esforço de doar vacinas a países pobres.

Pura ilusão. O presidente foi a Itália para conhecer Roma, tirar fotos na praça do Vaticano, se hospedar na luxuosa embaixada brasileira, fazer uma boas selfies com apoiadores e dar bordoadas na Imprensa.

Imagina se Bolsonaro estava interessado em conversar com Biden, Macron e o novo chanceler da Alemanha? Ele até conversou com o presidente da Turquia, Tayyip Erdoan. Mas trocou só duas dúzias de frases e, como se viu, não falou exatamente a verdade sobre sua popularidade.

Alan Santos
No encontro do o presidente da Itália. - Alan Santos

Bolsonaro poderia, por exemplo, aproveitar o encontro com a senhora Angela Merkel, que pensa grande e vem dizendo aos demais lideres que é um equívoco o mundo isolar o Brasil. A senhora Angela Merkel teve boa vontade. E se Bolsonaro pedisse a Chancelaria teria uma conversa boa com ela. Ele ate teve, quase por acaso. Porque a senhora Merkel olha para o Brasil -um parceiro comercial grande - e não para Jair Bolsonaro.

Mas Bolsonaro foi a Itália para ver Roma, dar uns bordejos, ver se comia uma boa focaccia, saborear um bom prosciutto de Parma e tentar descobrir uma legitima pizza modelo patrimônio nacional da Itália.

Ele até foi as solenidades. Sentou-se com os líderes naquela mesa enorme que ele , certamente, achou um saco. Depois vasou e foi passear.

Neste domingo queria mesmo era deixar Roma depois de mais umas fotos. Mas aí a imprensa atrapalhou. Durou 10 minutos sua saída. Voltou frustrado.

E Bolsonaro queria explicar por que não vai a COP-26? Quem disse que ele estava na Europa para debater isso?

Alan Santos
Encontro com representantes brasileiros na embaixada, - Alan Santos

Às vezes, diante de uma situação de crise e de medo, as pessoas começam a pensar que tudo vai melhorar e que as pessoas vão mudar no final do filme de tragedia.

Não funciona. O presidente estava mesmo é interessado em conhecer a cidadezinha onde nasceu seu avô. Ele quer mesmo é ira a Anguillara Veneta onde a Câmara Municipal aprovou uma homenagem a ele.

Como diz o slogan clássico da United. A vida é uma viagem.

Jair Bolsonaro quer apenas isso.

Alan Santos
Depois da reunião doG-20 nada como visitar a Piazza Navona - Alan Santos

 

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