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Mercado continua desconfiando do que vai ser a economia no Governo Lula

Nesta segunda-feira (30), a expectativa de inflação subiu para 5,74%. Faz quase dois meses que o mercado vê a proposta da meta de inflação mais distante

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Fernando Castilho

Publicado em 30/01/2023 às 12:40 | Atualizado em 30/01/2023 às 15:19
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Inflação em alta e crescimento sem mudança de menos de 1% (0,80%) em 2023. Notícia boa somente em relação à cotação do dólar, que ficou em R$ 5,24.

Um mês depois da posse de Lula e da nova equipe econômica, o mercado ainda olha atravessado para o governo sem ter qualquer ideia mais precisa do que vão ser esses quatro anos.

Na primeira semana do Lula 3.0, a expectativa de inflação era de 5,31% no final do ano. Nesta segunda-feira, subiu para 5,74%. Faz quase dois meses que o mercado vê a proposta da meta de inflação mais distante.

O governo começou sem muita informação do caminho por onde ia, até porque a equipe econômica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vem sendo montada a conta-gotas.

Verdade que precisa ser dita. Um mês depois da posse, o Governo ainda não se instalou completamente. Se bem que há quatro anos, Jair Bolsonaro levou seis meses com Paulo Guedes tentando organizar o seu super-ministério.

Mas a tendência do IPCA em 12 meses é de alta com o índice (IPCA) dos produtos administrado chegando a 8%, o que inclui a alta dos combustíveis.

A novidade do Boletim Focus do BC é a expectativa da reunião do Copom, que acontecem nos mesmos dias da reunião do FED, tornando a reunião do dia 1ª de fevereiro uma espécie de super-quarta.

Entretanto, ninguém acha que o BC vai reduzir a Selic até junho. A estimativa dos analistas é que, se acontecer algum fato novo, será no segundo semestre, quando ela poderia cair para 12,50%. Então a expectativa é que ela permaneça em 13,75%.

O que significa que, no mundo real, as taxas vão continuar muito altas, como revelou o próprio BC no Boletim de Estatísticas de Crédito, onde estão as taxas de 35,5% paga pelas empresas no crédito rotativo e 320 no cartão de crédito.

E com um cenário ainda mais difícil para a pessoa física, que hoje, na média, paga 182,4% ao ano no credito parcelado, 28,7% para financiar o carro e morrer em 409,# se precisar rolar a fatura do carão de crédito.

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Taxa Selix Brasil - DIVULGAÇÃO

No quadro geral, todas essas taxas fizeram com que em 2022 o volume de crédito do SFN alcançou R$ 5,3 trilhões em 2022, aumento de 14,0% no ano, desacelerando ante a variação de 16,3% no ano anterior. 

Em 2022, o crédito livre para pessoas jurídicas alcançou R$ 1,4 trilhão, mesmo tendo uma expansão de 9,9% no ano, caiu sobre 2021 quando cresceu 17, 4%.

Não era para isso estar acontecendo.

Começo de governo é temporada de esperança e tradicionalmente os juros futuro baixam. Mas no primeiro mês do governo Lula, a piora observada nas taxas se deu, de maneira mais acentuada, em períodos mais longos, num movimento que ganha força nos últimos dias.

Na semana passada, por exemplo, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 subiu de 13,505% do ajuste anterior para 13,565%; a do DI para janeiro de 2025 avançou de 12,77% para 12,845%; a do DI para janeiro de 2026 passou de 12,75% para 12,83%; e a do DI para janeiro de 2027 saltou de 12,805% para 12,905%.

Isso é muito ruim,  porque 22,07% da nossa Dívida Pública Federal vence em 12 meses e 19,34%, em dois anos. E o Brasil só consegue vender apenas 23,29% de seus títulos com mais de cinco anos.

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