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Etanol, gasolina, emprego, IPCA e IPCA-15: economia ajudou, mas Bolsonaro não capitalizou melhoria dos números

Nos dois casos, há perspectiva de que o IPCA de setembro também venha negativo, assim como o próximo IPCA-15

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Fernando Castilho

Publicado em 27/09/2022 às 15:09
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O IBGE divulgou, nesta terça-feira (27), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de setembro, que foi de - 0,37%. Esta foi a segunda deflação consecutiva do IPCA-15, uma vez que, em agosto, o índice ficou em - 0,73%.

No último dia 9 de setembro, o IBGE divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de -0,36% em agosto, segundo mês seguido de deflação.

A queda foi menos intensa do que a registrada em julho (-0,68%), quando a taxa foi a menor desde o início da série histórica da pesquisa, em janeiro de 1980. Nos dois casos, há perspectiva de que o IPCA de setembro também venha negativo, assim como o próximo IPCA-15.

Não são fatos isolados. Em agosto, a taxa de desemprego reduziu em 22 estados no 2º trimestre de 2022, em comparação com o trimestre anterior.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) Trimestral, medida pelo IBGE, a queda na desocupação observada em nível nacional foi de 11,1% para 9,3% no período. Nos outros cinco estados, houve estabilidade.

Tem mais: No dia 1º, a Petrobras reduziu o preço médio de venda de gasolina A da Petrobras para as distribuidoras; passou de R$ 3,53 para R$ 3,28 por litro, uma redução de R$ 0,25 por litro, fechando uma série de aumentos iniciada no dia 17 de junho, após 99 dias de preços congelados.

Além da gasolina, a Petrobras baixou o preço médio de venda de diesel A para as distribuidoras, que passou de R$ 5,19 para R$ 4,89 por litro, uma redução de R$ 0,30 por litro.

Finalmente, a estatal anunciou uma redução de 6% no preço médio de venda do GLP (gás liquefeito de petróleo, o gás de cozinha) para as distribuidoras, de R$ 4,0265/kg para a R$ 3,7842/kg - que passou a valer na última sexta-feira (23).

As consequências dessa série de reduções, no meio de uma campanha eleitoral, deveriam impactar nos índices de aprovação do Governo Bolsonaro que, desde junho, lidera uma campanha contra governadores e até a própria Petrobras para que ela reduzisse seus preços.

Por outro lado, o preço do etanol, atualmente por R$ 3,98 o litro, acumula um recuo de cerca de 48,5% em relação ao patamar médio de R$ 5,77 em dezembro de 2021.

Até porque, graças a uma articulação da base aliada no Congresso, o presidente conseguiu aprovar, em tempo recorde, uma mudança radical do ICMS, que baixou a tributação de energia, combustíveis e telecomunicações de 29% para apenas 17%.

Curiosamente, todos os movimentos de redução de preços iniciados em junho não ajudaram ao presidente, que não conseguiu associar sua atuação na melhoria dos índices da economia brasileira, de modo que apesar todos os reajustes, a imagem que permaneceu foi a de um brutal aumento dos preços dos alimentos, especialmente nos segmento de mais baixa renda.

De fato, com uma taxa média de aumento dos alimentos de 13,43% em 12 meses, e de 10,10% no ano (até agosto), quando o macarrão subiu 20,62%, o feijão subiu 22,67% e a farinha de mandioca 18,99%, não tinha mesmo como a série de reduções de preços nos combustíveis e desemprego serem precedidas com consequência de atitude do Governo Federal.

Até porque, em 12 meses, os preços das carnes de boi, frango e porco subiram mais de 20%.

O problema é que, a despeito de toda a melhoria dos números da economia, inclusive na inflação - que hoje tem perspectiva de fechar 2022 com menos de 6% - nem o presidente nem seus auxiliares procurarem valorizar esse desempenho.

Sua equipe não conseguiu capitalizar nenhum desses números.

E até mesmo quando a Petrobras pôde acelerar suas reduções de preços a partir da queda de preços do petróleo no mercado internacional - devido a uma queda de US$ 21,51 entre junho de setembro, quando os preços baixaram de US$ 117,72 (em 1º de junho) e US$ 96,21 (1º de setembro), o presidente tentou se apropriar dessa queda.

Os números de Bolsonaro nas pesquisas não sofreram qualquer melhoria em função das reduções do mercado, e muito menos foram associadas a qualquer uma de suas articulações junto ao Congresso.

Na verdade, toda melhoria dos números da economia em 2022 e especialmente no terceiro trimestre foram percebidos pela sociedade.

Salvo a imagem de que para tentar ganhar a eleição Bolsonaro aumentou um Auxilio Brasil para R$ 600, mas apenas até dezembro próximo.

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