CSN desiste de trecho da Transnordestina e Bemisa fará Transertaneja, ligação de mina de minério de ferro com Suape
Mineradora Bemisa quer construir uma ferrovia para substituir o que seria a Transnordestina no trecho pernambucano com 717 km.
Agora é oficial: a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), liderada pelo empresário Benjamin Steinbruck e controladora da Transnordestina S.A (TLSA) optou por executar apenas o trecho que ligará o Piauí até o porto cearense de Pecém, prevendo concluir a obra no prazo de sete anos.
Com isso, a opção para o Porto de Suape passa ser da Brasil Exploração Mineral (Bemisa), que se ofereceu para entrar no lo empreendimento como parte de um projeto integrado maior, que inclui ainda uma mina de minério de ferro no Piauí, que pertence ao mesmo grupo empresarial.
A proposta da Bemisa é construir uma ferrovia para substituir o que seria a Transnordestina no trecho pernambucano, com 717 km. Os três projetos somam mais de R$ 10 bilhões em investimentos, sendo cerca de R$ 5,7 bilhões referente apenas à parte ferroviária.
O jornalista Egidio Serpa (do Diario do Nordeste), que conversou com a diretoria da TLSA, revelou em sua Coluna da edição desta quinta-feira (29) que, para tirar Suape do caminho dos seus trilhos, a Transnordestina Logística S.A celebrou com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) um novo aditivo contratual, em que desiste do trecho Salgueiro-Suape.
Como consequência do aditivo, a Ferrovia Transnordestina reduzirá sua extensão, que era de 1.700 Km, para 1.200 km. Ou seja, ela sairá de Elizeu Martins, no Piauí, e chegará Pecém, passando por Salgueiro (PE), extinguindo o segundo trecho de 500 Km entre Salgueiro e Suape.
A companhia de Benjamin Steinbruck avaliou que seria inviável, do ponto de vista econômico e financeiro, a construção e a operação do ramal pernambucano da ferrovia. Como a Agência já tem uma proposta formal do Grupo Bemisa, aceitou o aditivo que permitirá o destravamento das obras, iniciadas em 2006.
A mobilização do Governo de Pernambuco começou depois que o governador Paulo Câmara se reuniu com a bancada federal do Estado, além do setor empresarial, em torno de uma alternativa para a ligação ferroviária entre o Piauí e o Porto de Suape.
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que comandava a pasta, assinou a autorização para que a mineradora Bemisa construa e explore uma ferrovia de 717 quilômetros conectando Curral Novo, no Piauí, ao Porto de Suape, na Região Metropolitana do Recife.
INVESTIMENTO DE GRANDE PORTE
O investimento previsto no projeto é de R$ 5,7 bilhões, com a expectativa de gerar milhares de empregos para os pernambucanos.
O Grupo Bemisa, um dos maiores do País no ramo de exploração e exportação de minérios, é o investidor privado captado pelo Governo de Pernambuco, em 2019, para escoar o minério por Suape.
A empresa, com sede em Minas Gerais, formalizou o interesse em viabilizar a ferrovia ao Minfra no dia 2 de setembro deste ano.
O trecho vem enfrentando problemas desde o início, devido à pressão das lideranças empresais do Ceará com acesso à CSN.
Mas, além disso, o próprio grupo teve problemas na execução da obra, então sob responsabilidade da Construtora Norberto Odebrecht. Em 2017, o projeto foi proibido de receber repasses de recursos públicos para o projeto da Transnordestina, de acordo com decisão tomada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Segundo a TLSA, já estão concluídos 55% da obra. E o grupo CSN prevê a conclusão de 815 km até 2024, dos quais 215 km somente este ano.
O Grupo CSN, liderado por Benjamin Steinbruck, decidiu privilegiar o trecho de Elizeu Martins a Pecém, porque ele é muito bom para a economia do Ceará.
O próprio foco da CSN mudou, pois ela tem planos de implantar não apenas um grande, moderno e sofisticado Centro de Recebimento e Distribuição de cargas sólidas e líquidas. Para isto, tem projeto de construção, inclusive, de um Terminal de Múltiplo Uso (TMUT) no porto do Pecém, em parceria com a CIPP S/A - a empresa que administra o seu Complexo Industrial e Portuário, da qual é sócia, com 30% do seu capital, a Autoridade do Porto de Roterdã.
Para Pernambuco, a construção da nova ferrovia entre o Piauí e Pernambuco como uma alternativa à Transnordestina, iniciada em 2006, resolve um impasse por força de sucessivos atrasos na obra, a cargo da TLSA, empresa responsável pela concessão do serviço.
Além disso, ainda em outubro, o Governo de Pernambuco anunciou a retomada da autonomia do Porto de Suape após publicação no Diário Oficial da União (DOU), assinada pelo Ministério da Infraestrutura.
No documento, estão definidas as atribuições delegadas ao Estado de Pernambuco e o que cabe ao governo federal.
Com a mudança, a política portuária do País e o planejamento do setor ficam a cargo do governo federal, enquanto a operação de cais e píeres, além de contratos de arrendamentos e estabelecimento de tarifas, volta para a gestão da Autoridade Portuária.
Na operação da ferrovia, a Bemisa exercerá o direito de passagem entre Eliseu Martins e Salgueiro, onde começará o que o Governo de Pernambuco chama de Transertaneja.
BRASÍLIA Ministros da Infraestrutura, Tarcísio Freitas; do Turismo, Gilson Machado Neto; e o governador Paulo Câmara (PSB) participaram do evento - FOTO: DIVULGAÇÃO/ GOVERNO DO ESTADO
Por sua vez, a mineradora Brasil Exploração Mineral (Bemisa) deu início ao processo para investir um total de R$ 10 bilhões (US$ 1,85 bilhão) em uma mina de minério de ferro com uma ferrovia nos estados do Piauí e Pernambuco e um terminal portuário na ilha de Cocaia em Suape.
FERROVIAS CONECTADAS
A proposta é conectar sua mina de minério de ferro no Piauí ao Porto de Suape, em Pernambuco, permitindo que a Bemisa exporte o minério de ferro que produz em Curral Novo, onde tem um depósito estimado em 800 Mt (milhões de toneladas) de minério, acrescentou o porta-voz.
A empresa assinou um acordo com o governo de Pernambuco para construir um terminal de granéis sólidos no complexo industrial portuário de Suape, sob um contrato de arrendamento de 30 anos no valor de R$ 184 milhões.