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Gasolina sem aumento há 75 dias tem defasagem de 15% e necessidade de correção leva pânico ao governo.

O governo precisa resolver uma questão bem simples: como congelar o preço na bomba de modo que a Petrobras deixe de jogar contra a campanha do presidente para a reeleição?

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Fernando Castilho

Publicado em 24/05/2022 às 18:01 | Atualizado em 24/05/2022 às 20:06
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Esqueça o currículo de “comunicador” do novo presidente da Petrobras, Caio Mário Paes de Andrade. Releve a queda nas ações da estatal nesta terça-feira, próximas de 4%. E as articulações na Câmara para fixar o teto de 17% para cobrança do ICMS.

O problema na questão dos combustíveis é que o presidente Jair Bolsonaro exige que os preços da gasolina, do óleo diesel e do gás de cozinha fiquem congelados até 2 de outubro. Nem que para isso o ministro Paulo Guedes precise, por decreto, revogar a Lei da Gravidade.

Nesta terça-feira, foi o 74º dia sem aumento da gasolina. Feitas as contas, sob a ótica da política de preços da Petrobras - como calcula a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) - os preços precisariam de um reajuste de R$ 0,10/por litro, variando entre -R$ 0,26/por litro a R$ 0,38/por litro dependendo do porto de operação.

É isso que hoje leva pânico ao governo, que terá de resolver uma questão bem simples: como congelar o preço na bomba de modo que a Petrobras deixe de jogar contra a campanha do presidente para a reeleição?

O ruim dessa pergunta perturbadora é o entorno do presidente que começou a “inventar coisas” e achar que todos estão contra o governo. E isso inclui pensar em revogar a Lei da Gravidade.

Vai ser difícil. Ontem, segundo o informações da OPEC, estava em US$ 115, o barril de petróleo. É mais do que quando Putin invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, quando o preço bateu nos US$ 100,95. Com essa cotação não dá para levar a serio rigorosamente nenhuma ideia que não considere essa realidade.

A guerra completou três meses e os preços do petróleo estão subindo. Esse é o fato. O desafio é: como o governo gerencia isso com a Petrobras para criar barreiras de sobreviver a esta crise global reduzindo os danos?

Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Uma bomba nas bombas - Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Mas e ai o que é que os iluminados do ministério da Economia fazem?

Vamos aumentar o dinheiro que se arranjar para estimular o consumo. Libera mais uma parte do FGTS.

Vamos limitar o ICMS dos combustíveis para reduzir o preços na ponta. Chama o Arthur lira e manda ele aprovar isso amanhã.

Vamos mudar o presidente da Petrobras e colocar um cara que pare os reajustes. Se preciso a gente muda todo mundo para votar coma gente.

E se não der a gente vende a Petrobras para dizer que ela é uma empresa privada. A usina de leseiras governamentais está a pelo vapor. E sem prazo para acabar.

Por mais absurdo que pareça se criou no governo a ideia de que a única solução é congelar os preços. Ao menos até o dia 2 de outubro de 2022.

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Caio Mario Paes de Andrade substitui José Mauro Ferreira Coelho que substituiu Joaquim Silva e Luna que substituiu Roberto Castelo Branco. - DIVULGAÇÃO

Enquanto isso o presidente agita as mídias sociais.

Não tem como resolver a questão com o mundo vendendo barril de petróleo a US$ 115. Mas é possível organizar um “corredor humanitário” para reduzir o impacto na bomba.

Claro que o Governo tem opções. Mas tem ser transparente e reconhecer que estamos no mesmo barco e que vem muito vento pela frente. É importante sempre lembrar que no Governo Dilma os gênios do PT convenceram a presidente que poderia segurar a inflação por decreto. Deu no que deu.

O diabo é que convenceram agora os auxiliares do Paulo Guedes convenceram o presidente de que é possível revogar, por decreto, a lei da gravidade.

E o mais sério: Parece que ele acreditou.

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