Com mais vacinas para crianças, Pfizer dá o troco ao governo Bolsonaro, que a esnobou
Pfizer também está dando um duro recado ao governo Bolsonaro que a esnobou e mandou um porta-voz negacionista dizer que que vacina era experimental
A Pfizer entregou hoje (17), no aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), mais 1,2 milhão de doses da vacina pediátrica comprada pelo Ministério da Saúde. A entrega do segundo lote de imunizantes foi antecipada pela empresa, já que as vacinas só chegariam ao Brasil no dia 20 de janeiro.
Não foi apenas um gesto de solidariedade da empresa americana que virou a maior fornecedora de vacinas anti-covid-19 para o Brasil.
A Pfizer também está dando um duro recado ao governo Bolsonaro que a esnobou e mandou um porta-voz negacionista dizer que que vacina era experimental, naquela audiência inócua onde Bia Kicis virou porta voz do ministério da Saúde.
Naquela audiência, a única coisa que a diretora da empresa fez questão de dizer, com dados e informações internacionais, era que a vacina para crianças não era experimental.
Tanto que o presidente e CEO da Pfizer, Albert Bourla, esforçou-se em dizer que a empresa estava ansiosa para estender a proteção conferida pela vacina a esta população mais jovem, sujeita à autorização regulatória, especialmente porque "rastreamos a disseminação da variante delta e a ameaça substancial que ela representa para as crianças".
Por isso, quando hoje de madruga o Brasil foi surpreendido pela chegada de mais um cargueiro da Wordwide Services no aeroporto de Campinas, existia um forte gesto político da empresa em dizer: apesar de termos um contrato para entregar vacinas uma vez por semana, nós podemos entregar mais.
Pouca gente sabe mais a Wordwide Services é o braço aéreo da gigante americana UPS, que disputa o mercado global com a Fedex. Ela tem uma frota de aviões de carga maior que quase todas as empresas e é quem está entregando as vacinas da Pfizer no mundo inteiro.
Por contrato, a Pfizer deverá entregar 3,7 milhões de doses em janeiro. Também há o compromisso da empresa em entregar 20 milhões da vacina pediátricas no primeiro trimestre deste ano.
A distribuição dos imunizantes aos estados tem sido feita pelo Ministério da Saúde, mas o gesto de hoje diz muito, embora para a Pfizer fazer isso não seja problema.
No Brasil, a vacina da Pfizer/BioNTech contra a covid-19 já pode ser aplicada em criança de 5 a 11 anos, após análise e autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Desde julho que a farmacêutica Pfizer está desenvolvendo no Brasil sua maior operação de entrega de vacinas a um país na América do Sul. Em duas semanas, ela entregou mais 13,2 milhões doses da vacina contra a covid-19 ao Brasil até o dia 1º de agosto.
A companhia contratou a operadora norte-americana UPS para enviar ao País os lotes de vacinas. Foram 13 voos diretos com saída de Miami (EUA) e chegada no Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), a partir desta terça-feira (20).
Essas vacinas são produzidas na fábrica da empresa em Kalamazoo, no estado de Michigan (EUA), de onde são despachadas de avião até o Aeroporto Internacional de Miami, nos Estados Unidos, para então seguir viagem rumo ao Brasil.
Em média, os imunizantes serão descarregados do avião entre 30 minutos e 1 hora, dependendo da quantidade, e enviados para o centro de distribuição do Ministério da Saúde, em Guarulhos.
Desde maio, a Anvisa autorizou que as vacinas da Pfizer podem ser mantidas em temperatura controlada entre 2ºC e 8ºC por até 31 dias. A orientação anterior era de cinco dias.
Antes da liberação dos frascos para a vacinação, as doses da Pfizer precisavam ser armazenadas em caixas com temperaturas entre -25°C e -15°C por, no máximo, 14 dias. Tais condições não permitiam que a vacina fosse enviada para municípios distantes mais que 2h30 da capital do estado.
A vacina foi a primeira a obter registro sanitário definitivo pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).