Auxílio caminhoneiro autônomo vai mostrar como atividade encolheu depois da greve no governo Temer
Muitos líderes de caminhoneiros até hoje acreditam que foram eles que conseguiram tornar real a conhecida frase "Sem caminhão, o Brasil para"
Na última semana de maio de 2018, uma greve de caminhoneiros pôs o governo Michel Temer na lona, provocou a demissão do então presidente da Petrobras, Pedro Parente, e travou a economia de um jeito que reduziu o tamanho do PIB no ano.
Muitas líderes de caminhoneiros até hoje acreditam que foram eles que conseguiram tornar real a conhecida frase “Sem caminhão, o Brasil para”.
Pura ilusão. Quem parou o Brasil foram as transportadoras que estavam sem poder repassar os custos do diesel para os preços do frete e deixaram seus empregados na estrada. Nenhuma delas os mandou voltar para a garagem.
Mas as diversas entidades de caminhoneiros (são ao menos seis que se dizem nacionais) autônomos ainda acreditam que foi a força dessa categoria que parou o Brasil. Ou fazem questão de dizer isso.
A decisão do governo Bolsonaro de pagar, até dezembro, um auxílio de R$ 1 mil para ajudar na compra de óleo diesel, vai expor ao Brasil o verdadeiro tamanho do segmento autônomo. Embora a maior dificuldade seja aferi-la.
Exatamente porque nunca se organizaram numa entidade que os representasse de fato é que a oferta de dinheiro pode ser um mau negócio para as entidades e até para o governo.
Não existe cadastro e mesmo se somados os associados ele estará muito longe do que a atividade. Um numero sem comprovação fala em pouco menos de 1 milhão de autônomos. Mas sem ser confiável.
Uma das opções do governo Bolsonaro é se basear em um cadastro genérico da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) que inclui qualquer tipo de transportador.
Nos últimos dias, o relator da PEC dos combustíveis, Senador Fernando Bezerra estimou em R$ 5,4 bilhões para a do bolsa-caminheiro para atender, aproximadamente, 900 mil beneficiários. Entretanto, até no ministério do Trabalho e da Cidadania não existem dados confiáveis.
Uma coisa é aumentar em R$ 200 o Auxílio Brasil porque o ministério da Cidadania tem um arquivo georeferenciado, embora não o use para produzir ações mais dinâmicas. Mas estão lá, cidade por cidade.
Outra muito diferente é saber quem hoje pode ser considerado caminhoneiro autônomo. Qual cadastro servirá de base? Caminhoneiro não está no CadÚnico.
Essa falta de representatividade ficou claro na greve de 2018 quando compareceram ao menos seis entidades se dizendo legitimas representantes de caminhoneiros. O governo simplesmente não tinha com quem negociar até que alguém começou a conversar não com os caminhoneiros, mas com os donos das transportadoras.
Na verdade a greve só acabou quando governo avançou numa pauta de fixação de preços, financiamento pelo BNDES um pacote de ajuda ao setor de transportes.
Curiosamente o segmento autônomo ficou de fora. Primeiro porque as empresas entenderam de verticalizar suas frotas aproveitando o financiamento do BNDES. Segundo porque o agronegócio entendeu de com sua receita em dólar ter sua própria frota que leva sola e trás fertilizante para as fazendas, até o segmento de combustível decidiu ter frotas dedicadas. E, finalmente, porque a cabotagem se encarregou de retirar o frete de milhões de caminhões do negócio.
Na verdade, até hoje não existem números confiáveis sobre o que é que o autônomo transporta hoje. Mas todos concordam que não representa mais do que 15% do total e esta concentrado na subcontratação. Mas eles continuam ameaçando uma greve que nunca aconteceu.
Uma greve ainda é possível porque bastam poucas dezenas de caminhões para travar as estradas. Mas entre os movimentos de autônomo isso não é consenso.
De qualquer forma a grande questão é: que caminhoneiro autônomo vai mesmo receber esse auxilio. Ate agora nenhum órgão do governo saiba embora já exista ate uma previsão de quando o governo quer gastar com a categoria mirando num apoio nas próximas eleições.