Notas da Caixa em relatório sobre ESG colocam em xeque atuação de agências de risco sobre governança
ESG é a sigla em inglês significa Environmental, Social and Governance e é utilizada para designar melhores práticas ambientais, sociais e de governança de empresas.
Na sua mensagem como presidente da instituição, o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães afirmou, no Relatório Integrado de 2021 - que reúne dados sociais da instituição - que a Caixa é o banco da Governança.
Segundo ele, desde o início da sua gestão, a Caixa passou a pensar nas pessoas mais carentes, tendo por princípio a realização de operações corretas, meritórias e, principalmente, transparentes. Essa trajetória de sucesso só foi possível porque fizemos uma revolução na governança do banco, tendo por base a responsabilidade e o compromisso com os valores da instituição.
Ele destacou que, ainda em 2021, a instituição foi classificada com a nota 4+ em ESG Social, a mais alta da avaliação conferida pela Fitch Ratings, uma das três maiores agências de classificação de risco de crédito do mundo.
A agência Moody’s Investor Service disse que as práticas de governança corporativa da Caixa são robustas e têm melhorado nos últimos anos, apoiando o perfil de crédito do banco.
Ainda segundo Guimarães, a Caixa foi o único banco da América do Sul a atingir o índice máximo no critério social (“relações com a comunidade, acesso social, preços acessíveis”).
Finalmente que, em outubro de 2021, ela obteve a melhor nota em Índice de Governança e Gestão Pública (IGG) entre as empresas financeiras estatais, conforme avaliação do Tribunal de Contas da União (TCU).
Entre as 378 empresas estatais avaliadas, o banco obteve o terceiro lugar geral.
A revelação de suas atitudes e de diretores contra funcionários que levaram à sua demissão na semana passada colocam questões perturbadoras no debate que hoje dezenas de consultores e instituições travam sobre as práticas de ESG, sigla em inglês significa Environmental, Social and Governance e é utilizada para designar melhores práticas ambientais, sociais e de governança de empresas dos mais diversos segmentos.
O problema talvez não seja a Caixa afirmar isso em seus relatórios.
Qualquer instituição ou empresa que obtenha as mesmas classificações que a Caixa obteve e mais ainda com instituições como agências de classificação adquire uma pontuação junto à sociedade. Mas isso só torna mais perturbador quando se constata o comportamento da alta direção.
É importante observa que o que o mundo corporativo reconhece como boas práticas de ESG depende uma decisão clara dos seus acionistas em seguir todos os procedimentos que Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da agenda 2030 da ONU.
A Caixa obteve o Selo Casa Azul por ser signatária do Pacto Global da ONU, que advoga dez princípios universais derivados da Declaração Universal de Direitos Humanos e assinou a Declaração da Organização Internacional do Trabalho sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho.
Isso exige acompanhamento sério e diligente a partir do exemplo da alta gestão. Por isso quando o Único banco da América do Sul com o maior rating ESG Social atribuído em “Relações com a comunidade, acesso social, preços acessíveis” pela Fitch Ratings isso foi motivo de comemoração.
Um dos pontos que o relatório da Caixa destaca está diretamente relacionado ao vice-presidente de Negócios de Atacado da Caixa, Celso Leonardo Barbosa, um dos primeiros a ser demitido a partir das denuncia de assedio.
O relatório social da instituição diz que que Estratégia de Clientes de Atacado considera aspectos ambientais, sociais e de governança (ESG) na definição de suas diretrizes e estimula a adoção de boas práticas de relacionamentos que sejam éticos e transparentes, que promovam a inclusão social e que protejam o meio ambiente.
Segundo Pedro Guimarães, a agência Moody’s Investor Service na primeira avaliação ESG (ambiental, social e governança), na qual participaram 155 bancos, em nível global a Caixa apesar de banco com controle governamental, as práticas de governança corporativa são robustas e têm melhorado nos últimos anos, apoiando o perfil de crédito do banco.
Agências de ratings são instituições de altíssima credibilidade e que cobram muito caro para colocar seus nomes em documentos de outras instituições de governos. Mas elas apenas trabalham com dados que lhe são colocados para analisar pela empresas.
Não atuam, por exemplo, como os discretos e exigentes analistas de gastronomia do Guia Michelin que entram e saem de restaurantes sem que os chefs saibam que são. A comparação não é justa com as agências de riscos. Mas serve para mostrar que na onda de ESG que tomas conta do mundo corporativo a partir do evento Caixa serão necessárias algumas conversas sobre que tipo de informações sobre a governança deve ser considerado.
Até porque o Environmental e o Social só fazem sentido vindo de exemplo do Governance.