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Grupo João Santos produziu o cimento de Itaipu e vendeu o terreno da Jeep, mas vem definhado há quase 10 anos

O Grupo João Santos é dos casos de sucesso e crise da indústria de base brasileira, tendo sido um ator importante como fornecedor de cimento da maioria das grandes obras de infraestrutura do Brasil

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Fernando Castilho

Publicado em 23/12/2022 às 14:30 | Atualizado em 23/12/2022 às 15:17
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O Grupo João Santos é dos casos de sucesso e crise da indústria de base brasileira, tendo sido um ator importante como fornecedor de cimento da maioria das grandes obras de infraestrutura do Brasil nos últimos 70 anos, juntamente com o Votoratim, também fundado por outro pernambucano, José Ermírio de Moraes, aliás, amigo pessoal de João Santos.

A companhia iniciou suas atividades no segmento sucroalcooleiro em 1934, na cidade de Goiana, em Pernambuco, ampliando os segmentos de atuação a partir de 1951, quando João Santos decidiu fundar a fábrica de Cimento Nassau, marca reconhecida nacionalmente.

Como empresa mãe, ela foi a base de mais cinco fábricas que foram incorporadas nos estados de Pará, Bahia, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará e Espírito Santo, um estado em que o grupo entrou em outros negócios.

O grupo adota como marcas o prefixo ITA para denominar suas empresas.

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O sucesso do Cimento Nassau o levou além da cana-de-açúcar, à atuação em áreas como celulose, agronegócios, comunicação e serviços como taxi aéreo (Weston, a primeira no Nordeste) e logística. João Santos e José Ermírio de Moraes foram personagens importantes da construção da usina de Itaipu.

A convite do presidente da empresa, outro pernambucano, o coronel Costa Cavalcanti, que fora interventor no estado, eles montaram dois clínquer - o principal componente presente na composição do cimento - em Foz do Iguaçu, onde produziram todo o cimento usado na usina binacional.

ZIG KOCH/ANA
Usina Hidrelétrica Binacional de Itaipu, no Paraná - ZIG KOCH/ANA

Curiosamente, depois da obra o Votorantim ampliou seus negócios no setor no Sul e Sudeste, e o João Santos, no Norte de Nordeste.

O Grupo João Santos seria personagem importante em Pernambuco. Na definição da área onde hoje está a planta do complexo Jeep, da Stellantis.

Inicialmente, ela estava projetada para ser no município do Cabo, junto ao Porto de Suape. A planta ainda estava como unidade da Fiat, mas o então governador Eduardo Campos negociou com o Grupo João Santos a cessão de uma área de 1.600 hectares nas margens da BR 101, pertencente a uma coligada da empresa, a Usina Santa Tereza.

A negociação não envolveu pagamento em dinheiro, mas a entrega de 6.200 hectares em terras vizinhas que o Governo de Pernambuco adquiriu de vários fornecedores de cana, seja pagando as terras ou quitando débitos com a Fazenda estadual.

O Grupo João Santos começou a perder competitividade com a entrada de novos atores no setor, que tem custos menores e margens melhores, alguns deles com capital nacional de porte e outros, internacionais.

Os quatro produtores de cimento do início dos anos 80, quando o João Santos era vice-líder, com 11 fábricas, se tornaram em mais de 50 redistribuindo o mercado.

Liderado pelos irmãos Fernando e José Santos, que foram afastados da gestão das empresas pelos outros quatro irmãos - que são hoje os controladores da companhia -, o grupo começou a viver uma série de crises até o fechamento de várias unidades.

O grupo contratou dois gestores e um pacote de auditorias sobre as empresas cujos números iniciais permitiram o pedido e a aprovação da Recuperação Judicial pelo juiz Marcus Vinicius Barbosa de Alencar Luz.

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Fábrica da Jeep em Goiana-PE - DIVULGAÇÃO

Em agosto, uma assembleia geral entre os acionistas destituiu os irmãos Fernando e José Santos do comando da companhia. Os dois lutam para retomar o controle numa ação judicial.

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