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Expectativa de aumento das passagens de ônibus assegura IPCA alto também em fevereiro

Capitais como Recife, o reajuste das passagens nas demais capitais brasileiras vai impactar o IPCA de fevereiro.

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Fernando Castilho

Publicado em 09/02/2022 às 15:40 | Atualizado em 09/02/2022 às 16:19
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A maior variação para um mês desde 2016 (1,27%) do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que em janeiro último foi de 0,54%, não foi a pior noticia para o bolso do consumidor no começo do ano. O índice de fevereiro deve vir com um componente a mais que não esteve presente na pesquisa do mês passado: o aumento das passagens de ônibus.

Como informa o IBGE, no IPCA de janeiro estão incluídos reajuste de ônibus urbano (0,22%) de apenas três cidades onde as passagens já subiram e impactaram o índice localmente. Fortaleza (3,99%) com alta média de 8,55% a partir de 15 de janeiro; Vitória (3,05%) com reajuste de 4,84% a partir de 9 de janeiro; e Campo Grande (1,91%) com reajuste de 4,75% a partir de 17 de janeiro.

Ou seja: o setor ainda não impactou no índice geral tanto que foi o único dos grandes segmentos pesquisados que teve variação negativa no primeiro mês do ano -0,2%.

Isso quer dizer que capitais como Recife, o reajuste das passagens nas demais capitais brasileiras vai impactar o IPCA de fevereiro.

Em janeiro, todas as grandes categorias que formam o índice subiram com exceção de transportes. Isso não quer dizer que o grupo não tenha aumentos generalizados.

Na verdade, segundo apurou o IBGE, em janeiro, os preços das motocicletas (2,45%), dos automóveis novos (2,19%) e dos automóveis usados (1,53%) seguem em alta. A variação positiva do táxi (1,23%) decorre do reajuste de 9,75% nas tarifas no Rio de Janeiro (5,66%), válido desde 11 de janeiro. No Recife os taxis não subiram.

MARCELO APRÍGIO/JC
RECORTE LOCAL No Recife, a inflação teve alta de 1,09%, com transporte por app e passagem aérea como vilões - MARCELO APRÍGIO/JC

A queda no grupo dos Transportes (-0,11%) é conseqüência principalmente do recuo nos preços das passagens aéreas (-18,35%) e dos combustíveis (-1,23%). Além da gasolina (-1,14%), também houve queda nos preços do etanol (-2,84%) e do gás veicular (-0,86%).

Além disso, o óleo diesel (2,38%) foi o único a subir em janeiro. Entre os demais subitens do grupo, os destaques foram os transportes por aplicativo (-17,96%) e o aluguel de veículo (-3,79%). Mas a questão é: será que em fevereiro a gasolina não vai subir pressionada pelos custos da Petrobras na compra de petróleo e derivados com preços cotados em dólar?

Segundo o IBGE a maior variação de janeiro veio de Artigos de residência (1,82%), que acelerou em relação a dezembro (1,37%). Na sequência, vieram Alimentação e bebidas (1,11%), maior impacto no índice do mês (0,23 p.p.), Vestuário (1,07%) e Comunicação (1,05%). Já a variação de Habitação (0,16%) foi inferior à do mês anterior (0,74%).

GUGA MATOS / JC IMAGEM
Reajustes dos combustíveis foram frequentes em 2021 e impactaram diretamente para ampliar a crise econômica - GUGA MATOS / JC IMAGEM

PETROLEO SUBIU QUASE 70%

A questão da Alimentação é estratégica e o crescimento dela está relacionado com outro índice que o IBGE divulgou no mês passado o Índice de Preços ao Produtor – IPP.

O Índice de Preços ao Produtor – IPP é chamado da inflação na porta da fabrica das indústrias extrativas e de transformação, tem como principal objetivo mensurar a mudança média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços, bem como sua evolução ao longo do tempo, sinalizando as tendências inflacionárias de curto prazo no País.

Em dezembro (ultimo numero disponível), ele subiu 2,09% e em 2021 ele subiu 18,57% quase o dobro da inflação do oficial do IPCXA de 10,57%. Dentro dele um dois índices de menos subiram foi o de bebidas com 9,01%.

É nesse índice que está medida a inflação da fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de bicombustíveis que cravou inimagináveis 69,72%. Estão nele os aumentos dos setores de produtos químicos com 64,09% a metalurgia com 41,79% e a fabricação de produtos de metal com 37,05%.

No caso da fabricação de produtos de madeira o IPP de dezembro mostrou que ele subiu em 2021 40,76% que impactou, por exemplo, na indústria de móveis da construção civil.

Isso acaba tendo repercussão no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

No caso da Alimentação e Bebidas (1,11%), a alimentação no domicílio passou de alta de 0,79% em dezembro para 1,44% em janeiro.

Os principais destaques foram às frutas (3,40%) e as carnes (1,32%), embora tenham registrado altas menos intensas em relação ao mês anterior (8,60% e 1,38%, respectivamente).

Marcello Casal JrAgência Brasil
Pequenas torrefações preparam grãos especiais de café - Marcello Casal JrAgência Brasil

NO CAMPO CAFÉ SUBIU 130%

Além disso, os preços do café moído (4,75%) subiram pelo 11º mês consecutivo, acumulando alta de 56,87% nos últimos 12 meses.

O caso do café é interessante.

O crescimento é o maior em 25 anos. Ninguém lembra, mas em 2020, mas o aumento foi causado principalmente pelo clima. A seca do 1º semestre e depois a geada do inverno afetaram as plantações. O granizo também trouxe prejuízos.

Segundo o diretor-executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), Celírio Inácio, o mercado já esperava que acontecimentos climáticos de 2020 e 2021 fizessem que em 2022 a produção de café esperada seja ainda menor.

Tem mais: Fatores como chuvas e o dólar vão moldar o preço do produto em 2022. Outro motivo que deve pressionar os preços será a recuperação da margem de lucro das torrefadoras. Para s éter uma ideia. Em dezembro de 2020 uma saca de café custa US$ 140,3. Em dezembro ultimo custa US$ 276,2.

Outros destaques foram à cenoura (27,64%), a cebola (12,43%), a batata-inglesa (9,65%) e o tomate (6,21%). No lado das quedas, houve recuos nos preços do arroz (-2,66%), do frango inteiro (-0,85%) e do frango em pedaços (-0,71%).

A alimentação fora do domicílio (0,25%), por outro lado, desacelerou em relação ao mês anterior (0,98%). A refeição passou de 1,08% em dezembro para 0,44% em janeiro, enquanto o lanche passou de 1,08% em dezembro para -0,41% em janeiro.

Os produtos alimentícios aceleraram de 0,76% em dezembro para 1,08% em janeiro. Com exceção de Porto Alegre (-0,52%), todas as áreas pesquisadas tiveram variação positiva em janeiro.

A maior variação foi no município de Aracaju (0,96%), influenciada pelas altas nos preços do tomate (34,90%) e das frutas (7,22%).

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A greve dos caminhoneiros e os problemas de exportação foram alguns fatores que causaram o prejuízo das empresas - Foto: Divulgação/Abiec

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