Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
[email protected]

Informação e análise econômica, negócios e mercados

Coluna JC Negócios

Com Selic a 13,7%, como mercado espera do Copom amanhã, Brasil volta à taxa de Dilma antes do Impeachment

Ao cravar 13,75% ao ano, o Brasil volta a praticar a mesma taxa de juro que praticou em junho de 2015, quando começou se desenhar o impeachment da então presidente Dilma Rousseff

Fernando Castilho
Cadastrado por
Fernando Castilho
Publicado em 02/08/2022 às 15:15 | Atualizado em 02/08/2022 às 18:24
Foto: Edmar Melo/ Arcevo JC Imagem
A reunião do Copom deste quarta-feira (3) deve elevar a taxa selico pela 12ª vez no Governo Bolsonaro. - FOTO: Foto: Edmar Melo/ Arcevo JC Imagem
Leitura:

Dez entre dez economistas e analistas de mercado acreditam que o Banco Central deve elevar a taxa Selic, nesta quarta-feira (3), em 0,50 ponto porcentual, de 13,25% para 13,75% ao ano. Será a 12ª alta seguida do colegiado.

E diante das condições atuais da economia, ninguém no mercado financeiro espera que o ciclo de alta não continue em setembro, mesmo que o discurso seja de perseguir um inflação “ao redor” do centro da meta (3,25%) em 2023.

O que pouca gente lembra é que ao cravar 13,75%, ao ano, o Brasil volta a praticar a mesma taxa de juro que praticou em junho de 2015, quando começou se desenhar o impeachment da então presidente Dilma Rousseff.

Há chance zero de que o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, desengavete um dos 13º pedidos de impedimento do presidente a 61 dias da eleição e 151 dias do final do seu governo. Mas a taxa de juros é um bom indicador de como o Banco Central interpreta as perspectivas da economia brasileira.

Em 2015, na reunião de 29 de julho o Copom elevou a taca para 14,25%, ao ano, índice que permaneceu até 31 de agosto de 2016 (portanto, já no Governo Michel Temer) quando começou a baixar até ser entregue a Jair Bolsonaro (em janeiro de 2019) quando estava em 6,5% ao ano.

O preocupante dessa sequência de elevação que saiu de 2% ao ano, em janeiro de 2021, para chegar a 13,75% em agosto de 2022 é a sequência de 12 altas sempre atrás da taxas de inflação.

É importante observar que o Copom manteve a taxa de 2% (negativa em relação inflação por alguns meses) entre agosto de 2020 e março de 2021 quando os sinais de aumento da inflação já estavam visíveis do mercado pelo aumento dos preços dos alimentos especialmente pela retomada a economia.

A função de um Banco Central, segundo os manuais de economia é ser o guardião da moeda. É ele quem de posso das informações do mercado antecipa a necessidade de aumentar os juros quando a inflação vira numa tendência de alta.

Mas quando se olha a série histórica das altas do Selic a partir de 5 de maio de 2021 percebe-se que quando ela foi elevada de 2% ao ano para 2,75% ao ano, o processo de inflação já estava consolidado.

Pode-se dizer que ao saborear por cinco reuniões seguidas o frescor de uma taxa básica de apenas 2% a até próxima da que estava sendo cobrada pelo BC americano, o Banco Central brasileiro virou passageiro quando a locomotiva da inflação tinha partido.

O problema é que o maquinista (assustado), vem desde então colocando lenha na fornalha para tentar pressionar a inflação a baixar sem que haja muita consistência. Ao menos até agora.

Entretanto, voltar às taxas dos tempos de Dilma Rousseff não é nada agradável. E mais ainda a poucas semanas na uma eleição polarizada aonde nenhum dos dois candidatos parece interessado em atitudes possam baixa a temperatura da inflação apostando que ela deve baixar quando conhecido o nome dos novo presidente.

Pode ser. Afinal quando Michel Temer tomou posse em de 2016 a taxas dos juros futuros caíram pela metade.

Mas não de deve ter ilusões. As próximas três reuniões (marcadas para os dias 20 e 21 de setembro; 25 e 26 de outubro e 6 e 7 de dezembro), no máximo, podem manter os 13,75%. O que para um começo de governo é muito desafiador. Seja quem for o escolhido pelos eleitores.

Especialmente se for Jair Bolsonaro que poderá herdar uma terra que ele mesmo, com Arthur Lira e Paulo Guedes vem ajudando a arrasar, nas finanças públicas.

Comentários

Últimas notícias