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Suape fará empréstimo para concluir dragagem de seu canal de acesso principal para receber supernavios

Como estatal, Suape pode sozinha alavancar investimos por não ter endividamento e um caixa com mais de R$ 180 milhões. O porto aposta numa movimentação acima de 80 milhões de toneladas/ano com atividades previstas para o complexo

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Fernando Castilho

Publicado em 19/01/2022 às 7:00 | Atualizado em 19/01/2022 às 19:19
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O Complexo Portuário de Suape está pedindo ao seu controlador, o governo do Estado, autorização para contratar um empréstimo para concluir a dragagem de seu canal principal, elevando o calado para 20 metros, 4,4 metros a mais que o que já opera hoje.

Embalado com a performance no ano passado, quando obteve um crescimento de 11,56% na receita líquida e um lucro líquido de 19,82%, após investimentos de mais de R$ 70 milhões, o porto agora deseja concluir o seu mais importante projeto de infraestrutura.

O valor deve ser conhecido em dois meses, quando a empresa contratada para orçar a obra entregar o valor atualizado. O último número era R$ 400 milhões, quando a União deveria liderar o contrato.

Mas o governo federal está mudando a legislação e saindo dos projetos de investimentos em terminais portuários com o programa de concessões que, indiretamente, vai ajudar Suape a reprogramar seus investimentos.

Esta semana, Suape contratou um consórcio para atualizar o Plano Diretor, mas segundo o presidente da companhia, Roberto Gusmão, a definição da duplicação da Refinaria Abreu e Lima e do projeto da Transnordestina, que exigirá um terminal na ilha de Cocaia, obrigam o porto a se preparar para abrigar super navios que exigem calado de 20 metros com maior segurança.

Como estatal, Suape pode sozinha alavancar investimos por não ter endividamento e um caixa com mais de R$ 180 milhões.

Mas o acionista controlador pode entrar como investidor, admite Gusmão que aposta numa movimentação do porto acima de 80 milhões de toneladas/ano com atividades previstas para o complexo.

No ano passado, mesmo com a parada técnica da Refinaria Abreu e Lima, que reduziu em 3 milhões de toneladas a movimentação de granéis líquidos, Suape fez investimentos no complexo portuário como reflorestamento, recuperação de molhe e nos piers de atracação, melhoria rodoviária, iluminação no porto organizado, uma nova torre de controle e requalificação do prédio da autoridade portuária.

Mas a pressão por mais obras deve crescer com a retomada da economia, o terminal vai ter mais movimento.

MELHORIA DE DESEMPENHO

No ano passado, terminal de granéis sólidos do Porto de Suape, localizado na retroárea do Cais 5, voltou a operar depois de dois anos e três meses com as atividades paralisadas. A área dispõe de 72 mil metros quadrados para movimentação e armazenagem de cargas diversas. Com essa retomada, Suape terá incremento na exportação e importação, tais como açúcar a granel e em sacos, granéis sólidos em geral, como fertilizantes e barrilha.

O navio Lipsi, de bandeira da Ilha de Malta (país europeu), foi o primeiro navio com carga importada de coque verde de petróleo que o Porto de Suape recebeu. O desembarque foi de 33 mil toneladas do produto.

De acordo com estimativa realizada pela Superintendência Regional da Receita Federal na 4ª Região Fiscal, que compreende os Estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte, Suape cresceu 47% no segmento em comparação com 2020, movimentando US$ 8,19 bilhões. Esse valor também é superior em 15% ao registrado em 2019, ano em que a economia ainda não havia sido afetada pela pandemia do novo coronavírus.

 

ARTES JC
Os números* do Porto de Suape em 2021 - ARTES JC

O porto também fez uma obra de '5fez uma obra de nivelamento do fundo de leito para restaurar a profundidade original de nove berços de atracação. Utilizando uma embarcação tipo rebocador com um arado acoplado, serão removidos pontos elevados de material argilo-arenoso, chamados de alto-fundos, restabelecendo-se a cota de -15,5 m nos ais 1, 2, 3, 4 e 5 que operam contêineres, carga geral, veículos, açúcar em sacos, trigo, entre outras cargas.

Os píeres de granéis líquidos 1 e 2, que movimentam produtos químicos, combustíveis e derivados de petróleo, passarão pela mesma intervenção. Os serviços devem durar três meses, com a aplicação de recursos próprios da ordem de R$ 2,6 milhões.

Também em 2021, a Capitania dos Portos de Pernambuco (CPPE) deu aval para o Porto de Suape receber navios porta-contêineres da classe New Panamax, a de maior dimensão disponível na América Latina, que mede 366 metros de comprimento, largura de 52 metros e capacidade para cerca de 14 mil TEUs. Apenas portos de classe mundial têm infraestrutura para receber esse tipo de embarcação, a maior que pode cruzar o Canal do Panamá por meio das novas eclusas.

O levantamento demonstrou que Suape dispõe de condições favoráveis e apresenta as variáveis ambientais e de infraestrutura exigidas para que o navio opere. Essa permissão favorece a atração de novas rotas de navegação para o Brasil, atendendo importadores e exportadores do Nordeste, onde

Suape é o porto líder em movimentação de contêineres.

O Governo do Estado de Pernambuco, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, iniciou estudos de viabilidade técnica e econômica para implantação de uma planta de produção de hidrogênio verde no Porto de Suape.

O projeto é da empresa Qair Brasil, de origem francesa, e tem como principal atividade a produção independente de energia elétrica a partir de fontes alternativas.

Denominado Planta de Hidrogênio Verde Pernambuco, a iniciativa prevê a instalação de quatro conjuntos de eletrolisadores de água em áreas localizadas na Zona Industrial Portuária (ZIP) de Suape, em quatro fases de implantação. É um investimento que pode chegar a US$ 3,8 bilhões, o equivalente a mais de R$ 20 bilhões.

Quando consolidado, o empreendimento pode vir a se transformar no segundo maior investimento da história de Pernambuco.

 

Divulgação
Lançamento do programa Quintais Produtivos, em Suape - Divulgação


Esta semana, Suape contratou um consórcio para atualizar o Plano Diretor, mas segundo o presidente da companhia, Roberto Gusmão, a definição da duplicação da Refinaria Abreu e Lima e do projeto da Transnordestina, que exigirá um terminal na ilha de Cocaia, obrigam o porto a se preparar para abrigar super navios que exigem calado de 20 metros com maior segurança.

Como estatal, Suape pode sozinha alavancar investimos por não ter endividamento e um caixa com mais de R$ 180 milhões.

Mas o acionista controlador pode entrar como investidor, admite Gusmão que aposta numa movimentação do porto acima de 80 milhões de toneladas/ano com atividades previstas para o complexo.

No ano passado, mesmo com a parada técnica da Refinaria Abreu e Lima, que reduziu em 3 milhões de toneladas a movimentação de granéis líquidos, Suape fez investimentos no complexo portuário como reflorestamento, recuperação de molhe e nos piers de atracação, melhoria rodoviária, iluminação no porto organizado, uma nova torre de controle e requalificação do prédio da autoridade portuária.

Entretanto, a pressão por mais obras deve crescer com a retomada da economia, o terminal vai ter mais movimento.

TAIS PEYNEAU/AGÊNCIA PETROBRAS
Refinaria Abreu e Lima - TAIS PEYNEAU/AGÊNCIA PETROBRAS

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