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Cresce a violência entre amigos e vizinhos e conflitos de comunidade são 20% dos assassinatos em Pernambuco

Em 2020, segundo a SDS, ao menos 718 dos assassinatos deram-se por Conflitos na Comunidade. Pessoas que se conheciam.

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Fernando Castilho

Publicado em 23/04/2022 às 19:10 | Atualizado em 23/04/2022 às 19:22
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Na manhã da última quinta-feira, a dona de casa Cremilda Porfírio da Silva morreu vítima de um golpe de faca ao defender o marido, o pedreiro Silvio Miguel de Albuquerque, num bar na localidade de Chã de Cruz, em Abreu e Lima, após uma discussão entre o casal e um primo que esteve na mesa bebendo com eles.

Não foi um fato isolado. Nos últimos anos, quando a Polícia viu crescer o percentual de mortes em Pernambuco (3.368 em 2021), além da motivação do tráfico - que em 2020 chegou a 64,09% dos Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) - um outro tipo de assassinato cresceu relacionado ao que a Polícia chama de "conflitos na comunidade" e "conflitos afetivo ou familiar" (exceto feminicídio) e que somaram 22,17% dos casos.

Conflitos na comunidade e conflitos afetivos ou familiar são as mortes resultantes de brigas entre vizinhos e parentes quase sempre por pequenos desentendimentos entre pessoas conhecidas.

São de resolução fácil pela polícia, mas acabam sendo trágicos exatamente por serem perpetrados entre pessoas com algum relacionamento.

É um fenômeno curioso. Em 2019, somaram 16,66%, enquanto os conflitos afetivos ou familiares somaram 3,86% chegando a 20,52% dos CVLI registrados.

No Recife é um pouco menor que no restante do Estado. Mas ainda representativo, chegando a 13,91% (11,59% em Conflitos na Comunidade e 2,32% Conflito Afetivo).

E representa um grande desafio para a polícia porque independe das ações contra o crime de tráfico que hoje representa mais de 64% dos CVLI, de acordo com o último Anuário de Criminalidade da SDS.

Segundo a Polícia, os “Conflitos na Comunidade” são os homicídios vinculados a conflitos, disputas ou situações de intolerância entre vítimas e autores, no âmbito da comunidade, das relações sociais. Tem origem em atos de vingança pessoal, rixa, discussão entre vizinhos, embriaguez, discussão de trânsito e outras circunstâncias. Ou também conflito agrário, político, religioso, racismo e homofobia. Em 2020, último número disponível pela SDS, dos 3.757 CVLI, 718 deram-se por Conflitos na Comunidade.

Em fevereiro, o Governo lançou um edital para seleção de 62 projetos de prevenção social à violência com investimentos da ordem de R$ 6,2 milhões (R$ 100 mil para cada um deles) com o objetivo de reforçar a participação social nas políticas do Pacto pela Vida.

Os projetos visam à redução dos Conflitos na Comunidade, e as iniciativas devem focar em estratégias de protagonismo juvenil, promoção da saúde, questões de gênero e raça, educação, esportes comunitários, assistência social e políticas LGBTQIA+.

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