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Posicionamento dos maiores acionistas da Americanas pode ter chegado tarde demais para salvar empresa

Lemann, Telles e Sicupira afirmam seu empenho em trabalhar pela recuperação da empresa, com a maior brevidade possível, focados em garantir um futuro promissor para a empresa

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JC

Publicado em 23/01/2023 às 8:00 | Atualizado em 23/01/2023 às 8:33
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Conhecidos por sua habilidade nos negócios e aproveitamento de oportunidades e de situações de vantagem, os três maiores acionistas da Americanas os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Sicupira, sócios do 3G Capital levaram 10 dias para se pronunciar sobre o caso.

Eles afirmaram numa nota que "jamais" tiveram conhecimento e que nunca admitiriam "quaisquer manobras ou dissimulações contábeis" na empresa es Americanas passam por auditorias regulares da PwC (PricewaterhouseCoopers), e que nem elas nem os bancos "jamais denunciaram qualquer irregularidade" nas contas da companhia.

Pode ser. Mas a carta de oito pontos pode ter chegado tarde demais de modo que uma saída da empresa da condição de Recuperação Judicial pode não ser suficiente para salvar a quase centenária empresa.

Em dez dias a empresa que Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Sicupira compraram, drigiram e se tornaram os maiores acionistas por décadas deve suas ações desvalorizadas em quase 1000% e passaram de R$ 12,01 no dia em que o seu CEO Sérgio Rial renunciou para R$ 0,71,na última sexta feira, chegando a um valor de mercado de R$ 1,1 bilhão.

 

Jorge Paulo Lemann (C), Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles têm 31% do capital da empresa - DIVULGAÇÃO

 

Na carta, Lemann, Telles e Sicupira afirma que jamais tiveram.conhecimento e nunca admitiríamos quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia. nos últimos 20 anos foi administrada por executivos considerados qualificados e de reputação ilibada. E que ela era auditada por uma das maiores e mais conceituadas empresas de auditoria independente do mundo, a PwC.

Ele afirmam que empenho em trabalhar pela recuperação da empresa, com a maior brevidade possível, focados em garantir um futuro promissor para a empresa, seus milhares de empregados, parceiros e investidores e em chegar a um bom entendimento com os credores, mas não avançam nenhum posição sobre como pretendem atuar no processo de RJ.

No pedido de Recuperação Judicial, assinado pelos prestigiados escritórios de direito, liderados pelos advogados Ana Tereza Basilio e Paulo Cesar Salomão Filho entregue nesta quinta-feira na 4ª Vara Empresarial da Comarca do Rio de Janeiro, uma coisa chama a atenção, além do arrazoado sobre o comportamento do credores bancários e gerar mais de 100 mil empregos diretos e indiretos: a ausência de informações sobre a determinação dos acionistas controladores de aportar capital como gesto de se comprometer com o projeto de salvação da companhia.

Isso cria uma situação de insegurança sobre qual quer o seu comportamento daqui para frente.l

No e-commerce o estrago já é visível. Ela tinha quase 140 milhões de acesos/mês com sua marca e mais as das suas controladas Submarino e Shoptime, Mas em apenas uma semana essa audiência migrou para os concorrentes devendo, segundo analistas, ser rapidamente fatiado com o Mercado Livre, Amazon Brasil, Shopee e Magazine Luiza.

Esse comportamento independe da briga dos bancos com seus acionistas ou falta de um compromisso firme dos principais acionistas da empresa sobre o futuro da companhia. Como eles demoraram muito para se pronunciar isso inviabilizou a permanência dos três sites no mercado de comercio eletrônico.

Os três sócios do 3G Capital afirmam que assim como todos os demais acionistas, credores, clientes e empregados da companhia, acreditávamos firmemente que tudo estava absolutamente correto. E que o comitê independente da companhia terá todas as condições de apurar os fatos que redundaram nas inconsistências contábeis, bem como de avaliar a eventual quebra de simetria no diálogo entre os auditores e as instituições financeiras.

Mas o máximo que afirmam é o “compromisso de integral transparência e de total colaboração em tudo que estiver ao nosso alcance para esclarecer todos os fatos e suas circunstâncias.” Isso talvez não seja suficiente para salvar a empresa.

A publicação do aceite do pedido de Recuperação Judicial pela justiça carioca na última quinta-feira, determina que a partir desta segunda-feira (23) ela seja fechada. Na última sexta-feira a empresa solicitou o prazo de 48 horas para apresentar a relação dos cerca de 16,3 mil credores. O prazo terminaria termina no fim desta semana e a lista completa é esperada para ser divulgada nesta segunda-feira.

Com dívidas de R$ 43 bilhões e dificuldades no e-commerce a empresa tera que apostar muito nas lojas físicas. Isso também pode levar a que ela se desfaça de outros negócios consolidados nos dois últimos anos, entre eles a rede Hortifruti Natural da Terra (79 lojas), além da criação da VEM Conveniência, joint venture com a Vibra (antiga BR Distribuidora), para unir BR Mania, rede de lojas de conveniência franqueadas em postos BR e rede Local, operada pela Americanas S.A.

No pedido de Recuperação Judicial, a empresa informou a instalação do Comitê Independente, liderado pelo jurista e ex-diretor da CVM, Otávio Yazbek, e a contratação da Rochschild. Ainda mencionou a nomeação da executiva Camille Loyo Faria para o cargo de nova diretora financeira (CFO).

Mas os credores continuam exigindo mais ação do três grande líderes da Americanas. O principal deles é uma capitalização imediata por seus controladores (Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira).

Eles propuseram aos bancos credores uma injeção de R$ 6 bilhões por seus acionistas de referência, acompanhada de uma conversão de dívidas em ações. Os bancos credores resistem a ideia de se tornarem sócios de uma empresas que depois um fato relevante que tornou públicas inconsistências de R$ 20 bilhões no balanço e que na RJ comunicou uma dívida de R$ 43 bilhões.

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