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Em sábado do Galo da Madrugada, Recife só precisa de um surdo e um trombone de vara

O Carnaval para Pernambuco tem um sentido diferente das demais unidades da federação. É um fato social.

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Fernando Castilho

Publicado em 26/02/2022 às 13:00 | Atualizado em 26/02/2022 às 13:54
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Quem quiser que ache bom, mas um dia como hoje é muito ruim não ter Carnaval. Para quem é “do” Recife este sábado que inicia a festa mais aglomeradora do país tem significado especial. E não é por que daqui sai o Galo da Madrugada.

É porque fora do circuito dele existe uma festa ao menos três ou quatro vezes maior. Isso deixou de ser uma festa para ser um evento econômico. Gera renda. Muita renda.

O sábado de Carnaval para o pernambucano é motivo de chegadas e saídas. Às vezes saídas depois de um dia inteiro de frevo para descansar até a quarta-feira com a desculpa de dizer “só brinquei um dia”.

Mentira. O Carnaval para Pernambuco tem um sentido diferente das demais unidades da federação. É um fato social. Porque ele acontece fora do que o governo chama de evento oficial e dos desfiles das chamadas agremiações carnavalescas. Só precisa de uma orquestra de seis pessoas.

Esse formato sem cordas, sem fantasia e sem aquele colete nas festas fechadas produziu um movimento em vários outros estados onde alguém banca uma orquestra e faz o fato acontecer.

Por isso que esse sábado em especial é mais difícil. Ano passado, sem vacinas e com o terror da covid-19, a ideia de um Carnaval sequer foi discutida.

Mas este ano está difícil. Vacinadas as pessoas sentem o dever moral de resistir. Não é hora, tempo nem lugar. E por isso dói mais.

No fundo, tudo que o pernambucano queria era apenas um surdo e um trombone de vara. Mas vamos ter que esperar 2023.

Precisamente até o dia 18 de fevereiro.

HESÍODO GOES/DIVULGAÇÃO
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