5G ainda é uma promessa, mas comércio vive explosão de vendas de aparelhos com a nova tecnologia embarcada
O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking de países em que as pessoas passam mais tempo nas redes sociais
O Brasil ainda não instalou sua primeira antena para receber o sinal do 5G, mas o varejo de smartphones já está uma festa. Na Black Friday, as indústrias que dispõe de modelos com a tecnologia embarcada comercializaram o que tinham no estoque simplesmente porque o cliente não conseguiu esperar para que a sua operadora passe a oferecer o serviço.
Na verdade, as operadoras já admitem que mais de 70% de suas vendas diretas com pacote de serviços estão relacionadas a cessão de aparelhos com 5G por exigência do cliente.
E embora o ministro das comunicações, Fábio Faria, insista na informação de que o Leilão do 5G “não foi feito para arrecadar recursos com as licenças, mas para que nenhum lugar do Brasil fique sem internet”, a verdade é que o mercado de smartphones aposta na venda de milhões de aparelhos com a tecnologia em 2022.
Quando se afirma que o 5G no Brasil será o laboratório para a tecnologia fora da China, efetivamente, está se falando de, ao menos, 100 milhões de aparelhos que podem ser vendidos a partir de 2022. É, disparado, o maior potencial do mundo não asiático.
Isso deve provocar uma pequena revolução no mercado antes mesmo que a tecnologia esteja funcionando.
E o fenômeno não vai ser provocado apenas por Claro, OI e Vivo. Vai ser essencialmente das pequenas operadoras que correm para colocar o serviço antes da gigantes.
Teremos o fenômeno do “eu tenho um 5G” e isso não vai ser apenas nas capitais.
O boom da venda de aparelhos se dará mesmo nas cidades que serão atendidas por operadoras regionais, que programam oferecer a tecnologia antes das gigantes.
O novo boom do mercado faz sentido, já que o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking de países em que as pessoas passam mais tempo nas redes sociais, com uma média diária de 3 horas e 31 minutos, atrás apenas de Filipinas (3h53) e Colômbia (3h45). Nesse quesito, a média mundial é de 2 horas e 24 minutos de uso por dia.
O modelo que, segundo Fábio Farias “foi exemplo para o mundo”, não é um grande negócio para as empresas - como do agronegócio - que serão beneficiadas com a chegada da tecnologia de ponta. Vai ser para as fabricantes de aparelhos, "ainda que todas as vantagens que a tecnologia ofereça", destaca o ministro.
"A nossa maior preocupação com o processo do leilão foi garantir internet para quem não tem. Não só as empresas - como do agronegócio - serão beneficiadas com a chegada da tecnologia de ponta, mas também as comunidades com 30, 100 pessoas, que receberão, no mínimo, a internet 4G", ressaltou
Claro que a contrapartida para as operadoras que arremataram os lotes de radiofrequência é oferecer um padrão mínimo de 4G. O que agita o setor é o que os grandes fabricantes vão oferecer. No final, vamos ter um novo fenômeno de vendas (o que não quer dizer super conectividade) pelo desejo de consumo do cliente brasileiro que adora trocar de telefone apenas para mostrar aos amigos que o seu é o mais novo. E nada mais novo que um 5G.
Tem mais: O governo aposta que levará, efetivamente, o sinal de internet a centenas de municípios, usando os 35,7 mil quilômetros de estradas, especialmente, rodovias como a BR-116 (a maior do país), a BR-101 (que acompanha o litoral), a BR-163 (fundamental para o escoamento de grãos) e a BR-230 (Transamazônica).
"O leilão do 5G foi um sucesso em todas as perspectivas e um marco na dinâmica concorrencial no mercado de telecomunicações para os próximos anos, com a entrada dos operadores regionais e um novo player em âmbito nacional", destacou Carlos Baigorri, Conselheiro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e relator do edital do 5G, em entrevista exclusiva para a série "5G: a conexão com o futuro",
No edital, ficou definido que as operadoras poderão usar a faixa de servidão para a implantação de sistemas 5G de modo que todos os estados brasileiros serão beneficiados com a chegada da melhor conexão.
Segundo o ministro, a comercialização de redes privativas irá revolucionar o setor produtivo e a chegada de cinco novas operadoras promete maior concorrência e, consequentemente, melhor qualidade e preço.
"As regiões Nordeste e Centro-Oeste agora contam com a Brisanet, o Norte com a Sercomtel, no triângulo mineiro entrou a Algar, em Minas, Rio de Janeiro e no Espírito Santo a Cloud2U", no Sul o Consórcio 5G Sul e a Winity II como entrante nacional.
Isso se deu no Nordeste, onde o Grupo Brisanet chegou a quase 1 milhão de clientes em sete estados - Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Piauí e Sergipe. Ele pagou mais de R$ 2 bilhões para oferecer o serviço na região e encerrou o mês de novembro atendendo a 824.822 clientes do Nordeste, passando na frente de 4,2 milhões de domicílios, em 115 cidades.
Faz sentido. O número reúne as bases do Grupo: Brisanet e a rede de franquias Agility Telecom. A companhia detém 25% de market-share global da região e venceu a licitação para operar o 5G.
O Nordeste vivenciará um salto de conectividade nos próximos anos, após a conclusão do leilão do 5G. Com os compromissos definidos na licitação, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe serão beneficiados com infraestrutura de telecomunicações, que irá ampliar, exponencialmente, o acesso à internet.
Entre os principais serviços que vão chegar: 5G em todos os municípios, 4G em localidades com pouca (ou nenhuma) conexão e em trechos de rodovias sem cobertura de rede móvel. Muitos olhos estão voltados para a região por registrar o maior ágio do certame.
Em dezembro de 2020, o Brasil registrou mais de 234 milhões de acessos móveis à internet. Acesso móvel é o nome dado, por exemplo, para os chips de celular ou tablet que podem ser usados para serviços de voz ou de conexão à internet, como a tecnologia 3G e 4G. Os números de 2020 representam um aumento de 7,39 milhões em relação a 2019, o equivalente a 3,26%.
Os dados são do relatório de acompanhamento do setor de telecomunicações, publicado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O documento reúne números nacionais, por Unidade Federativa, por empresa prestadora do serviço, por tecnologia, por tipo de produto e modalidade de cobrança, entre outros.