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PISO SALARIAL ENFERMAGEM: Congresso corre para arranjar dinheiro que não existe no Orçamento Geral da União

O senador Roberto Rocha (PTB-MA) quer a receita de imposto de renda de declaração voluntária de bens ou cessões de direitos de origem lícita, referentes a bens móveis ou imóveis, por residentes ou domiciliados no País.

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Fernando Castilho

Publicado em 19/09/2022 às 17:05 | Atualizado em 19/09/2022 às 19:56
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O enorme desgaste que os deputados e senadores têm passado como a suspensão do piso salarial da enfermagem, aprovado em 198 dias depois de uma tramitação de 35 anos, levou os congressistas a desenterrar projetos depositados nas duas Casas, numa tentativa desesperada de encontrar dinheiro para ser repassado aos estados, santas casas de misericórdias e até empresas que possam resolver a questão.

E, naturalmente, começam a aparecer coisas entranhas e outras de difícil tramitação, salvo se, na volta de sua viagem a Londres e Nova Iorque o presidente Jair Bolsonaro não resolva com o presidente da Câmara costurar mais uma PEC, a 12ª que ele articularia apenas este ano.


Luis Carlos Heinze (Progressistas/RS)
Geraldo Magela/Agência Senado - Luis Carlos Heinze (Progressistas/RS)

Existe coisas bem óbvias que assustam o ministério da Economia, que depois que avaliou que a nível federal o impacto do reajuste dos enfermeiros custaria apenas R$ 23 milhões, como a proposta do senador Luis Carlos Heinze (Progressistas/RS) que simplesmente manda:

Artigo 1º. “A União entregará às santas casas e hospitais filantrópicos, sem fins lucrativos, que participam de forma complementar do Sistema Único de Saúde (SUS) até R$ 3,34 bilhões com o objetivo de contribuir para a sustentabilidade econômico-financeira dessas. Simples assim. O congresso manda e o Executivo obedece.

Mas foram apresentadas outras bem mais curiosas como  a que ainda será formalmente proposta, que manda a realocação de recursos atualmente destinados à emenda do relator (RP9) para custear o piso da enfermagem, certamente destinando os recursos aos estados ou municípios onde o Centrão controla as verbas.

A questão é como ficarão os valores que já foram acertados já que como se viu acima apenas as santas casas teriam R$ 3,34 bilhões.

Outro projeto é mais complicado, mas igualmente mexe no dinheiro da União. Ele propõe repassar recursos da Lei da partilha (Nº 12.351/2010) prevendo, pelo menos até 2026, descentralização do excedente em óleo da União (pré-sal) para entes os estados, com valores proporcionais ao Piso Nacional de Enfermagem.

Até agora, a PPSA que cuida dessa arrecadação e do repasse a União arrecadou só em 2021, R$ 1,22 bilhão para a União, que o Executivo colocou no caixa sem abrir mão de nenhum real. Nem mesmo com a crise dos combustíveis até julho último.

DIVULGAÇÃO
Plataformas da Petrobras no Pré-sal. - DIVULGAÇÃO

Entretanto, a criatividade dos senadores pressionados por uma melhor avaliação da população depois da estupidez de aprovar uma lei sem qualquer previsão orçamentário para não ter fim.

Por exemplo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), propôs que seja reaberto por 120 dias o prazo para adesão ao Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária que foi aquele programa quer permitiu que pessoas com dinheiro fara do Brasil não declarado à Receita Federal pudesse repatria-los sem pagar multa e apenas o imposto devido.

Em 2016 a Receita Federal arrecadou R$ 50,9 bilhões em impostos e multas. Quando foram regularizados R$ 169,940 bilhões. O número de pessoas físicas que fizeram a declaração chegou a 25 mil e de 103 pessoas jurídicas.

Pacheco que nos seus projeto escreve tão empolado como fala para os jornalistas justifica dizendo que “os recursos advindos do exterior auxiliem nosso país a superar a atual crise, que tanto assola a sociedade brasileira”.

O senador Roberto Rocha (PTB-MA) - que não tem a eloquência de Pacheco - tem outra ideia radical: Quer a instituição do Regime Especial de Atualização Patrimonial (REAP). É para declaração voluntária de bens ou cessões de direitos de origem lícita, referentes a bens móveis ou imóveis, por residentes ou domiciliados no País.

Ou seja, ele pede uma confissão de crimes à Receita Federal de patrimônio ilegal acreditando que a Polícia Federal e a própria Receita federal não vão rastrear esses valores.

Finalmente, o Senador Luis Carlos Heinze (Progressistas RS) em outro projeto quer que os recursos destinados para os estados atenderem a pandemia do covid até dezembro de 2021 (R$ 27,7bilhões) sejam deslocado pata os estados de modo que possam ser transpostos aos estados.

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Movimentação nos hospitais de Covid-19 em Recife (Hospital ALFA) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

Só tem uma problema que Heinze não viu. Os secretários de Fazenda já pediram que esse dinheiro seja gasto (ele já existe no orçamento de 2021 e não foi gasto) este ano para pagar as despesas com a suade que contentaram em 2022. Ou seja, tem gente que pediu primeiro.

De qualquer forma é um esforço para que seja encontrada alguma solução embora pelo prazo e pela própria dificuldade em encontrar recursos que possa ser deslocados para estados, santa casa e até empresas privadas de planos de saúde sobre renúncia fiscal parece claro que esse assunto ficará mesmo para o próximo Governo.

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