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ELEIÇÕES 2022: Por que a Bolsa de Valores do Brasil subiu 5,5% depois do primeiro turno

Para o mercado financeiro, mesmo que Lula ganhe, o perfil do novo Congresso vai obrigá-lo a negociar com deputados e senadores

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Fernando Castilho

Publicado em 03/10/2022 às 20:46 | Atualizado em 04/10/2022 às 0:03
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A Bolsa de Valores do Brasil (B3) fechou o pregão desta segunda-feira em 116 mil pontos, crescendo 5.55% em relação à movimentação de sexta-feira, quando encerrou o último pregão de setembro com 105.995 pontos. Foi a maior valorização desde abril de 2020.

E muita gente pergunta: o que a B3 tem a ver com a votação de Jair Bolsonaro e de Lula da Silva? Tudo! Mas os investidores não estiveram prestando atenção apenas nos votos dos dois postulantes. Eles estavam interessados em quem foi eleito para a Câmara e para o Senado.

E como as empresas de investimentos têm muitos analistas políticos, logo eles identificaram uma coisa essencial: com o perfil dos novos deputados muito conservadores, em tese, eles serão muito mais refratários às ideias de Lula em abandonar o teto de gastos e investir mais em programas sociais.

Grosso modo, eles avaliam assim: com essa composição de deputados mais alinhados com direita e pautas conservadoras, mesmo que o Lula seja eleito, ele não vai poder ampliar os gastos como deseja.

Essa nova bancada será muito refratária às pautas do PT e isso é muito bom para a economia.

No fundo, o mercado financeiro quando olhou a composição das bancadas viu que os deputados não estarão dispostos a aprovar sem resistir a todo aquele discurso do candidato Lula da Silva, de que é preciso gastar mais, fazer investimentos públicos e ampliar os programas sociais.

Ele avaliou que se Bolsonaro for eleito, as pautas de gastos sem limite e ampliação de gastos públicos não vai ser prioridade. E que se for Lula, o Congresso vai barrar muita coisa.

Pode parecer estranho que gente que cuida de dinheiro esteja tão interessado no perfil de quem foi eleito. Mas isso é parte de todas as grandes corretoras e gestora de ativos.

No fundo, eles disseram o seguinte: se Bolsonaro foi eleito, não tem problema pois a pauta social e gastos com programas de transferência de renda não faz parte do programa do atual presidente. Mas se for o Lula ele não vai chegar chegando e ampliando os gastos sociais.

Na verdade, seja qual for o resultado em votos, mesmo com vitória de Lula, ele vai ter que conviver com um Congresso muito conservador, que não vai aprovar tudo que ele deseja.

Então, depois de analisarem o perfil dos eleitos, os analistas recomendaram a compra de ações e por isso foi que o índice (o nome é Ibovespa) fechou em 5,54% comparado com o pregão do dia 30 de setembro.

O sócio fundador e gestor da Equitas, Luis Felipe Amaral disse em entrevista à Folha de são Paulo que "Até para se ter governabilidade, é difícil com essa composição do Congresso imaginar um Executivo sem responsabilidade fiscal ou com pautas populistas de esquerda, que é o que mais preocupa o mercado”.

O que os analistas chamam de pautas populistas à esquerda é a série de declarações de Lula de que na presidência vai gastar mais.

Em agosto, Lula prometeu que não haverá mais teto de gastos caso seja eleito e que irá “ampliar o investimento na saúde pública”. Para Lula, “o teto de gastos foi criado para que se evitasse dar aumento na saúde, na educação, no transporte coletivo, na renda das pessoas que trabalham neste país”.

Para os analistas do mercado financeiro, com o novo perfil do Congresso, caso seja eleito Lula ele vai ter que negociar com o Congresso. Especialmente com os deputados dos partidos que foram eleitos com apoio do Bolsonaro.

Por exemplo, no pregão desta segunda-feira as empresas tiveram fortes altas.A empresa Sabesp, que é uma empresa de infraestrutura, viu suas ações subirem 16,94%; seguida das ações da Gol e da Azul, que no próximo governo podem viver um período de maiores negócios com a economia crescendo.

Ou seja: Em caso de uma vitória de Lula, ele vai ter que respeitar as urnas que mostram um conservadorismo muito forte, o que fará o petista se posicionar mais ao centro, reduzindo as promessas radicais durante a campanha.

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