Defasagem zero de gasolina no mercado internacional faz empresa privada correr para importar combustíveis
Com a redução anunciada pela Petrobras, o cenário mudou, e as empresas agora estão contando preços em vários países, menos a Rússia, já que os bancos brasileiros não podem fechar contratos de câmbio
A constatação da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) de que os preços da gasolina com a redução de R$ 0,20/L aplicada pela Petrobras no preço da refinaria zerou a defasagem de preços do produto no Brasil, em relação ao mercado internacional, animou as empresas associadas à entidade, que correram para fechar contratos para entrega ainda em setembro.
Se essas importações forem fechadas, o risco de desabastecimento no Brasil até o final do ano desaparece.
Desde o começo do ano que, com a defasagem, elas não fazem importação. Em junho elas comunicaram que não fariam importações com a então defasagem de 14% deixando a Petrobras sozinha na compras internacionais.
Mas com a redução anunciada pela Petrobras, o cenário mudou e as empresas agora estão contando preços em vários países, menos a Rússia, já que os bancos brasileiros não podem fechar contratos de câmbio com aquele país em função da guerra da Ucrânia.
Estudos do Ministério das Minas e Energia indicam que o Brasil vai precisar importar, por mês, entre 228 milhões e 454 milhões de litros de diesel S-10 (2,37 bilhões de litros, no segundo semestre) para atender às necessidades do mercado, que deve consumir esse volume a mais do produto além do que a Petrobras produz e do que ela vai importar.
Para o segundo semestre, a Petrobras comunicou ao MME que deve importar um total de 2,69 bilhões de m³, em média 395 milhões de m³ mês. Mas, ainda assim, ficarão faltando 2,37 milhões de m³ de Diesel A, que é o produto mais consumido no País.
Segundo a Abicom, com a manutenção do câmbio em um patamar elevado, o ligeiro aumento nos preços de referência do óleo diesel e da gasolina no mercado internacional, a defasagem média de 3% no Óleo Diesel é de 0% para a gasolina, baseados no fechamento do cambio em US$1 custando R$ 5,39.
De acordo com a Abicom, o mercado internacional e do câmbio pressionam os preços domésticos, mas o Preço de Paridade Internacional acumula redução de R$1,12/L desde o último reajuste em 18 de junho no caso do óleo diesel.
Já para a gasolina, o mercado internacional e do câmbio pressionam os preços domésticos. O PPI acumula redução de R$0,80/L desde o último reajuste.
Com esse novo cenário, as empresas importadoras avaliam que as operações de importação de combustíveis voltaram a se tornar atrativas.
Em junho, o Ministério das Minas e Energia informou que os estoques representam 38 dias de importação. Isso significa que se as importações do combustível fossem suspensas hoje, os estoques, somados à produção nacional, seriam suficientes para suprir o País por este período.
Em um ofício enviado ao Ministério de Minas e Energia, a Petrobras levou o órgão a divulgar o nível dos estoques do combustível.
Na semana passada, o preço do Brent do Mar do Norte para entrega em setembro fechou em queda de 7,10%, a 99,49 dólares, enquanto o barril de West Texas Intermediate (WTI), referência do petróleo americano com vencimento em agosto, recuou 7,92%, situando-se a 95,84 dólares.
A queda do Brent abaixo da barreira psicológica dos 100 dólares ocorreu depois de o euro cair até se nivelar com o dólar americano pela primeira vez em quase 20 anos, enquanto a Rússia interrompeu o fornecimento de gás para a Europa.
Fundada em junho de 2017, a Abicom reúne atualmente 10 importadoras e comercializadoras, com atuação em todo o território nacional.