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Depois de garantir orçamento secreto, Centrão deixou "pauta bomba" para Bolsonaro no OGU 2022

Lideranças no Congresso asseguraram as emendas de relator e ignoraram os projetos do Governo aprovando pacote de despesas sem receitas.

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Fernando Castilho

Publicado em 09/01/2022 às 20:30
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A julgar pela resignação com que o presidente Jair Bolsonaro vem falando sobre as dificuldades de manter a desoneração de 17 da economia, o Refis de microempresas e até aumento de policiais militares, ele já percebeu que o que Ciro Nogueira (Casa Civil), Fernando Bezerra (líder no Senado), Artur Lira (Câmara), Rodrigo Pacheco (Senado) Ricardo Barros (líder na Câmara) e Eduard Gomes (líder da maioria), lhe entregaram para que aprovasse o Auxilio Brasil foi muito pouco em relação aos problemas que deixaram para o Governo em 2022.

Parece claro que o grupo cuidou, primeiro de seus interesses na reeleição; depois da reeleição dos grupos abrigados nas emendas de relator e só depois dos projetos do Governo que tinha interesse numa série de projetos que o Congresso simplesmente ignorou.

E com o “serviço” que esse grupo entregou ao presidente ele não precisa de Oposição.

Diante dos furos que existem hoje no OGU 2022 pode-se afirmar tranquilamente que os líderes do Governo armaram uma "pauta bomba" semelhante a que Eduardo Cunha armou contra Dilma em 2015.

Com o detalhe de que Eduardo Cunha estava em guerra aberta com a presidente e todo esse grupo o acima oficialmente está listado.

Marcos Correa
Artur Lira e Ciro Nogueira asseguram apoio ao presidente - Marcos Correa

Na prática, depois das férias, o presidente precisou desesperadamente se abraçar com o chefe da Secretaria de Assuntos Jurídicos e com o Advogado Geral da União para não cometer um pacote de “pedaladas fiscais” de consequências graves já em 2022.

E o Governo realmente corre riscos sérios com tantas despesas sem orçamento. Com o TCU em cima dele olhando tudo.

Pode-se dizer que o Congresso ajustou direitinho as necessidades do Centrão mas deixou para lá as necessidades do Governo.

Numa situação normal o presidente se tivesse força política já tinha convocado todos eles (inclusive FBC) para fazer uma pergunta simples: O que diabos de suporte vocês ofereceram ao Governo que exige do presidente o veto e desgaste das arapucas que os senhores deixaram armadas?

Aqui para nós e o povo da rua. Para aprovar “essas questões” como costuma dizer Bolsonaro não precisava ter esse batalhão de nulidades em questões centrais para Governo.

Bolsonaro que já sabe que vai perder 12 ministros a partir de 31 de março. Mas o problema é ter que administrar sozinho o Governo, coisa que não fez em três anos.

Agora sejam honestos. Alguém acha que de Ciro Nogueira a Ricardo Barros, ou alguém do Centrão vai estar preocupado como a performance do Governo em 2022. Já a partir deste mês, nenhum deles está interessado nos problemas que o orçamento deixou para o Governo.

Bolsonaro só vai poder contar com gente como o Hélio Lopes (PSL-RJ), Bia Kicis (PSL-DF), Carla Zambelli (PSL-SP), General Girão (PSL-RN) e Filipe Barros (PSL-PR) além dos filhos. Nenhum líder do Centrão vai estar junto ao presidente.

Ah, o presidente já pagou todo o pacote de exigências do Central. Como revelou um estudo feito por assessores do senador Alessandro Vieira (Cidadania-RE) e conjunto com os deputados Filipe Rigoni (PSB-ES) e Tabata Amaral (PSB-SP) Bolsonaro entregou R$ 5,7 bilhões através de emendas do orçamento secreto.

E, exatamente, por isso é que os deputados não estarão mais interessados em estar junto de Bolsonaro. Ele já pagou.

Isso não quer dizer que o presidente não tenha mais sustentação. Não é isso. Tem, mas o que importa é que o presidente pagou a vista na esperança de que o Centrão lhe entregar a prazo.

Então a questão é: Este ano, o presidente pode não ter mais tinta na caneta, mas tem uma base mínima no Congresso e uma ruídos base de seguidores nas redes sociais. Se isso vai lhe levar ao segundo turno é a pergunta de US$ 1 bilhão. Porque, para o Centrão, Jair Bolsonaro é bananeira que já deu cacho.

Marcos Correa
Lideres da Câmara aprovam a proposta do Auxilio Brasil - Marcos Correa

 

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