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Brasil capta R$ 600 bilhões e governo não consegue passar imagem positiva ao mercado

Relatório da Ambima mostra que, ano passado, as empresas brasileiras captaram quase R$ 600 bilhões (596 bilhões) onde R$ 128,1 bilhões

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Fernando Castilho

Publicado em 13/01/2022 às 11:00
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Já se disse que o governo Bolsonaro é muito ruim de aproveitamento de notícia boa. E competentíssimo em expandir notícia negativa. A gente lembra que, em 2020, Bolsonaro pagou R$ 230 bilhões de Auxílio Emergencial e só descobriu que isso melhorava sua imagem no Nordeste depois que as pesquisas captaram o fenômeno.

Talvez porque o presidente estava mais interessado em, pessoalmente, potencializar a crise da covid-19.

Mas isso se deu também na economia em 2021. O relatório da Ambima mostra que, ano passado, as empresas brasileiras captaram quase R$ 600 bilhões (596 bilhões) onde R$ 128,1 bilhões foram com ações, incluindo via aberturas de capital (IPO, na sigla em inglês), batendo um recorde.

Poucos países no mundo lançaram US$ 22,8 bilhões em ações e os investidores compraram. Mas envolvido num embate maluco sobre precatórios, o Ministério da Economia nem viu isso.

E mais: as empresas também fizeram emissões de debêntures, R$ 253,4 bilhões (U$ 42,5 bilhões), mais que o dobro dos negócios de 2020, mas Paulo Gudes estava falando de aumento de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica.

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As ofertas públicas de Fundos de Investimento - ARTES

Tem mais: durante seis meses, enquanto a economia se recuperava (mesmo com a infl ação subindo), o governo não conseguiu chamar a atenção do mercado para a reação dos investidores nos programas de concessões porque só falava das negociações de baixo nível com o Centrão.

Bolsonaro é um caso raro de projetar crise até quando dá notícia boa. Atingiu o “Estado da Arte” em esculhambação de comunicação institucional. Brilhante.

O relatório da Ambima diz que total de ofertas no mercado de capitais brasileiro atingiu R$ 596 bilhões em 2021. O resultado é 60% maior do que em 2020 – ano marcado pelo início da pandemia e por grande incerteza dos investidores com relação à economia.

Somente em dezembro, o montante captado foi de R$ 78,5 bilhões e contou com grande participação dos FIDCs – com R$ 26,3 bilhões em ofertas. A quantia captada no mês foi a maior para essa classe de ativos em 2021 e contribuiu para que esses fundos encerrassem o ano o com R$ 85,3 bilhões em captações. O valor é mais do que o dobro captado em 2020.

Um fato que chamou a atenção está relacionado com as debêntures. Debêntures, como se sabe, é um titulo que a empresa emite ao mercado para ampliar investimentos.

Pois bem. Elas também tiveram bom desempenho no último mês do ano e alcançaram R$ 28,7 bilhões em ofertas – totalizando R$ 253,4 bilhões captados em 2021, e, a exemplo dos FIDCs, também dobraram o montante registrado em 2020.Com relação às destinações desses recursos, não houve alterações significativas em comparação ao ano anterior. Capital de giro (33,3%), refinanciamento de passivo (22%) e investimento em infraestrutura (21,2%) seguem como as principais finalidades dos investimentos.

Intermediários e demais participantes ligados à oferta, que antes representavam 64,3% dos subscritores das debêntures, fecharam o ano com 45,4% das emissões de 2021, seguidos pelos fundos de investimento – que saíram de 23,5% em 2020 para 38,6% neste último ano.

Ainda sobre os ativos de renda fixa, os CRIs e CRAs alcançaram os maiores valores em ofertas para um único mês em 2021. Os certificados de recebíveis imobiliários captaram R$ 6,9 bilhões, totalizando R$ 34 bilhões no ano passado, mais do que o dobro do valor captado em 2020.

Os certificados de recebíveis do agronegócio registraram R$ 4,6 bilhões em dezembro, fechando o ano com R$ 23,1 bilhões em captações – valor é 52% maior do que as ofertas registradas no ano imediatamente anterior.

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