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Desafio de Lula é fechar maior fratura exposta social que Brasil já abriu em 520 anos de sua história

O problema imediato, além do retorno ao mundo e a busca por uma convivência mais civilizada e moderna passa por enorme sacrifícios financeiros

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Publicado em 31/10/2022 às 7:00
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O maior desafio do presidente eleito Lula da Silva, não é tentar organizar um programa de Governo que encaminhe minimamente a questão econômica decorrente de uma aposta do seu opositor em ganhar as eleições literalmente a qualquer custo.

O seu maior desafio é reunir um país que, em apenas quatro anos, cindiu-se numa divisão tão absurda que nem os analistas políticos e sociais conseguem ter uma visão do nível de sua profundidade. Pelo nível de esgarçamento da sociedade que em nome de um posição política passou a tolerar, aceitar e defender valores que a humanidade e a própria sociedade brasileira acreditava que havia superado.

E isso não será uma tarefa fácil porque o próprio resultado das urnas nos encaminha, para um interpretação precipitada, de que o país se dividiu entre dois conceitos radicais onde, não raro, seus defensores não aceitam a existência do outro.

O desafio do presidente é, com humildade, juntar as partes numa costura dorida que precisará mais da habilidade do cirurgião em não causar mais dor do que da disposição do paciente em aceitar que poderá ser curado.

Mas não devemos ter ilusões. O nível de enfrentamento entre nós chegou a tal nível que famílias se dividiram e passaram ver os seus parente, agora em grupos fechado, como inimigos. E como se não precisassem um dos outro para superar suas dificuldades.

Ninguém deve achar que amanhã todos estaremos unidos, felizes e solidários depois que quatro anos onde nos acostumamos com pessoas sem comida, relativizamos a tolerância com armas dentro de casa e deixamos de nos orgulhar nossa liderança internacional na questão do meio ambiente e até fingimos esquecer que por uma gestão deletéria quase nos esquecemos que gastamos 18% de nosso orçamento anual para enfrentar a pandemia que nos legou 700 mil mortos e mais de 3 milhões de sequelados.

Portanto, a tarefa de Lula e da sociedade brasileira não é simples e, ano menos até agora, ele parece ter consciência do enorme desafio que lhe espera.

Felizmente as forças politicas que se organizaram aos seu entorno puderam contar, de imediato, com o apoio do Judiciário expressado pelo TSE e pelo STF, pelo Legislativo pelos presidente da Câmara e do Senado e pelo reconhecimento de nações amigas a começar pelos Estados Unido e França e Argentina, que expressaram sua esperança na volta do parceiro de séculos de cooperação.

Porém não devemos achar que rapidamente os brasileiros que apoiaram Jair Bolsonaro aceitem a oferta de uma volta natural ao convívio e ao respeito as boas práticas civilizadas. Teremos que esperar porque esse é um movimento muito dificil para milhoes deles.

Certamente, a maior parte vai. Eles também estavam cansados desse embate absurdo que em sua maioria nem chegava sob forma de melhoria econômica e social, embora muito tenha se beneficiado desse modelo de sociedade.

Mas haverá sempre a reação dos radicais que alimentados por quatro anos de confronto e sua maioria produzido artificialmente e que se recusarão a voltar a conversar e conviver pacificamente.

Não será fácil para eles entenderem que o motivo do embate como ex-presidente Lula e com PT venceu a eleição com o discurso de esperança. E também será difícil para parte dos vencedores entender que o motivo central da vitória de Lula foi uma opção de retorno ao caminho de uma nação que tem futuro e não o apagamento dos erros do passado. Ninguém precisa aceitar o conceito do outro, mas é importante lembrar que não temos dois Brasis.

O problema imediato, além do retorno a uma melhor convivência com o mundo moderno e a busca por uma convivência mais civilizada e moderna passa por enorme sacrifícios financeiros e de uma ação de resgate dos que ficaram para trás na tragédia da insegurança alimentar.

Também passa por ações de apoio a que se dispõe a gerar emprego e a quem quer uma sociedade menos violenta especialmente na defesa das mulheres e das minorias étnicas, de gênero e até intrarregionais.

Não será fácil - e o presidente eleito não prometeu isso. Mas se é verdade que na empreitada da jornada o passo mais importante é o primeiro, precisamos acreditar que podemos construir um país melhor.

Até porque nos últimos perdemos muito tempo com um debate acessório tão equivocado que nos impediu ver o essencial. Claro que será difícil, nos vamos erra, nos vamos sofrer e vamos, em alguns momentos, até pensar em desistir. Mas precisamos tentar de novo.

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