Sem aumentos há dois anos, sindicatos de servidores radicalizam nas pautas por aumentos e afirmação
O governador Paulo Câmara, que deve continuar no cargo até dezembro, deseja gerenciar e negociar cada real de reajuste aos seus colegas servidores.
Os trabalhadores em Educação de Pernambuco participam na manhã de hoje (3) de uma ruidosa passeata por ocasião do Dia Estadual de Lutas dos Servidores Públicos e anunciaram paralisação das atividades em todo o Estado.
A passeata contou com a presença da professora e deputada pelo PT, Tereza Leitão listada como possível candidatada na chapa do PSB numa eventual federação do PSB com o Partido dos Trabalhadores. A categoria organizou passeata para pressionar o governador Paulo Câmara (PSB) pelo reajuste do piso salarial em 33,23% para ativos e aposentados.
A mobilização não é um fato isolado. Policiais civis também foram às ruas na noite do último dia 26 de janeiro onde, no começo da noite e após percorrer ruas do Centro do Recife, seguiram até o Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, no bairro de Santo Antônio.
Também nesta quarta-feira(2) delegados de polícia de Pernambuco fizeram uma assembleia com a ameaça de entregar cargos de chefias de delegacias e em órgãos da Segurança Pública.
Como se sabe o Estado é o sexto no Brasil no ranking dos que melhor remuneram a categoria, mas os delegados exigem uma correção de seus vencimentos. Eles assim como as demais categorias procuram os deputados que devem no final aprovar os possíveis reajustes que o Governo aprovar com a categoria.
Os sindicatos de servidores públicos do Brasil passaram dois anos numa hibernação forçada pelo governo Bolsonaro que obteve do Congresso a aprovação da proposta de proibição de reajustes a servidores por ocasião da pandemia do Coronavírus.
Em 2020, os prefeitos puderam disputar as eleições sem qualquer pressão por reajustes de servidores em função da legislação. Este ano, nas eleições de governador as entidades prometem radicalizar de modo a fechar acordos o mais depressa possível em função das restrições do calendário eleitoral.
De fato, as entidades de servidores precisam correr contra o tempo pois em 1º de abril boa parte dos governadores pretendem se candidatar a cargos eletivos o que define um prazo de apenas dois meses para pressionar e fechar uma negociação.
Ligadas em sua grande maioria à Central Única dos Trabalhadores - que se tornou quase uma confederação de sindicatos de servidores - elas estão com pautas que incluem salários e melhoria das condições de trabalho do setor público.
O caso de Pernambuco é bem interessante. Além do governador que é servidor publico de carreira sua vice, Luciana Santos preside o PCdoB que é uma entidade que apóia todas as pautas dos servidores.
Mas como a maioria dos estados, Pernambuco goza hoje de uma situação confortável em relação aos custos dos servidores estando próximo aos 40% de comprometimento das receitas correntes liquidas distante de um limite prudencial de 46%.
Os dirigentes sindicais sabem que precisam correr até para se afirmarem diante das suas categorias. Especialmente pelo risco de serem confrontados por candidatos da oposição sindical que devem disputar as próximas eleições estaduais.
Os professores que elegeram Tereza Leitão, os policiais que elegeram Gleide Ângelo e o Joel da Harpa da Policia Militar assim como os deputados Antônio Morais e Eric Lessa fazem parte de uma bancada no poder legislativa que sempre contou com a presença de servidores.
A diferença de 2022 é a situação do caixa do Estado que na visão dos dirigentes sindicais lhe deve ao menos a correção da inflação de dois anos.
O problema é que, como disse certa vez o deputado Milton Coelho, quando exerceu a secretaria de Administração no Governo Paulo Câmara, o time do governo "sabe fazer conta".
De fato, sindicalistas que participaram das rodadas de negociação com os representantes do Governo sabem eles chegam armados de números e planilhas com a repercussão de cada real concedido num reajuste.
No Brasil, os sindicatos não têm a tradição dos americanos de contratarem escritórios contábeis e advogados para o embate. No caso de Pernambuco é o time da elite da Fazenda, TCE e PGE que se senta à mesa. Daí a necessidade de radicalizar nas ruas para tentar mais dinheiro no contracheque
O medo do desgaste de uma greve já fez vários governadores concederem reajustes já em janeiro, mas parece claro que o governador Paulo Câmara que deve continuar no cargo até dezembro deseja gerenciar e negociar cada real de reajuste aos seus colegas servidores.
Mas um tema parece ser bem pertinente em relação a Policia cujas pautas incluem melhoria nas co9ndições de trabalho.
Curiosamente o mesmo governador que se orgulha de ter a partir de 2022 todas as escolas em tempo integrais o que é uma conquista muito boa mirando o futuro da Educação é o mesmo que não dota as policias de instalações adequadas de funcionamento.
De certa forma Paulo Câmara seguiu a pauta de carro, colete e bala para a Policia Militar entregando mais de 1 mil viaturas ao mesmo tempo em que as delegacias sofrem com falta de instalações adequadas.
Os delegados reclamam que ele precisa dar mais verbas para reformar delegacia e comprar equipamentos de polícia eletrônica com a mesma emoção de assina ordem de serviços para fazer ou recupera estrada.
Isso quer dizer que ate abril, os servidores estarão nas ruas radicalizando o discurso.
Depois de dois anos com o contra cheque igual, os servidores acham que chegou o momento de buscar nas ruas um reajuste de salários que ao menos corrija a inflação.