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ENDIVIDADO - Manutenção de 65 milhões de consumidores no Serasa e SPC Brasil mostra que feirão limpa nome não resolve situação

Apesar das campanhas o numero de endiovidados subiue de 64,81 milhões em agosoto e passou para 68,39 milhões em setembro

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Fernando Castilho

Publicado em 07/11/2022 às 13:25 | Atualizado em 07/11/2022 às 14:34
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Com quase R$ 300 bilhões contabilizados nos birôs e serviços de proteção ao crédito, o endividamento do brasileiro entrou na campanha eleitoral, foi promessa de campanha dos principais candidatos no sentido da criação de um programa que eliminasse a Lista Negra de 70 milhões de CPFs (68,39 milhões segundo dados de setembro) de endividados segundo a Serasa.

Mas o número que, teoricamente, corresponderia a 17,65% de todo o saldo de crédito com recursos livres destinados às famílias, em setembro, quando atingiu R$1,7 trilhão segundo o Banco Central não guarda qualquer relação com a realidade da situação dos devedores perante os seus credores.

Pelo simples fato de ele apenas servir de base para negociações que chegam a descontos de 90% dos juros e multas de modo que a dívida contabilizada com base nos contratos (R$ 4.324,42 por devedor) chega a ser negociada por apenas R$ 705,03 segundo dados de setembro.

Curiosamente, apesar todas as campanhas, feirões e mutirão de renegociação os números vem crescendo. Em janeiro deste ano, o total de pessoas inscritas era de 64,81 milhões. Ele passou para 68,39 milhões em setembro. E isso depois que mais uma dezena de campanhas.

O seja: mesmo que os birôs de recuperação de crédito insistam na oferta de descontos de até 90% das multas e juros, parece claro os clientes não estão mais se interessando em resolver suas pendências e voltar a ter condições de voltar a comprar a crédito.

Esta semana, o Serasa anunciou que 297 empresas estão num mega feirão que também está cheio de ofertas de descontos. Mas sem que isso chegue perto do que nominalmente está registrado com dividas que impedem o acesso ao crédito.

Talvez o problema esteja no "faz de conta" das empresas contabilizarem os valores pelo valor de face (que inclui a aplicação de todas as multas dos contratos) quando, ao menos nos casos dos bancos e administradoras de cartões de crédito) essa dívida (29,45% do total) já nem mais fazer parte de seus balanços.

E ainda que nos casos das dÍvidas identificadas de Utilites que engloba contas de gás, energia elétrica telefone e água também já estarem provisionadas como prejuízo nos balanços.

Parece claro que o consumidor já percebeu que o fato de estar listado por uma dívida no cartão, por exemplo, não o impede continuar cuidando de suas contas. Ele pode usar o nome do cônjuge ou de um parente numa compra maior e acaba se acostumando com a idéia de não poder comprar a prazo preferindo comprar a vista quando consegue o dinheiro.

Esse comportamento de ignorar o fato de estar com o nome sujo vem crescendo. Na verdade o fato de 2,7 milhões de terem renegociado suas dívidas não impediu que o número de 67,98 milhões de endividados em agosto subisse para 68,39 milhões em setembro.

Isso faz com que enquanto as empresas de recuperação de crédito não encontrarem uma fonte de recursos que simplesmente elimine a divida devolvendo ao consumidor a capacidade de crédito as proposta de feirão não deve baixar o número de endividados.

Embora isso possa parecer absurdo a verdade é que a maioria dos devedores em administradoras de cartão de credito simplesmente esqueceu a dívida. Que na verdade não existe mesmo no balanço dos bancos até porque já foram vendidas as empresas de recuperação de crédito por apenas 5% do valor total assumindo a missão de tentar receber o que possível do cliente.

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