Presidente Lula insiste em brigar com o mercado e estatais já pagam a conta
O problema de Lula é que ela radicalizou com alguns temas que mais atrapalhe o próprio Governo quando reafirma seus posicionamentos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cristalizou algumas opiniões ao longo de sua carreira política de sucesso e, certamente, não vai ser agora, aos 77 anos, que vai mudar, rever ou absorver conceitos que ao longo da vida entendeu como o certo.
Por exemplo: privatização. O presidente acha que o Estado tem que estar presente na Economia. Liderar alguns setores e que o lucro dessas empresas - quando bem administradas - ser revertido para a sociedade.
Nada mais justo. Embora no seu Governo, no de Dilma Rousseff e de Jair Bolsonaro, os dividendos tenham entrado mesmo na Conta Única da União. Na verdade, na última vez que o Governo entendeu de distribuir dividendos diretamente (Governo Dilma) quase desmontou o setor elétrico e o consumidor até hoje paga a conta. No governo liberal de Bolsonaro, Paulo Guedes disse: Nem pensar.
O presidente revogou os processos de privatização da Petrobras, Correios, Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), Dataprev, Serpro e da Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep).
Novidade zero, pelo que na campanha eleitoral tinha afirmado. Até porque ninguém no mercado achava que a União iria privatizar Petrobras, Correios, Nuclep e especialmente a Pré-Sal Petróleo S.A., que foi criada para receber os bônus do Pré-Sal. E, de fato, não faz o menor sentido vender uma empresa criada para receber dividendo. Uma dessas estultices de Paulo Guedes.
O problema de Lula é que ela radicaliza com alguns temas que mais atrapalham o governo que reafirmam seus posicionamentos. O caso do teto de gastos é uma dessas “Teimas do Lula”.
No discurso de posse, ele disse que Jair Bolsonaro destruiu as estatais. E que o teto de gastos era um estupidez. Exagero grande. Nem uma coisa, nem outra. Foi por força da Lei das Estatais, do Governo Michel Temer, que todas as estatais federais melhoram muito a governança. A Petrobrás, aliás, é o benchmarking no setor público internacional, exatamente, por essa lei.
E no caso do teto de gastos, ele sabe que no seu novo Governo vai ter que ter um padrão mínimo para economizar o dinheiro do contribuinte. Porque sem isso, o próprio ministério vira “banda voou”. Alias, nos seus dois governos anteriores houve superávit. Porque ele controlou os gastos. Mas ele encasquetou com o termo.
O que, aparentemente, Lula não entendeu é que o mercado da Bolsa no Brasil, que agora se chama B3, é que o mundo mudou radicalmente em 12 anos quando esteve fora do governo. E parece que esqueceu que o dinheiro que está aplicado na B3 e nos fundos de investimentos brasileiros é essencialmente de brasileiros.
Ou seja, quando ele diz que o teto de gastos é uma estupidez, quem está perdendo dinheiro é o investidor brasileiro e o próprio Governo Federal que vai se financiar com ele.
Outra coisa. Foi ele mesmo, a pedido de Henrique Meirelles, em 2024, quem deu “uma geral” na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) implantando lá um novo padrão de fiscalização das empresas brasileiras à imagem e semelhança da SEC (Securities and Exchange Commission) dos Estados Unidos. Então, como é que agora ele passa a brigar com uma coisa que ele mesmo ajudou a melhorar?
Desse modo ele assusta o mercado, mas termina mesmo é complicando a vida de seus ministros.
Nesta segunda feira(2), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad fez um discurso onde passou os quase 30 minutos escolhendo palavras que ajudassem obter um crédito de confiança as governo Lula para enfrentar o rombo das contas públicas e garantir um crescimento do País mais inclusivo.
Só que ninguém acredita numa palavra de Haddad. E não é porque ele seja ministro da Fazenda - que o mercado não escolheria. É porque Lula já deu sinais de que vai ouvir os velhinhos “radicais” da área econômica do PT que entendem que Governo não quebra e que tem gastar com as pautas sociais.
Bom. O mundo mudou, a riqueza de hoje está espalhada em fundos, em fundos de famílias muito ricas, em instituições de previdência e é dos cidadãos. Quando o presidente fala e a Bolsa cai, quem perdeu foi o investidor brasileiro que apostou nela.
Não faz sentido o presidente ficar guerreando com a questão do teto de gastos. Não precisa disso. Não é assim que a banda toca hoje. O "sintetizador de sons" do mercado cobra caro do próprio Governo impondo taxas mais altas.
Lula parece que se esqueceu que, de segunda à sexta, o Governo, através da Secretaria do Tesouro Nacional abre a mesa do mercado financeiro dizendo que precisa de alguns bilhões e pede ofertas.
Quando o presidente briga com os agentes econômicos, os bancos sobem essa taxa. E como o Governo não pode deixar de rolar a dívida, tem que pagar a taxa mais alta e em prazos menores.
A sabedoria popular diz que “Não existe brabo liso”. E o Governo (como todos no mundo) é liso no curto prazo. Precisa precisa rolar a dívida todo dia.
Mas vai tentar convencer Lula disso?!