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Ex-estatal, Eletrobras só vai conhecer o perfil de seus novos donos em agosto

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Fernando Castilho

Publicado em 20/07/2022 às 18:15
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No ultimo dia 24 de junho, diretores da Eletrobrás participaram da tradicional solenidade do toque do sino de abertura na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), que simbolizou a capitalização da Eletrobrás para o mercado internacional, num evento similar ao que ocorreu na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), no dia 14 de junho.

Em junho, numa vitória política do Governo Bolsonaro, a Eletrobrás vendeu parte de suas ações ao preço por Ação ("Preço por Ação") R$ 42,00, perfazendo o montante total de R$ 29.29 bilhões.

Desta forma a Eletrobrás foi privatizada em uma oferta de ações que somou R$ 33,7 bilhões. A participação da União foi diluída e cai para abaixo de 35%, o que significou a perda do controle da empresa.

Alan Santos/PR
Evento de toque da campainha de capitalização da Eletrobras - Alan Santos/PR

Na verdade, foi o BNDES que alienou numa Ofertas Públicas Globais exatas 69.801.516 ações ordinárias de titularidade da BNDESPAR numa operação de diluição resultante da tranche primária que fez com que a BNDESPAR ficasse apenas com 5% (cinco por cento) do total de ações ordinárias de emissão da Eletrobras.

Foi uma operação importante. Mas um pouco estranha, pois a festa foi dos vendedores sem que até agora o mercado não saiba exatamente que são os novos donos da companhia cuja regra de vendas não permite que nenhum acionista tenha mais de 10% da ex-estatal.

Como decorrência dessa operação, está marcada para o dia 5 de agosto de 2022, a Assembleia Geral Extraordinária (“AGE”) que deverá eleger os novos membros do Conselho de Administração. A Companhia está adotando todas as providências necessárias para esta convocação.

No mercado, a pergunta é: afinal que grupo de acionistas vai mandar na Eletrobras?

Mesmo entre os diretores das empresas do sistema Eletrobrás ainda não é possível personalizar embora num primeiro momento um grupo de acionistas tenha enviado a CVM um grupo de nomes que devem compor o no Conselho de Administração.

Esse grupo de acionistas da Eletrobrás que representa mais de 5% do capital da empresa encaminhou ao Conselho de Administração da companhia uma lista com dez indicados para compor o colegiado.

São eles Carlos Augusto Leone Piani, Daniel Alves Ferreira, Felipe Vilela Dias, Ivan de Souza Monteiro, Marcelo de Siqueira Freitas, Marcelo Gasparino da Silva, Marisete Fatima Dadald Pereira, Octavio Cortes Pereira Lopes, Vicente Falconi Campos, e Pedro Batista de Lima Filho ( candidato para eleição em separado pelos acionistas titulares de ações preferenciais).

Nesta quarta-feira um novo nome entrou no debate o presidente da Vibra (ex-BR Distribuidora), Wilson Ferreira Jr., que segundo o jornal O Estado de S. Paulo, vai assumir o comando da recém-privatizada Eletrobrás.

Ferreira tem quatro décadas de experiência no setor elétrico e sua atual empresa, a Vibra comunicou sua intenção de renúncia.

ALAN SANTOS/PR
o ministro Paulo Guedes comemoru a privatização da Eletrobras. - ALAN SANTOS/PR

O retorno de Ferreira à ex-estatal vem sendo costurado pelos principais fundos que investiram na companhia desde antes da oferta de ações que marcou a privatização da empresa. Os fundos, aliás, teriam feito a ponte para garantir a volta do executivo ao cargo.

Dirigentes de empresas do Grupo Eletrobrás - falando sob condição de anonimato - acreditam que parte deles vai ser mantida com as mudanças feitas a partir do Conselho de Administração.

Teoricamente se discute que a Nova Eletrobrás deve optar em dois modelos de gestão consagrados pelos grupos Neoenergia e Equatorial que são considerados os mais bem sucedidos no controle de grandes blocos de empresas no setor no Brasil.

Mas o que os atuais executivos apostam é numa redefinição de processos de contratação. Hoje cada uma das empresas da Eletrobrás faz suas compras e define suas prioridades. Definem sua participações em SPE salvo nos mega empreendimentos onde o Governo Federal liderou e distribuiu as participações acionárias como no caso de Belo Monte, no Amazonas.

Num modelo Neoenergia ou Equatorial isso seria diferente a parte de novos modelos de compras e contratação sem seguir o ritual da legislação definida pelo TCU e pelo Ministério das Minas e Energia.

Na prática, isso custa caro, leva o dobro de tempo e obriga a que empresas como Chesf, Furnas e Cepel e Eletronorte tenha prazo de contratação e tramitação que são, em média, o dobro de uma empresa privada.


Claro que a centralização de contratação vai significar redução de estruturas de pessoal, mas os ganhos de escala e padronização de sistemas numa companhia como a Eletrobrás são colossais. Mas o executivo das empresas Eletrobrás não tem duvida que a simplificação de estruturas fará a performance da companhia melhorar muito.

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