Enfrentando chineses, alemães brigam no Brasil pelo mercado de lentes multifocais de alta tecnologia
A Zeiss e a Rodenstock ambas com fábricas no Brasil que enfrentam o grupo italiano Luxottica.
Existe um certo consenso na indústria ótica relacionado com as lentes de alto padrão de qualidade que consagra a tecnologia alemã.
Dois gigantes do segmento brigam para oferecer o que há de mais moderno no segmento: a Zeiss e a Rodenstock ambas com fábricas no Brasil que enfrentam o grupo italiano Luxottica
O gigante EssilorLuxottica tem 140 mil funcionários, sede em Paris.
e é dono de marcas como Ray-ban e Oakley e recentemente comprou a rede brasileira Óticas Carol. O grupo italiano Luxottica se fundiu com o francês Essilor verticalizando as operações da armação à lente atuando no varejo.
Os alemães se orgulham de dizer não concorrem com seus clientes no varejo, embora a Zeiss tenha criado no Brasil uma rede de lojas conceito operadas por parceiros que adotam o padrão e compromisso de usar as lentes da multinacional.
A rede Zeiss Vision Center deve chegar a 100 lojas este ano em pontos nobres nos principais shoppings brasileiros.
Já a Rodenstock se orgulha de não ter lojas e do foco ser no lojista independente segmento que opera 75% dos pontos venda de óculos no Brasil e que procuram se afastar da Ensillor e da Zeiss.
Hugo Mota, CEO da Rodenstock Brasil, está no país há 12 anos fala um português sem sotaque e comemora o crescimento de 100% nas vendas entre 2019 e 2021 com sua fábrica no Rio de Janeiro operando durante a pandemia.
A empresa alemã também tem fábrica no Rio de Janeiro vê o Brasil como um mercado estratégico para seu negócio global e aproveitou a Expo Ótica 2022 para lançar sua nova lente B.I.G. NORM™ considerada o estado da arte da indústria. A nova lente carrega uma nova tecnologia com precisão biométrica promete revolucionar o mercado óptico.
Segundo Mota ela combinando avançados algoritmos de inteligência artificial e o acesso ao banco de dados biométrico mundial com mais de 500 mil medições, a fabricante Rodenstock oferecerá lentes biométricas individuais
O executivo acredita que ela será um grande sucesso de mercado pelo que agrega de tecnologia e porque faz o cliente se surpreender com a qualidade do que entrega.
A Rodenstock aposta que concorrência vai levar tempo para copiar, mas nem por isso quer fazer dela um produto de nicho.
A B.I.G. NORM™ será, no máximo, 10% mais cara que os produtos concorrentes numa faixa de preços que vai além das lentes convencionais.
Segundo Mota, a tecnologia B.I.G. NORM™ foi alcançada após 10 anos de pesquisa da fabricante, que pretende revolucionar o mercado de diagnóstico e prescrição de lentes.
Segundo ele a Rodenstock, até então, a forma de avaliação para adequar os óculos a um indivíduo é padronizada, levando em conta apenas quatro parâmetros. Mas a empresa constatou que a forma padrão de prescrição de lentes assume que os olhos de todas as pessoas do mundo possuem parâmetros fixos e decidiu avançar.
Ela investiu em pesquisas para produzir lentes individualizadas e específicas para cada olho, o que só foi possível graças as centenas de milhares de dados coletados pelo DNEye Scanner, uma máquina da fabricante capaz de fazer o mapeamento das diferentes anatomias dos olhos humanos.
E para fabricar óculos que sejam completamente individualizados e feitos especialmente para o usuário, diz Hugo Mota, a Rodenstock criou o ImpressionIST.
O aparelho que é capaz de medir todos os seus dados, como a DNP, o ângulo patoscópico e a curvatura da armação. Tudo isso feito através de múltiplas câmeras digitais e um sistema de marcações 3D, para que a montagem dos óculos seja altamente precisa.
Com fábrica de lentes em Rezende (RJ), concorrente a gigante Zeiss não quer ficar para trás e aposta que suas lentes continuarão sendo bem vendidas nos segmentos de varejo independente a despeito de ter uma rede parceira.
Ela usou a Expo Ótica para fazer uma previa do lançamento das novas lentes ClearView e BlueGuard, que estarão disponíveis para o público brasileiro a partir de junho deste ano.
A empresa pesquisou a questão da exposição do olho humano a dispositivos como o celular e o computador durante a pandemia e seu objetivo é oferecer ainda mais proteção contra a fadiga ocular e as lentes ZEISS BlueGuard.
Elas utilizam a nova tecnologia de química orgânica para bloquear até 40% da luz azul nociva que é emitida pelos dispositivos eletrônicos, além de também oferecer proteção UV total de até 400 nm.
Marcelo Frias, Diretor de Marketing da Zeiss na América Latina diz que a ZEISS sendo uma empresa centenária, conhecida e respeitada pela classe médica e óptica no mundo todo precisa estar sempre à frente e as novas lentes ClearView e BlueGuard são uma mostra da estratégia da empresa.
Ele revela que pesquisas recentes mostram que após a pandemia quando o isolamento e as necessidades de trabalhar usando mais as telas de dispositivos até 40% as pessoas passaram a perceber sua qualidade de visão por ter algum tipo de problema.
O executivo cuida do projeto da rede Zeiss Vision Center e diz que a ZEISS quer ampliar a rede de parceiros estratégicos no país, reforçando os diferenciais da nossa marca em todas as etapas do processo no varejo óptico, desde o diagnóstico preciso do paciente até a confecção das lentes.
Frias revela que até junho a companhia deve chegar a 100 pontos de vendas da Zeiss Vision Center que tem o perfil de ser uma loja onde o cliente tem total segurança do produto diferenciado que está adquirindo.
Ele, porém, adverte que a empresa alemã não quer estar na loja. Seu negócio é sempre com o lojista dando a eles condições de se fortalecer e crescer com produtos de maior valor agregado.
E revela que uma pesquisa da Zeiss com empresas no Brasil revelou que 14% dos funcionários tinham problemas de visão e não tinham conhecimento o que acaba por impactar na produtividade.