Sociedade Teatral de Fazenda Nova tenta fechar captação da Lei Rouanet para garantir espetáculos de 2023
Pacheco revela que a captação 2021 será determinante para a própria sobrevivência da companhia fundada em 1968 pelos seus pais, Plínio e Diva Pacheco.
No começo do mês, enquanto a equipe de produção finalizava os preparativos para a volta das apresentações dos espetáculos da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, o produtor Robson Pacheco estava visitando um grupo de empresas tentando fechar a captação de R$ 2,915 milhões referentes ao patrocínio autorizado pela Lei Rouanet.
Virou uma corrida contra o tempo. Depois dos dois anos que a Sociedade Teatral de Fazenda Nova ficou fechada por força da pandemia do coronavírus. O prazo se encerra no próximo dia 29 quando as empresas poderão fazer a opção por cotas de patrocínio do ano-base 2021 no Imposto de Renda Pessoa Jurídica de modo que a empresa que promove o espetáculo possa receber os recursos.
Pacheco revela que a captação 2021 será determinante para a própria sobrevivência da companhia fundada em 1968 pelos seus pais, Plínio e Diva Pacheco iniciaram a caminhada para a construção da cidade teatro numa área de 100 mil m² que virou uma referencia para Pernambuco como é hoje, o Complexo Portuário de Suape fundado 10 anos depois em 1978.
Assim como o porto - aonde desde Eraldo Gueiros todos os governadores vêm colocando mais uma pedra no distrito industrial e portuário - Nova Jerusalém também teve o apoio de todos os governadores transformando-se num ícone das artes cênicas do Nordeste.
Pacheco admite que 2022 foi um ano que marcará a capacidade de resistência da empresa instalada no distrito de Brejo da Madre Deus e onde todos os anos 600 pessoas ficam abrigadas entre os muros da cidade teatro para receber em média 6 mil espectadores que se deslocam de dezenas de estados para ver a encenação da peça Jesus que retrata os últimos momentos da vida do Cristo.
Para fazer a série de espetáculos deste ano, a equipe de produção precisou viver o estresse esperar as últimas liberações do Governo do Estado.
Tínhamos forte expectativa da liberação para espetáculos acima de 5 mil pessoas, admite Pacheco. Mas também tínhamos essa mesma esperança ano passado quando a realidade se impôs e tivemos que cancelar com o recrudescimento da covid-19.
Este ano (é verdade), o quadro era outro. Mas o Governo só definiu no dia 28 de marco. Isso acabou, entre outras coisas, até a captação de patrocínio e a programação de divulgação dos espetáculos marcados para o período de 9 a 16 de abril.
Numa ação de proteção de suas marcas, patrocinadores restringiram a publicidade nas diversas plataformas temendo que uma eventual proibição apanhasse suas marcas na mídia de um espetáculo cancelado por restrições de saúde pública.
O outro problema foi que os espetáculos de 2022 pagaram o patrocínio de 2020 já que o fechamento das atividades de 2020 pegou a companhia na fase final de produção que seria em abril.
Este ano, esclarece Pacheco, estamos pagando o patrocínio de 2020 de modo que o dinheiro que entrou foi o da venda dos espetáculos.
Isso transformou a captação da Lei Rouanet na taboa de salvação da companhia que se equilibra entre a venda dos ingressos e os patrocínios.
Pacheco diz que este ano foi especialmente emocionante voltar a abrir os portões e receber mais de 45 mil pessoas. “Tivemos 96% de avaliações positivas do publico. E isso ajuda muito a que a equipe retome a esperança de que em 2023 possamos bater novos recordes de público.”
“Muitas pessoas ainda estão com medo da covid-19. Milhares de outras perderam seus entes familiares, seus empregos ou fecharam seus negócios. Em razão disso, o público foi menor o que dificulta não só a cobertura dos custos do espetáculo deste ano, como também compromete a produção da próxima temporada”, explica.
Robson Pacheco estima que espetáculo roda cerca de R$ 200 milhões em negócios incluindo investimentos em mídia, produção, movimento no comércio formal e informal, feira de artesanato, hotéis, pousada e transportes turísticos no estado de Pernambuco.
Realizada desde 1968, a Paixão de Cristo de Nova Jerusalém tem projetado o nome de Pernambuco para muito além das suas fronteiras. Em meio século de história, o espetáculo já atraiu mais de 4 milhões de expectadores.